domingo, 4 de dezembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 9 - O que fazer?

Tom aguardava sentado na sala de espera do hospital por novas informações sobre o caso de seu irmão.
Apesar de ser já ter sido informado que Bill ficaria bem, ele continuava preocupado.
Os médicos lhe informaram que através de um exame de sangue realizado em Bill foi detectado a presença de uma substância medicamentosa muito forte, além de um alto teor de álcool. Uma combinação perigosa, que poderia ter o levado a morte.
Perguntaram-lhe então, o que de fato havia acontecido com Bill.
Tom respondeu que não sabia muito bem, que apenas encontrou o irmão desmaiado no chão do banheiro.
Mais uma hipótese não poderia ser descartada, a de que Bill teria tentado cometer suicídio. Ao ser indagado sobre a possibilidade de tal ato, Tom desconcertado relatou que o irmão acabara de ficar viúvo, e que andava muito triste nos últimos dias.
O médico que ouvia a tudo atento, disse então que esperaria o efeito da medicação terminar para conversar com Bill sobre o ocorrido.
Tom sinalizou positivamente com a cabeça, e voltou a sentar-se em uma das poltronas localizadas diante da enfermaria, teve certeza que passaria todo o fim de madrugada ali, à espera de que seu gêmeo acordasse.
Decidiu ir buscar um café, na bancada ao final do corredor para se manter desperto.
Neste momento dois homens se aproximam, e um deles lhe dirige a palavra.

– Olá?
– Oi! – diz Tom, reconhecendo o psicólogo com quem havia conversado há alguns dias.
– Esse é o meu amigo, Rodrigo.- diz o psicólogo apresentando o homem que estava ao seu lado.
– Prazer. – disse Tom o cumprimentando.
Ele então novamente vira-se para o psicólogo, surpreso de vê-lo no mesmo hospital que ele, e tão tarde.

– Nossa que coincidência eu encontrar o senhor agora neste hospital também.
– Sim, é coincidência, mas eu não trabalho aqui, o Rodrigo que trabalha.
– Ah sim...
– Mas e o seu irmão... convenceu ele a vir procurar ajuda?
– Na verdade não... ele está hospitalizado. Dizem que ele tentou cometer suicídio.
– Oh, isso é sério. Espero que fique tudo bem.
– Qual o caso dele?- pergunta Rodrigo, entrando na conversa.
– Bom diante desse acontecimento não há dúvida que seja depressão. – diz o psicólogo.
– Pois é – diz Tom com expressão triste.
– Mas agora nós precisamos ir, não é mesmo Rodrigo?
– Bom, vai indo você... depois eu vou.
– Por que?

Rodrigo nada responde, apenas o olha indiferente. Este então vai embora.

– Rapaz você já procurou ajuda para o seu irmão? – pergunta Rodrigo à Tom.
– Eu não pensava que fosse tão sério...
– Mas é sério, nunca mais duvide disso.
– Mas agora quando ele sair daqui eu mesmo vou levá-lo à um psicólogo.
– Psicólogo? Ele tentou suicídio que felizmente não funcionou, mas e se da próxima não tiver jeito?
– Como assim, você acha que ele pode tentar de novo?
– Mas é claro que sim. Já vi casos de pacientes tentarem se matar de uma forma pior do que na primeira tentativa. Para terem certeza que não falharia...
– O Bill também tinha um corte na mão...
– Então, ele quer machucar a si mesmo.
– Mas se eu levar ele sempre no psicólogo aí talvez ele volte ao normal, não é mesmo?
– Nem sempre, nem sempre...
– Como assim?
– Você não vai poder ficar vigiando ele o tempo todo, vai? Não vai poder controlar as medicações...
– Isso é verdade, eu também tenho a minha vida.... e o Bill é muito teimoso.
– É muito complicado mesmo, às vezes nesse sentido, é muito difícil para a família mais do que para o próprio paciente.
– Mas o que eu faço então? Se você está dizendo que o psicólogo não funciona.... tem que ter outro jeito.
– Eu conheço uma ótima clínica psiquiátrica...
– Internar meu irmão? Não! – interrompeu Tom.
– Essa pode ser a única solução. Lá ele será sempre vigiado, terá profissionais qualificados para cuidar dele. Você terá sempre a certeza de que ele estará sempre sendo cuidado.
– Mas clinica psiquiátrica não é o lugar onde ficam os malucos? Me irmão não é maluco!
– No lugar que eu conheço as áreas são separadas, o seu irmão não ficará junto de pessoas que possam ser perigosas para ele.
– Não...
– Pense bem rapaz, do mesmo jeito que ele tentou se matar agora, ele pode tentar outra vez e você não estar por perto para socorrer.
– Eu não posso perder o Bill! – diz Tom sentando-se em uma poltrona.
– Pense bem no que você vai fazer...
– Cara ele é meu gêmeo... Você não sabe o que é isso! – diz Tom agitando as pernas em sinal de nervosismo.
– Essa clínica que eu conheço é muito boa, você pode confiar.
– Deixa eu pensar um pouco... – diz Tom.

