terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Resumption - Capítulo 36

 Bill encarava nossas mãos dadas e, às vezes, olhava em meus olhos como se procurasse alguma coisa. O silêncio quase me matava naquele momento, queria tanto saber o que se passava pela mente dele... O que ele estaria pensando para estar tão quieto?
Ele percebeu que eu o olhava e simplesmente encarou a porta do elevador, suspirando segundos depois.


P. O. V. Bill Kaulitz

É tão doloroso ver a tristeza se apossando dos olhos dela! Aquele brilho radiante que antes não saía daqueles lindos olhos, sumiu sem deixar um rastro sequer.
A culpa se fazia presente em minha cabeça quando pensava que o motivo de seu sofrimento era o afastamento de meu irmão, meu coração se apertava. Duda é tão maravilhosa a ponto de desistir da felicidade dela pra me fazer feliz... Se eu soubesse que seria tão doloroso como está sendo, eu voltaria atrás e pediria pra que eles ficassem juntos, mas eu não poderia, não quando ela já havia tomado sua decisão, a qual eu sabia que não voltaria atrás.

Porque a coisas têm que ser tão complicadas?

Eu sinto que ela se esforça pra me dar o quanto pode do seu amor e carinho, que também tenta esconder a tristeza, tenta se mostrar ótima por fora, enquanto, por dentro, sente uma angústia no peito. Tudo o que estava ao meu alcance era tentar, a qualquer custo, fazê-la feliz... Sei que o sentimento por Tom jamais morreria, mas sei também que, com o tempo, as feridas se tornam menos dolorosas e o meu dever é fazer com que as feridas sumam, sem deixar uma marca sequer.

P. O. V. Duda

Ao chegarmos ao andar da sala de reuniões, vimos Georg e Gustav no corredor e os mesmos, ao nos verem de mãos dadas, pareceram surpresos.
Entramos juntos na sala de reuniões, Anne e David conversavam alegremente e Tom encarava um ponto fixo na parede sem ao menos piscar.


–Aí estão os atrasados! –Anne exclamou sorridente. - Podemos começar a reunião então.

Ok, quando eu tivesse oportunidade perguntaria para minha amiga o porquê de tanta felicidade... Pra mim ela e o David estavam “se engraçando”.
Estávamos sentados na seguinte ordem: Anne na cabeceira da mesa, à sua direita estava David, à esquerda de David estava Tom e à direita de Tom estava o Georg; À esquerda de Anne estava o Bill, eu estava à direita do Bill e ao meu lado esquerdo estava o Gustav. David e Anne tagarelavam o tempo inteiro, enquanto eu desenhava qualquer coisa em um papel e não prestava atenção no assunto e às vezes confirmava alguma coisa com a cabeça sem sequer saber qual era a pergunta, Bill segurava minha mão direita por debaixo da mesa e estava debruçado sobre o braço direito, olhando pra mim, Gustav dormia sentado, Georg mexia no cabelo e Tom ora olhava para os meus desenhos no papel, ora olhava pro meu rosto e desviava olhando pra parede. Ficamos dessa maneira o tempo inteiro, até que a Anne falou.


–Então está decidido! –exclamou. -Duda irá fotografar vocês em turnê, mas, enquanto estão de férias, vão continuar a fazer fotos no estúdio.

Eu pedi pra que ela repetisse, porque não acreditei no que estava escutando! Deveria ter prestado atenção quando ela me fez as perguntas, não acredito que eu mesma tinha assinado a minha sentença de morte.
Os garotos ficaram felizes e disseram que seria uma honra me levar com eles por todos os lados, até o Tom obrigou-se a dizer um “legal” sem vontade alguma. Legal? Eu sou uma masoquista inconsciente!

Será que merecia passar por uma situação como aquela?

Acho que não, mas tuuudo bem! Não, não estava tudo bem, mas não poderia voltar atrás. O que eu queria era sair daquela sala e ir me atirar na minha cadeira, então me levantei, despedi-me dos meninos e Bill me acompanhou até o andar do estúdio.
Não falamos uma palavra sequer o tempo inteiro, a única coisa que consegui fazer foi abraça-lo... Eu iria por ele naquela turnê, eu iria porque ele estaria lá para me distrair como sempre fez.

