quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Resumption - Capítulo 48

Anne me acordou às 9hs30min, o sol já estava dando o ar da graça e os pássaros cantarolavam, fazendo minha cabeça doer um pouco. Me levantei indo diretamente para o banheiro, peguei a escova de dentes que eu sempre carregava na bolsa e escovei os dentes, lavei o rosto que estava péssimo... Olhos inchados e a maldita cara de ressaca estavam me acusando de ter enchido a cara. Depois de tentar me “recompor”, segui para a cozinha, onde encontrei Anne no fogão e David encostado no balcão da pia, observando-a.

–Bom dia, David.

–Oi, Duda... Bom dia.-disse sorridente.-Tudo bem com você?

–Tudo e com você?

–Também.-respondi.-Ann, eu preciso de um remédio.-pedi fazendo bico.

–Deixei separado pra você, está em cima da mesa.-disse sorrindo e apontou para onde estava o comprimido.

–Obrigada, amiga. Sabe que eu te amo, né?-disse mandando-lhe um beijinho.

–Sei...-respondeu rindo.

Sentei-me à mesa e logo Anne e David juntaram-se a mim. Tomamos o café silenciosamente, enquanto David lia o jornal e bebericava seu café. Aquela cena me fazia lembrar das minhas manhãs com os meus pais, apesar de juntarmo-nos à mesa sempre às 7hs... Acabei por sentir um aperto no peito. Mesmo estando distante dos meus pais, sempre nos falávamos uma vez por mês e desde que eu havia viajado para a Alemanha, não tínhamos nos falado nenhuma vez. Essa lembrança me fez pensar nos meus avós, fazia bastante tempo que eu não ia visitá-los e quando pudesse, deveria ir vê-los.
Depois que acabamos de tomar o café, tiramos a mesa e demos um jeito na sujeira... Anne lavava a louça, enquanto eu secava e David guardava. Ao terminarmos nossa “tarefa” fomos para a sala, sentamo-nos no sofá e conversamos sobre bobagens, assuntos que pouco falávamos no dia-a-dia devido aos nossos compromissos. Pude perceber que David não era um cara ruim e mal humorado como parecia ser quando o conheci, ele era divertido, engraçado e muito carinhoso com a Anne... Eles formam um casal muito bonito.
Eu estava pensando em como tudo parecia feliz quando David me fez uma pergunta.

–Bill me contou que vocês estão namorando, é verdade?

–É verdade...

–Ele parece tão apaixonado por você, desde quando ele conheceu você não parou de me contar como você era e o quão importante é pra ele.

–Amor, lembra do que eu te disse?-Anne perguntou parecendo incomodada.

–Qual o problema em conversar com a Duda sobre isso, amor?-David perguntou carinhosamente.-Tem algum problema pra você, Duda?

–Ahm, não.-respondi tentando entender onde ele queria chegar com tal assunto.

–Pois bem, continuando. Eu sei que não deveria me intrometer, mas como amigo dos garotos e também como seu amigo, penso que foi um passo precipitado.-David disse calmamente.- Eu tenho acompanhado tudo desde o começo e sei que Bill pode estar indo depressa demais, não me entenda mal.

–Eu entendo onde você está querendo chegar e concordo.-respondi, tendo o olhar de Anne sobre mim.- Não precisa me olhar assim, Ann. Eu confio no David.

–Eu sei, só acho que não é necessário termos essa conversa.-Anne disse.

–David, eu vou ser sincera com você. Eu amo o Bill, ele é meu melhor amigo e eu me senti na obrigação de aceitar o pedido de namoro dele, mas não pensei que fosse me sentir tão mal como eu tenho me sentido. Eu não queria magoar ele, mas eu sei que talvez tivesse sido melhor se eu tivesse recusado.-respirei fundo.- Você deve saber que Tom e eu tínhamos uma, bem, não posso chamar de relação, porque você conhece Tom, certo?-David concordou com um aceno.- Nós nos desentendemos no aniversário deles, você sabe, Tom se embebedou e tudo mais...