Enquanto Tom ficava em silêncio pensando em seu irmão e no que iria fazer, Rodrigo continuava tentando convencê-lo de que aquela era a única saída.
Tom ainda meio confuso sai de seu silêncio.

– O que eu tenho que fazer?
– Fazer o quê...?
– Pra internar o Bill.
– Ah, simples. Eu mesmo posso cuidar disso. Você só tem que assinar alguns papéis permitindo a saída dele daqui do hospital.
– Okay.
– Vamos me acompanhe...
– O que, agora? Não vamos nem esperar ele acordar?
– Claro que não! Você acha que ele concordaria assim tão facilmente? Nós levamos ele ainda dormindo, aí quando chegar lá, terão pessoas que poderão o convencer de que isso só vai ajudar ele. Vão tirar essa idéia de suicídio da cabeça dele! Não foi você mesmo que disse que o seu irmão é muito teimoso?
– Sim, mas...
Tom então assinou todos os documentos necessários para que a transferência do irmão fosse feita, mal teve tempo de reconsiderar a idéia de internar o irmão em uma clínica psiquiátrica, pois de uma maneira poderosa Rodrigo insistia que não teria outro jeito, falava sobre outros casos que havia visto, deixando Tom ainda mais amedrontado.


Chegando na clínica, Tom teve um pouco de medo. O local parecia-lhe sombrio.
Um muro imenso o cercava, na sua entrada havia muitas árvores e um belo jardim, mas só de pensar no tipo de pessoas que habitavam aquele lugar fazia comm que Tom ficasse assustado. Apesar de bonito o local emanava uma tristeza, e certa melancolia, talvez pelo silêncio e o vento frio que pairava ali.
Enquanto enfermeiros levavam Bill de maca para um dos quartos da clínica, Tom junto de Rodrigo caminhava em direção à diretoria da clínica que era localizada distante da área em que os pacientes ficavam.


– Bom dia, meu nome é Victor e sou o diretor da clínica. – disse um homem já de idade avançada, sua face era de alguém muito sério e autoritário.
– Bom dia, eu sou Tom Kaulitz.
– Nós geralmente não costumamos atender à essa hora do dia, mas como foi um pedido especial do Rodrigo...
– É... 4 horas da manhã não é um horário muito adequado... O Rodrigo está sendo muito legal comigo. – disse Tom.
– Ele é uma ótima pessoa mesmo! Mas agora, por favor, queira senta-se para assinar alguns papéis.
– Sim, claro.

Depois de alguns documentos fornecidos e papéis assinados, Tom foi informado do valor que deveria pagar mensalmente durante a estadia de Bill na clinica.