Nos despedimos com um beijo e fui para o estúdio, me atirei na minha cadeira e fechei os olhos tentando me acalmar. O silêncio que tomava conta da agência era fora do comum, os dias sempre são agitados e o silêncio raramente se fazia presente e eu estava feliz por ter aquele silêncio, me ajudava a pensar.
Não tinha sido tão ruim ficar frente a frente com
ele, mas cada vez que me olhava, doía não só o meu coração, mas a minha alma também. Eu não sei como poderia aguentar durante aquela longa viagem, seria horrível viver indiferente a tudo que Tom dissesse ou fizesse, seria tão ruim vê-lo e não poder sentir aquele perfume que faz meus sentidos falharem, mas eu tentaria pelo Bill... Ele, mais do que ninguém, é digno ter uma chance de ser feliz, sempre esteve ao meu lado e, além disso, eu o amo, mesmo que não seja da forma e com a intensidade que merece. Mesmo que uma parte de mim doesse cada vez que eu o beijasse sabendo que eu queria estar beijando Tom, outra parte de mim transbordava de felicidade por saber que tenho um homem que me ama, que gosta de mim sem pensar apenas no sexo.

Ouvi a porta bater e parei de pensar naquilo tudo, pedi que a pessoa que havia batido na porta entrasse e só me virei pra ver quem era quando ouvi o barulho da cadeira em frente à minha mesa sendo arrastada lentamente. Meu coração disparou ao ver quem estava sentado ali e, por pouco, quase caí da cadeira...
Ele me olhava quieto, seus olhos mostravam uma tristeza e uma mágoa sem fim.
Eu não saberia o que ele queria, se ficássemos no encarando sem falarmos algo, por mais que eu quisesse não tinha o dom de ler mentes.

Respirei fundo, fechei os olhos e resolvi dar um fim no silêncio.


–Oi Tom, você precisa de alguma coisa? –perguntei educadamente sem expressar qualquer sentimento, mal sabia ele que eu me segurava pra não chorar.

–Será que podemos conversar? –sua voz soou baixa.

–Claro, sobre o que você quer conversar?

–Você sabe... –o olhei curiosa. –Sobre ontem, nós, você e meu irmão.

–Pois então, falaremos. -apoiei meus cotovelos sobre a mesa e o olhei séria. –Sobre ontem esqueça, o que aconteceu não faço questão de lembrar. Sobre nós dois... O que nós temos? –perguntei mais para mim do que para ele. –Nada! Foi você quem deixou isso bem explícito, se lembra? Fez questão de dizer que não deveríamos satisfações um para o outro e sendo assim não tenho obrigação de falar para você qualquer coisa sobre mim e o seu irmão.

–Você tem razão. –suspirou. –Eu quero te pedir perdão por tudo de errado que eu fiz.

–Eu não vou perdoar você Tom... –ele pareceu ficar abalado e pude ver uma lágrima solitária surgindo no canto dos seus olhos. ­ –Não tenho nada pra perdoar... Foi bom enquanto durou, mas agora que acabou é melhor que cada um siga seu caminho. –disse colocando uma das mãos sobre a mesa.


–Obrigada. –sussurrou e depois disso o silêncio tomou conta do estúdio. –Será que podemos pelo menos sermos amigos? -pediu segurando minha mão que estava sobre a mesa, havia um sorriso doce em seus lábios e um fio de esperança em seus olhos, o que me fez sentir vontade de abraça-lo.