–Até hoje eu não sei o motivo da briga de vocês, foi tudo tão rápido...-David disse.

– Bill me contou naquele dia, antes da homenagem, que me ama. Quando as meninas foram me dizer que tinham percebido que havia alguma coisa diferente com o Bill e a Anne perguntou se tínhamos nos beijado, o Tom chegou pegando um pedaço da conversa e não conseguimos disfarçar muito bem... A Camila saiu com a Ann nos deixando sozinhos, o problema começou quando eu não consegui beijar ele com medo que Bill visse, eu não queria que eles brigassem ou então que Bill ficasse triste e Tom ficou sabendo sobre a declaração do irmão.

–Esses garotos são tão complicados, é a segunda vez que se apaixonam pela mesma garota e da outra vez aconteceu a mesma coisa... O Tom ficou tão mal. Acho que foi por causa daquela garota que ele passou a pegar várias garotas e nunca mais quis namorar.-David respondeu.

–E como foi isso?-perguntei curiosa.

–Tom conheceu a garota, eles estavam juntos. Bill e a garota se apaixonaram, Tom ficou no prejuízo... Coração partido e sem namorada. Os gêmeos falavam pouco um com o outro, mas não discutiram... Eles têm um jeito estranho de se entenderem, acho que é coisa de irmãos gêmeos, sei lá. Mas resumindo: no final da história nenhum dos dois ficou com a garota e voltaram à ser os irmãos grudados que são até hoje.

–Uh.

–Então, acho que é como eu estava pensando... Você gosta do Bill mas não tanto quanto gosta do Tom. Bill é como um irmão, seu melhor amigo e Tom é o cara certo pra você. Eu posso te dizer com toda certeza que Bill não está certo sobre você... Você é como ele descreve, realmente, mas não é a garota ideal que ele procura, apesar de ter o “perfil” da garota que ele imagina. Eu sei que estou começando a não fazer sentido, mas você é a garota certa pro Tom, que é o cara errado. Vocês dois se completam, isso soa meio gay, mas acho que são como almas gêmeas.

–Oun, amor.-Anne disse e abraçou David.

–E eu achava que você era um cara chato e que não entendia nada de relacionamentos.-falei rindo.

–Pra você ver, eu sou um bom entendedor das coisas do amor.-David disse rindo.-Eu te perdôo, quando nos conhecemos eu era um rabugento mesmo.

–Eu posso fazer um pedido pra vocês?-pedi fazendo bico.

–Claro, amiga.-Anne disse.

–Diga, pequena.-David disse.

–Uh, me ajudem, por favor.

–Você está falando com o casal certo, querida.-Anne disse e levantou colocando as mãos na cintura.

–Nós daremos um jeitinho de arrumar essa confusão que vocês fizeram.-David disse levantando e me puxando com ele.

–Ah, amor, triângulos amorosos são tão complicados.-Anne disse fazendo careta e puxou David para um abraço.

–Completamente.-David concordou e Anne me puxou para junto deles.

–Nós vamos cuidar de você e daqueles garotos.-Anne disse beijando minha bochecha.

Os dois me abraçaram e naquele momento eu senti que as coisas finalmente começariam a ser reajustadas. Eu confio cegamente na Anne e no David, eles estariam do meu lado para qualquer coisa que eu precisasse e apenas isso já me deixava com uma esperança enorme de que tudo daria certo, finalmente.
Eu sabia que muitas das minhas ações teriam suas conseqüências, mas eu teria que seguir em frente e enfrentar todas elas. Eu estava sofrendo muito por imaginar Bill sofrendo novamente, mas eu teria que fazer ele ver o que estava diante dos olhos dele e que ele não conseguia ver. Por mais triste que ele pudesse ficar por ter que se separar de mim, eu sei que nunca vou perdê-lo. Tenho esperança que ele entenda e que no futuro ele possa me agradecer por ter me separado dele. Nós aprenderíamos com a nossa tristeza e com a nossa dor, acho que tudo o que aconteceu entre nós não foi em vão, mas tinha que ter um fim antes que as coisas pudessem ficar piores de serem controladas e concertadas.
O abraço nos meus amigos foi interrompido pelo telefone da Anne que começou a tocar, o que nos fez quebrar o abraço. David e eu nos sentamos no sofá, enquanto Anne foi atender a ligação.

–Alô! Oi, Tom.-Anne olhou pra mim e fiz careta.-A Duda? Dormiu aqui em casa... Ela, ela está no banho. Hm, ok. Eu peço pra ela ligar, pode ser? Acho que daqui uns 10 minutos. Tudo bem. Beijo, tchau.

Anne desligou o telefone e sentou ao meu lado no sofá.

–Garoto chato, hein!-Anne disse, David e eu rimos.-Não sei como vocês agüentam.

–O que ele queria?-David perguntou.

–Deixa eu pensar... Perguntou por mim com uma voz aparente de irritação com um misto de preocupação, querendo saber onde estou, o que eu fiz e queria falar comigo. No mínimo bufou quando você disse que eu estava no banho, perguntou se você achava que eu demoraria muito e quando soube o tempo que eu levaria pra sair do banho, disse que iria ligar. Acho que é isso, acertei?-perguntei rindo.

–Incrível, já sabe até o discurso do amado, hein, amiga.-Anne debochou.

–Eu sei o quão chato o Tom pode ficar, se prepara.-David disse e eu ri.

–Ok, vou me preparar para ser interrogada.-respondi fechando os olhos e massageei as têmporas.

Continuamos na sala, enquanto Anne e David conversavam distraidamente tentando criar um plano para resolver a minha situação, eu me atirei no outro sofá ficando completamente esparramada e alheia às idéias deles. Eu estava tentando não me preocupar com nada naquele momento, nem mesmo com o fato de que tinha dois caras bravos querendo tirar satisfação de onde eu andei, por que eu sumi e blabla.
Passaram-se mais de 10 minutos e o telefone não tocou nenhuma vez, mas o interfone tocou cerca de 30 minutos depois da ligação e o barulho me assustou, me fazendo dar um pulo do sofá. Anne riu da minha cara e levantou para ir até o aparelho desgraçado, enquanto David ia até a janela.

–Oi, aham... Pode mandar subir.-Anne falava com o porteiro.-Obrigada.

–Não me diz que...

–Tom e Georg estão subindo? Oh, yeah.-Anne respondeu.

–Eu mereço.-bufei e me atirei no sofá, fechando os olhos.- Eu vou levantar daqui, me enfiar em algum buraco e vocês dizem que eu fui seqüestrada.

–Não adianta, Tom vai te procurar em cada buraco.-David disse rindo.

–Mas pelo menos me trancar no seu quarto eu posso, Ann?-pedi piscando docemente como criançinhas fofas fazem.

–Você é quem sabe...-respondeu dando de ombros.

–Estou indo.-disse e corri para o quarto da Anne.

Eu não estava fugindo do Tom, quero dizer, não exatamente. Eu queria ter um tempinho pra ficar sozinha sem pensar nos problemas que eu tinha pra resolver e ficar perto dele por melhor que fosse, me fazia lembrar do meu namoro com o Bill, que me fazia lembrar de uma porção de coisas que me deixava angustiada. Ele não tinha culpa, mas eu precisava ficar um pouco afastada pra poder respirar.
Vozes vinham da sala, eu pedia aos anjos que ninguém fosse atrás de mim e que Anne conseguisse distrair Ge e Tom. Não demorou muito para que batidas na porta soassem e eu xingava mentalmente a criatura que estava me incomodando. Eu nem sequer me mexi, pensando que talvez desistissem de falar comigo, mas não funcionou.

–Duda... -Tom chamou.

Postado por: Grasiele

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