sábado, 18 de fevereiro de 2012

Glamourous - Capítulo 1 - I Have a Dream!

Anúncio na TV


 *Hoje, na capital da moda, a magnífica Milão, acontece à abertura da grande temporada de moda da Europa...*

Meus olhos brilhavam ao ver aquelas modelos incríveis em cima da passarela, meu sonho sempre foi esse, ser modelo, ter a vida luxuosa delas, conhecer pessoas incríveis, ganhar muito dinheiro, ser mundialmente famosa, tudo aquilo me fascinava. Apesar desse ser meu maior sonho eu nunca consegui realizá-lo, minha família é muito humilde e eu sempre tive que trabalhar duro para ajudá-los. Meus pais bem que tentaram, mas sempre o que eu ouvi foi não, não e mais não! Você esta gorda demais, você é baixa demais, você é feia demais, que raiva eu tinha daquilo, era por esse e por outros motivos que a cada dia que passava meu sonho ficava mais distante, às vezes eu ficava sonhando acordada, me imaginando em cima da passarela, mas a realidade logo reaparecia me fazendo despertar. Eu estava sentada no chão da sala, quase babando no comercial de TV.



__ Annie o que você esta fazendo? – minha mãe entrou na sala me despertando do transe. – De novo olhando pra esses comerciais, filha você já tentou tantas vezes, mas isso não é pra pessoas humildes como nós, só gente rica consegue. – ouvir aquilo da minha mãe me doía mais, ainda mas porque era verdade.



__ Mãe eu não vou desistir, alguma coisa me diz que eu estou perto de realizar meu sonho. – minha mãe balançava a cabeça negativamente.



__ Só não quero que você sofra mais filha. – ela desligou a TV, me deu um abraço apertado e voltou para a cozinha. Eu sabia que ela só queria meu bem, mas eu não iria desistir, eu era persistente, forte, nunca deixei de acreditar em mim, apenas ficava cansada às vezes de tanto sonhar, mas sempre recuperava as forças para lutar. Fui para meu quarto, precisava me trocar para ir ao trabalho. Eu trabalhava no shopping da cidade, o que eu fazia? Era vendedora de cosméticos em uma loja muito chique. Apesar de ser super chique a loja, meu salário não era grande coisa, mas conseguia ajudar minha familia. Parei em frente ao espelho e fiquei me analisando por um tempo, o que eu tinha de errado? Todos sempre me disseram que eu era linda. Era bem alta, tinha 1,78 de altura, meus cabelos eram castanho claros, puxado pra um loiro escuro e iam ate um pouco abaixo dos ombros, seu corte era repicado. Meus olhos eram tão azuis, que pareciam de boneca, tinha o nariz bem fino, minha boca era bem carnuda, mas não uma Angelina Jolie. Minha pele era super bem cuidada, talvez pelo lugar em que trabalhava. Meu corpo, era de modelo mesmo, era magrinha, pernas longas, a única diferença é que tinha um pouco mais de curvas do que as típicas modelos anorexias, talvez fosse isso. Mesmo assim, que raiva daqueles críticos que se acham os sabidos, era por isso que não desistia do meu sonho, queria provar pra eles e pra todos que conseguiria alcançar meu sonho. Terminei de me arrumar, me despedi de minha mãe, e fui trabalhar, eu tinha que pegar três ônibus e um metrô ate chegar no shopping. Fui o caminho inteiro com uma sensação diferente, nunca tinha estado tão eufórica pra ir trabalhar.


 
Em Milão...



__ Eu não quero saber Bill, são as regras, você sabe muito bem que é isso que esta escrito em seu contrato, se não quer perder seu emprego e milhões de euros, é bom que aceite dar a maldita entrevista! – eu juro que se pudesse dava um soco no meio daquela cara gorda dele, que droga!! Não queria chegar perto dele por mais nenhum minuto. – Você me escutou? – ele bateu a mão fechada na mesa com força.



__ Escutei! – respondi me dando por vencido, mas juro que se pudesse lhe meteria um soco no meia da fuça, já estava cheio de tantas regras.