Paralisei ao ouvir a pergunta... Amigos? Amigos, depois do que aconteceu entre nós dois? Acho que seria a melhor solução naquele momento, porque, apesar de eu querer gritar o quanto ele tinha me magoado, o quanto doía ter que encara-lo, eu não podia me afastar dele... Sem contar o fato de trabalharmos juntos, seria impossível nos entendermos sem conversar como pessoas civilizadas. E quando viajássemos? Seria insuportável conviver com ele sendo indiferente, por mais que eu quisesse esquecê-lo, por mais que eu tentasse apaga-lo da minha mente, meu coração nunca deixaria de acelerar cada vez que estivesse perto dele. Eu superaria, nós superaríamos... Pelo menos gostaria que assim fosse.


–Claro que sim. –sorri e ele sorriu em resposta.

Nos levantamos ao mesmo tempo e fomos de encontro um ao outro, o abracei e ele correspondeu me apertando contra o seu corpo. Meu coração disparou quando pude sentir seu perfume entrar pelas minhas narinas, meu corpo inteiro arrepiou quando nossas peles entraram em contato, sua respiração no meu pescoço me fazia querer mais do que aquele abraço, mas eu não podia e não iria ceder a um desejo insano e carnal.
Sem que pudesse controlar, algumas lágrimas escaparam dos meus olhos, molhando a camiseta preta dele e eu pude sentir algumas lágrimas molhando o meu ombro. Separamos um pouco os nossos corpos, Tom olhou nos meus olhos sem falar nada e passou os dedos delicadamente pelo meu rosto... Era a última vez que sentiria aqueles dedos macios tocarem a minha pele, então eu fechei os olhos aproveitando o momento. Senti a respiração dele no meu rosto e, de repente, senti seus lábios pousarem lentamente sobre minha bochecha, ficando ali por algum tempo, o que me fez sorrir. Levei as minhas mãos ao rosto dele e sequei suas lágrimas cuidadosamente, e ele sorriu fechando os olhos, assim como eu tinha feito... Afastou seus lábios macios da minha bochecha e eu dei-lhe um beijo demorado na bochecha.


Nos soltamos e ficamos nos encarando.


–Eu espero que vocês sejam felizes. -Tom sussurrou me fazendo sorrir.

–Espero que você seja muito feliz. –declarei sinceramente.

–Então, eu vou indo. -disse passando a mão por suas tranças.

–Tchau, Tom. –murmurei.

–Tchau.


Abri a porta para que ele saísse e a fechei me escorando nela, estava me sentindo um pouco leve depois da conversa que tivemos, foi um alívio poder saber que viveríamos sem brigas ou então que tentaríamos ao menos suportar um ao outro.


P. O. V. Tom Kaulitz

Eu não estava preparado para vê-la e, logo após termos chegado, ela apareceu... Parecia cansada e triste, mas mesmo assim continuava linda. Meu coração disparou quando nossos olhares se cruzaram, seus olhos demonstravam tanta tristeza... Ela nos cumprimentou educadamente e entrou no elevador. Aquela não seria a primeira vez que nos veríamos naquele dia.
Georg reparara na tensão que se formou entre nós e, quando estávamos indo pra sala da Anne, perguntou o que estava acontecendo e não quis responder... Contar a ele que eu havia estragado tudo com a Duda me deixaria pior ainda. Como era de se esperar, meu amigo ficara bravo comigo, me olhava acusadoramente e, quando eu estava prestes a explodir, a vi parada no corredor nos olhando, o que nos fez emudecer instantaneamente.
Duda falou qualquer coisa com o Georg, mas não prestei atenção, fiquei observando cada detalhe do rosto dela e, novamente, vi a tristeza nos olhos dela.
Alguns minutos depois, Anne apareceu na porta e nos chamou para ir à sala de reuniões, meu irmão e Duda não subiram com a gente.
Assim que entramos na sala de reuniões, me sentei ao lado do David e fiquei olhando a parede, tentando imaginar como eu e Duda estaríamos se nada daquilo estivesse acontecendo. De repente ela se sentou em minha frente de mãos dadas com o meu irmão e a reunião começou... Aquela tortura não terminava nunca, meu cérebro lutava pra descobrir o que ela poderia estar pensando enquanto rabiscava num papel, mas eu não encontrava resposta e, a única alternativa, era buscar em seus olhos e vi a mesma coisa de antes: tristeza. Aquilo me matava e eu desviava minha atenção pra parede.