– Pode ficar tranqüilo que cada centavo pago com a internação valerá a pena. Ter seu irmão saudável de novo não tem preço, não é mesmo? – disse Victor.
– Claro!
– Bom, Tom agora você já pode ir pra casa tranqüilo e sabendo que seu irmão ficará muito bem aqui. – disse Rodrigo.
– Sim, mas eu gostaria de esperar o Bill acordar. Por falar nisso, você sabe dizer se ele já acordou? – pergunta Tom.
– Rapaz eu acho melhor você ir pra casa e descansar um pouco, o efeito desses remédios demoram um pouco para passar. Que tal mais tarde você vir aqui ver seu irmão?
– Você acha isso?
– Tenho certeza.
– Okay então.- disse Tom se levantando.
– Eu vou te acompanhar até a saída. – disse Rodrigo à Tom.

Os dois se dirigiram então à saída da clinica psiquiátrica e chegando ao portão feito de grades de ferro, Tom vira-se para Rodrigo e diz:

– Muito obrigado cara, você me ajudou muito essa noite! E sem nem me conhecer!
– Não precisa me agradecer, eu já tive um caso desses na família, então gosto de ajudar as pessoas a não passarem pelas mesmas coisas que eu passei. Pode ter certeza que um dia o seu irmão vai te agradecer por isso.
– Assim espero... Sabe eu e o Bill somos muito unidos, nós brigamos às vezes mas gostamos muito um do outro. Não sei se é por a gente ser gêmeos, mas sei lá...
– Eu entendo, agora vá para casa e descanse!
– Sim eu estou precisando mesmo! Agora que me liguei, você ia sair com aquele psicólogo, né? Estraguei a festa de vocês, me perdoem.
– Não se preocupe, em casa a gente se entende.- disse Rodrigo olhando-o de um modo diferente.
– Ah, entendi- disse Tom, meio constrangido.
– Mas enfim... tchau e bom dia!
– Tchau e bom dia pra você também! – disse Tom já indo embora.

Rodrigo então apressadamente voltou para a diretoria e com um largo sorriso em seu rosto abre a porta da mesma.

– Eu não te falei que ia conseguir mais um trouxa? Não te falei???
– Não fez mais que a sua obrigação! – disse Victor.
  Cara esse aí foi moleza... todo bobinho não perguntou nem qual era o meu cargo naquele hospital, o mané deve ter pensado que eu sou médico!
– O importante é que ele pague todo mês... Tu viu a pinta dele? Parece ter dinheiro...
– Isso eu já não sei... mas é mais dinheiro pra nós... Por falar nisso, pode passando minha porcentagem por ter arrumado mais um pra tua clinica fajuta...
– Ainda não, o garoto parece gostar do irmão, vai que ele se arrepende e tira o esquisito daqui?
– Tira nada! Vai ser como com os outros que estão aí, no começo os parentes vem... choram e tudo! Depois de uma semana não querem nem mais ver eles. Abandonam os “entes queridos” aqui.
– E o que esse aí tem?
– O cara perdeu a esposa e pirou de vez. Mas nem é caso pra internação, você sabe disso.
Não precisa se preocupar...se o cara não é doido a gente entope ele de remédio e ele acaba ficando... O que a gente não pode é perder essa graninha fácil de todo mês...
– Mas Rodrigo os outros que estão aqui são realmente da pá virada e esse aí pelo jeito, não...
– Já falei pra você não se preocupar... é só eu dar um papo na Rosa que ela diz que quem o senhor quiser é doido varrido. No começo ela vai enganando o manézão se fazendo de enfermeira dedicada aí é só esperar ele abandonar o esquisito aqui... Quantos aos outros funcionários, você já sabe que niguém fala um piu aqui... ninguém quer perder o bom emprego, a situação ta difícil. Quem é doido de contrariar o senhor?
– Além do mais com a ajuda da Rosa tudo fica mais fácil, qualquer coisa ela dá um remédio pro cara aí e ele fica igual doido mesmo...
– Não é?
– Fica tranqüilo que esse aí não vai dar problema em nada...

Postado Por: Grasiele

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