__ Ótimo, então vai pro camarim provar as roupas que ira usar hoje! – permaneci sentado, não tinha a mínima vontade de desfilar, na verdade queria poder sair por ai, andar pela rua sem tumultos, que saudade tinha de poder fazer coisas que pessoas normais fazem. – VAI LOGO! – meu olhar era de desprezo pra ele, me levantei, ajeitei minhas roupas e sai de sua sala, eu odiava sua sala, ela tinha cheiro de torradas queimadas, e a decoração era horrível. Logo que sai, Jennifer pulou em meu colo, me fazendo bater a cabeça na parede. Ela prensou suas pernas em minha cintura e sugava meu pescoço com força, eu não estava nem um pouco à vontade com aquilo, eu e Jennifer ficávamos, mas não era nada muito serio.



__ Sai Jennifer. – a desci do meu colo, ela me olhou com raiva.



__ O que foi em Bill? Que bicho te mordeu hoje? – tinha que confessar que sua voz me irritava um pouco, era enjoada.



__ Nada Jennifer, só que eu tenho um monte de roupa pra provar, acabei de tomar uma bronca do Pepe, e não to de bom humor, só isso então dá pra dar um tempo? – Jennifer era uma menina linda tinha que admitir, cabelos castanhos longos e ondulados, olhos verdes, boca bem desenhada, pele de bebe, corpo magro e curvilíneo, deixaria qualquer homem louco, mas ela era a típica garota mimada e enjoada, tudo tem que ser do jeito dela, e ela nunca cede. Ela me fuzilava com o olhar.



__ Okay Bill, mas não venha me procurar depois. – ela se virou tacando o cabelo na minha cara. Hunf, eu nunca a procurava, só quando estava carente. Respirei fundo, e rumei pro camarim, provavelmente estaria cheio dos mesmos garotos chatos e convencidos, havia algumas exceções, mas eram poucas. Tinha que torcer pra pelo menos ele, já ter provado suas roupas e sumido dali, já teria que agüentá-lo nas entrevistas, no camarim também, era demais pra mim.


 
Em Florença...



__ Tenha uma boa tarde Senhora! – exclamei entregando as compras de uma senhora muito rica que sempre comprava conosco, sempre cheia de brilhantes no pescoço, eram tão brilhantes que chegavam a me cegar. Olhei no relógio e eram 3:30, ótimo! Minha hora do lanche, peguei minha bolsa, e me despedi de Lara, minha companheira na loja. Fui ate o café Cool Pomeriggio, era muito gostoso, um lugar calmo e que servia uma comida ótima. Me sentei em uma das mesinhas em frente a porta, gostava de olhar as pessoas que passavam pelo shopping, todas tão ocupadas. Pedi meu habitual capuccino e um pedaço de Tortéi. Comia com calma, sem pensar em muita coisa, apenas que assim que chegasse em casa teria que enfrentar um louça enorme. Dirigi meu olhar a mesa da frente, e vi que a mulher que estava sentada nela me olhava com atenção, desviei o olhar pro meu prato. Levantei os olhos pra ver se ela ainda me olhava, e sim, ela ainda olhava pra mim. O que eu fiz dessa fez? Pensei comigo mesma, a mulher não aparentava mais que trinta anos, era loira e seus cabelos iam ate o ombro, bem lisos, tinha olhos castanhos grandes e expressivos. Ela não me era estranha, sabia que a conhecia de algum lugar, só não me lembrava da onde, eu e minha cabeça esquecida. Ela se levantou, como era chique. Meu Deus ela estava vindo na minha direção, ou eu tinha feito algo grave e não sabia, ou ela era lésbica, que pensamento idiota o meu, talvez ela só quisesse uma informação algo assim.



__ Olá, será que posso me sentar? – ela falou educadamente, ta legal agora me assustei.



__ Claro. – respondi um pouco receosa, mas não ia dizer que não né.



__ Muito Prazer, eu sou Maria Pazzari. – Caramba! Como eu fui me esquecer de Maria Pazzari, ela era uma das melhores agentes de modelos do país, a mais famosa também. Eu engoli em seco. Estava estática ainda quando percebi que ela estava com a mão estendida pra mim, ótimos jeito de começar, pensei comigo mesma. Lhe apertei a mão, ela sorriu. – e você como se chama? – parabéns, mais um fora pra mim.



__ Ah claro, eu me chamo Annie Totizzi, é um prazer imenso lhe conhecer. – okay, agora eu parecia uma daquelas tietes doidas.



__ Belo nome Annie. – sorri meio encabulada, eu recebi um elogio de Maria Pazzari, acho que estava suando, sim, eu estava suando. - Você deve estar se perguntando o que eu estou fazendo aqui não é?  na verdade era sim , fiz que sim com a cabeça. – Já pensou em ser modelo Annie? – meu coração foi da boca, deu um looping, e depois voltou, eu comecei a tremer feito vara verde.



__ É meu maior sonho, desde pequenininha que eu sonho em ser modelo. – já vi que ia estragar tudo, ia começar a falar igual uma tagarela e ela provavelmente sairia correndo e chamaria o hospício pra mim, me calei ao ver seu olhar de surpresa, ou de medo.



__ Pois hoje pode ser seu dia de sorte. – ela abriu um sorriso satisfeito pra mim, ain minha nossa, o que ela queria dizer com aquilo exatamente?



__ Como assim? – perguntei já quase dando a luz a um herdeiro.



__ Annie, uma das modelos de minha agencia, engravidou, e eu não sei se você sabe mas a temporada de moda da Europa começa hoje em Milão, inclusive eu tinha que estar lá, mas estou aqui, desesperada a procura de uma modelo para ficar no lugar dessa que engravidou. – eu devia estar sonhando, só faltava ela dizer que queria que eu substituísse a modelo que engravidou. – e quando eu vi você entrar por aquela porta, percebi que não precisava procurar mais, você tem o perfil pra modelo que eu preciso, é linda, tem um corpo perfeito e uma beleza exótica. E pelo o que você me disse esse é seu sonho não é? Então aceita fechar contrato com a minha agencia e se tornar uma modelo mundialmente famosa? – realmente eu estava sonhando, não podia ser verdade, era impossível. Caramba não era não, ela estava ali na minha frente, me convidando a entrar pra sua agencia e me tornar mundialmente famosa e eu ali, com cara de tonta. – Annie, é uma oportunidade bem rara de acontecer, não é sempre que eu estou em Florença, e então?



__ É claro que eu aceito, é meu sonho, ain meu Deus eu não to acreditando. – ela sorria contente pra mim. – eu vou fazer parte da sua grande equipe de modelos?



__ Exatamente.



__ AAAAAAA! – ela se assustou com meu grito, não só ela como todos que estavam ali. – me desculpe, foi a emoção do momento.



__ Primeira grande regra do mundo da moda, nunca fazer escândalos públicos. – eu sorri timidamente. – mas eu suponho que tenha que falar com seus pais não é? – meus pais, ain não tinha pensado nisso, mas eles teriam que concordar, era meu sonho, o sonho pelo qual sempre tinha batalhado. – eu vou com você ate sua casa e falo pessoalmente com eles, enquanto você faz suas malas. – fiz que sim com a cabeça. – okay, vamos então? – nos levantamos e fomos para minha casa, tinha que confessar que estava com medo, e seu meus pais não aceitassem, como seria? Será que realmente meu sonho se tornaria real?





Em Milão...



__ Você é louco mesmo Tom, sabia que alguém podia chegar aqui? – Camile era tão preocupadinha, esse era o problema dela, só esse, porque de resto ela era ótima! Saímos de dentro do camarim ajeitando nossas roupas.



__ Fala isso, mas bem que você gostou né? – eu a prensei na parede, e beijava seu pescoço a fazendo suspirar.



__ Chega ta Tom, se o Pepe chega aqui à gente ta fora do desfile, da agencia, fora do mundo da moda. – sai de perto dela, revirando os olhos, ela era muito melhor de boca calada, ou com a boca em outro lugar. – alem do mais, eu to atrasada pro ensaio da passarela.



__ Pode ir, nada te impede. – falei calmamente encostado no outro lado da parede, ela se virou pra sair, mas a puxei pelo braço e lhe dei um beijo forçado, ela ficava molinha molinha quando eu a beijava, ela se soltou. – agora você pode ir. – ela me fuzilou com o olhar e saiu, eu fiquei rindo sozinho.



__ Tom!! – Georg apareceu, com um lado do cabelo feito chapinha e o outro não, eu não sabia se ria, ou se fugia de medo da criatura. – aonde é que você tava, não apareceu na prova de roupas nem no ensaio do desfile, ta perdendo amor ao dinheiro? – ele também era preocupado demais.



__ Tava fazendo coisa melhor Georg, muito melhor. – falei com um sorriso malicioso. – E você, vai estrear um penteado novo é? Não vai fazer muito sucesso. – ele me deu um tapa no braço.



__ Engraçadinho, enquanto você ta ai transando em camarins, eu fico te acobertando, não sei se você sabe mas é o Pe...



__ O Pepe que ta no comando, eu já sei ta, parece ate minha mãe, fica tranqüilo, eu me viro, agora vamos, é melhor você terminar de alisar esse seu cabelo ruim antes que o Pepe te veja assim, e te deixe careca. – sai rindo de lá com ele em meu encalço, é seria um longo dia!





Em Florença...



Eu nem acreditava que meus pais tinham concordado em eu entrar para a agencia de Maria, finalmente meu sonho ia se realizar, eu estava tão feliz, que se pudesse sairia pulando feito um canguru pela rua, mas como Maria mesmo disse, nada de escândalos públicos. Eu tacava tudo dentro da mala sem dobrar mesmo, Maria tinha dito que tínhamos que chegar rápido a Milão, meu Deus eu ia andar de avião!! Eu não podia acreditar, era muito pra mim, eu ia conhecer todas aquelas modelos famosas e o melhor ia ser amiga delas, meu coração tava tão disparado que parecia que ia pular pra fora do peito. Terminei de arrumar tudo, dei uma ultima olhada no meu quarto, sentiria falta dele, meus olhos começaram a ficar molhados, ahh droga, eu não ia chorar! Cheguei na sala, e meus pais assinavam o contrato da agencia. Maria olhou pra mim e sorriu.



__ É só isso sua mala? – ela perguntou olhando pra pequena maletinha que estava em minhas mãos, acenei positivamente com a cabeça. – Estou vendo que teremos que fazer algumas compras, mas faremos isso quando chegarmos em Milão. – minhas pernas tremeram, eu faria compras em Milão, não sei se estaria viva até lá. – Bom, acho que agora você tem que se despedir, vou deixar vocês a sós, estou no carro lhe esperando Annie.



__ Minha filha, estou tão feliz por você. – os olhos de minha mãe já estavam mareados, agora eu ia chorar tinha certeza. – vai dar tudo certo eu tenho certeza, e saiba que essa casa sempre estará de portas aberta pra você. – eu já chorava silenciosamente. Abracei minha mãe forte, sentiria falta dela pra poder desabafar. – eu te amo muito filha!



__ Eu também te amo mãe!



__ Quanto orgulho tenho de você filha, meus parabéns. – meu pai era um amor, sempre me apoiou em tudo. – irei sentir tanto sua falta.- Também lhe dei um abraço forte.



__ Também vou papai! Eu te amo muito!



__ Eu também filha!



__ Eu tenho que ir, vou sentir muita falta de vocês, mas eu vou me manter em contato sempre, eu prometo. – dei mais um abraço em cada um, e sai. Olhei minha casa uma ultima vez, concerteza me lembraria muito daqui, e sentiria imensa falta, respirei fundo, e entrei na grande Mercedes preta de Maria, ela viu que estava chorando, apertou minha mão forte e sorriu pra mim, lhe retribui o sorriso. Ouvi o ronco do carro e pude sentir ele se deslocando. Sabia que estava deixando minha vida, minha família, pra ir atrás do meu sonho, olhava pela janela, e pela primeira vez, tive medo, medo de me decepcionar, medo de não me superar, medo de saber que não é pra mim, medo do futuro incerto que me aguardava.

Postado por: Grasiele

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