Resolvi que, depois do término da reunião, eu iria falar com ela.
Quando a tortura acabou, Anne anunciou que Duda viajaria em turnê com a gente e eu fiquei feliz, mesmo sem saber se voltaríamos a nos falar. Levantei-me e fui para o corredor, logo em seguida meu irmão e ela entraram no elevador de mãos dadas... Eu queria tanto estar no lugar dele!
Levei certo tempo pra me encorajar e peguei o caminho até o estúdio, bati na porta e ouvi aquela voz que ansiava escutar me pedindo pra entrar. Abri a porta e me sentei, ela estava de costas pra mim e quando virou, quase caiu da cadeira.
Não consegui dizer nada, apenas observava cada detalhe do seu rosto, cada detalhe daquele corpo que eu queria ter pra mim. Duda suspirou, fechou os olhos e me perguntou o que eu estava fazendo sentado ali na frente dela e pedi pra conversarmos e ela não negou... Tudo o que eu esperava escutar, mas não queria, foi dito, porém, vindo da boca macia dela, era como se uma faca atravessasse meu peito.
O que me restava era pedir desculpas, torcendo para que tivesse seu perdão... Havia um medo crescendo incontrolavelmente dentro de mim, qualquer migalha que tivesse dela seria o que me manteria vivo, lutando contra a dor. Foi angustiante esperar pelo perdão, uma lágrima solitária caía de meu olho e, felizmente, a angústia se fora quando recebi o que queria... Se não tivesse ao menos seu perdão não poderia viver tranquilamente, não que eu fosse o mesmo de antes, mas saber que não a machucava mais, seria confortante.
Estava sendo uma tortura ter que me controlar para não agarrá-la, mas sabia que, se o fizesse, estaria estragando tudo novamente e o que eu queria era poder tê-la por perto e, se fosse possível, que fôssemos amigos, o que ela não negou.

Em um impulso nos levantamos juntos, nos olhamos e senti seus braços me envolvendo em um abraço, correspondi colando os nossos corpos... Eu precisava sentir seu corpo junto ao meu, mesmo que fosse apenas por um gesto amigável.

Cheguei a pensar que nunca mais fôssemos nos aproximar de novo.

Eu me controlava para não beija-la, por mais que eu quisesse não poderia deixar que ela se arrependesse de confiar em mim.
Meu corpo se arrepiou com o toque da pele quente e macia de Duda, encostei meu nariz no pescoço dela procurando sentir o perfume de jasmins que eu tanto amava, aquele cheiro que nenhuma outra tinha. Senti as lágrimas dela molharem minha camiseta e minhas lágrimas corriam pelo meu rosto, eu pude sentir que, talvez, nunca nos abraçaríamos daquela forma novamente.
Separamos um pouco os nossos corpos, olhei nos olhos dela sem falar nada e passei meus dedos por seu rosto, secando suas lágrimas, a vi fechando os olhos e exibir um lindo sorriso. Aproximei meu rosto e beijei-a na bochecha, encostando meus lábios lentamente em sua pele, suas delicadas mãos dirigiram-se ao meu rosto e secou minhas lágrimas, me fazendo sorrir, afastei meus lábios da sua bochecha e pude sentir seus lábios quentes e macios entrando em contato com minha pele.
Nos afastamos e ficamos nos olhando... Eu queria que Duda fosse feliz com o meu irmão, eles são as pessoas que mais amo! Se estivessem felizes, eu também estaria.
Fiquei radiante ao saber que ela queria me ver feliz, um sinal de que não guardaria nenhum rancor.
Nos despedimos e segui pra casa menos triste, sem o peso que carregava antes nas costas.

Eu me acostumaria com o fato de não ter a garota que eu amo nos meus braços, pelo menos era o que esperava.

Quem melhor pra cuidar dela, senão fosse meu irmão? Eu confiaria nele, eles seriam felizes e me fariam felizes.

Eu espero.


Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog