quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 35 - Entre dois Mundos

Camila esperava ansiosa com a filha pela volta do seu marido na casa de sua mãe . Ele havia saído cedo de manhã com o objetivo de conversar sobre o contrato dos Tokio Hotel com o produtor David Jost. No entanto já se passava um pouco da hora do almoço e Bill ainda não havia retornado, o que deixava Camila temerosa de que alguma coisa ruim houvesse lhe acontecido. Pensava que talvez ele houvesse sido encontrado por algum funcionário da clinica psiquiátrica, ou ainda que o produtor teria recusado sua proposta o que deixaria Bill arrasado, ela sabia disso.
Mas pior do que as preocupações com Bill era o que ela sentia em relação à sua mãe. A saudade que sentia era imensa, queria poder abraçar a mãe, dizer o quanto a amava e que se arrependia por não ter dito isso mais vezes em vida. No entanto havia regras, e ela sabia que sua mãe não poderia a ver e muito menos ela poderia fazer com que a mãe notasse sua presença.
Por um segundo pensou que a decisão de permanecer na Terra, ainda que como um espírito não teria sido de todo uma boa idéia. Ver sua família, seus amigos, suas coisas... fazia com que se lembrasse de seus antigos sonhos, dos planos para o futuro. Mas tentando não sofrer relembrando o passado, ela olha para filha, que alegremente sorria. Um sorriso inocente, puro, que lhe fazia recordar que era ela, Gerthe, a mais importante razão para que continuasse em tal situação, ainda que se sentisse desconfortável.
Sentando-se no sofá, ela brinca com os dedinhos dos pés da menina, mas é interrompida por D.Lúcia que pega o bebê nos braços.

– Do que você está rindo, bonequinha? Hã? Conta pra vovó.

Elevando a menina um pouco acima de sua cabeça ela comenta:

– Uau! Como você está pesada! Gordinha que nem sua mãe. – sem saber ela senta-se ao lado da filha, e continua conversando com a neta. – Eu vou te contar uma coisa. Sua mãe até os 9 anos era tão gorduchinha, ela tinha umas bochechas rosadas que atraiam os dedos de todas as tias dela. Ela odiava isso! Fazia um bico desse tamanho! Igual você quando demoram pra te dar a mamadeira. Ai ela foi crescendo, crescendo... e se tornou aquela mulher linda. Ela dizia que não, sabe. Mas ela era linda! Tanto é que seu pai fez de tudo pra ficar com ela, conseguiu até convencer seu avô! Ela sempre me dizia que queria ser médica! Eu queria ter tido condições de ajudar ela com a faculdade... mas eu não pude. Mas, então logo ela ficou grávida de você e deixou esses planos pra depois. Só o desmiolado do seu pai que continua com essa idéia maluca de ganhar dinheiro com música... mas enquanto ele estiver comprando as suas coisinhas está bom... Quando ele ver que a coisa está ficando preta ele arruma um emprego de verdade, quer apostar?

– Oi D.Lúcia! Voltei! Aporta estava aberta então... – diz Bill Kaulitz colocando o casaco molhado da chuva no suporte perto da entrada.
– Você sabe muito bem que já é de casa, Bill. – diz D.Lúcia, colocando Gerthe deitada no sofá com algumas almofadas à sua volta.
– Obrigado. – diz Bill sacudindo os dreads do lado de fora da porta.
– Menino, você está todo encharcado! – diz ela colocando a toalha de banho de Gerthe envolta de seu pescoço.
– O pior é esse dreads! Bem que a Ca.. que a... cabeleireira disse que eles eram complicados de se cuidar. Não vejo a hora de tirar logo isso!
– Mas me diga... Como foi a conversa com homem lá? Já chegou a conclusão que o melhor que você tem que fazer é arrumar um emprego de verdade... salário fixo?
– Nossa ainda bem que nem todos apóiam minha carreira como a senhora!- diz Bill sentando-se no sofá ao lado de Camila, que lhe dá um discreto sorriso.
– Eu apoio a sua carreira! Mas não essa... que não vai te levar à lugar nenhum!
– D.Lúcia eu poso usar o banheiro da senhora? –diz ele dando vários beijos na barriguinha da filha.
– Não precisa inventar desculpas para mudar de assunto, Bill!
– Eu estou realmente apertado! – diz ele agitado.
– Vai, vai! Eu olho a Gerthe.  – diz a mulher indo em direção ao sofá.

Bill então faz um sinal com os olhos, para que Camila o seguisse até o banheiro.
Assim ela fez, e quando cruzou a porta Bill rapidamente fechou a mesma.

– Por que você demorou tanto?! Não ligou, nem nada! Eu fiquei aqui toda preocupada com você! – diz Camila angustiada.
– Calma! Eu tive que me reunir com a banda, não se preocupe! –diz Bill abaixando a cabeça.
– O que houve? Ele não aceitou, não é? Amor não...
– Não foi bem isso... mas é que...
– Bill?
– É... não podemos demorar muito tempo aqui. Eu só te trouxe porquê você estava com aquela cara....
– Bill seja o que for é melhor que você me conte! E logo!
– Vem, eu vou contar ao mesmo tempo para você e pra sua, mãe. – diz ele saindo do banheiro.
– Você só está fazendo isso, porquê sabe que daí você não poderá me responder quando eu falar com você! – diz ela o seguindo de volta para a sala.

Chegando ao local, D.Lúcia o esperava com a neta no colo.
– E então, como foi lá? Já tem show marcado e tudo? - ela pergunta.
– Bom...  – Bill então olha para Camila que o encarava intimidadoramente e hesita.
– Tudo bem querido, nós entendemos. Não estamos decepcionados com você... O que é um contrato? Um pedaço de papel...
– Não é isso D.Lúcia, eu só consegui nosso contrato de volta. Foi difícil, mas eu consegui.
– E por que essa cara?
– A senhora sabe que nós cantamos em Alemão, não é?
– Sim, afinal você é alemão. Mesmo que já seja quase um brasileiro...
– Sim D.Lúcia, verdade. Mas acontece que o Alemão não é uma língua popular aqui no Brasil. Eu poderia cantar só em Inglês... mas daí eu estaria traindo à mim mesmo, aos meus princípios...
– Bill vá direto ao assunto! – diz D.Lúcia com o apoio de Camila que repete seus movimentos.
– O Jost falou que impossível nossa mudança banda fazer sucesso aqui no Brasil e teremos que ir pra Alemanha. – diz ele rapidamente contraindo o rosto e fechando os olhos.
– Bom... só assim você visita os seus pais... umas férias na Alemanha com a família é sempre bom.
– Não são férias D.Lúcia. O Jost me disse que nós temos muito potencial, mas que ele não seria aproveitado aqui no Brasil, não com a gente cantando em Alemão. Que é muito mais fácil e exitoso nós sairmos da Alemanha e conquistar o Brasil do que sair do Brasil e conquistar a Alemanha e os demais países. O nosso país há muito tempo não tem um ídolo, e a Universal da Alemanha acha que nós podemos ocupar esse posto. Eles estão dispostos a investir alto na gente.
– Mas não foram eles mesmos que cancelaram o contrato? – pergunta D.Lúcia, confusa.
– Sim, mas é porque achavam que o meu estado era irreversível, e o Tom não passou para ele um pingo de responsabilidade e interesse pela banda. Não mostrou nenhuma música nova para eles... Então hoje quando eu fui lá, mostrei meus rascunhos, e eles adoraram! Ele disse que já está tendo idéias ótimas e marcou outra reunião.
– Fico feliz por vocês, Bill. Então você vai para a Alemanha, produz o seu disco, e quando voltar a Gerthe estará aqui super bem cuidada esperando por você, como nesse tempinho que você esteve ausente.
– Erm... D.Lúcia a Gerthe vai comigo.
– O quê?!? Não vai não!
– Ela é a minha filha e eu não vou ficar mais um minuto longe dela!
– Você não pode levar ela de mim Bill!
– O que a senhora está me pedindo é injusto também. Eu sei que a senhora gosta da sua neta mas...
– Você vai estar ocupado! Essa menina ficará ao Deus dará!
– Eu cuidei da Gerthe sozinho nos primeiros meses de vida dela, e ela sempre foi bem cuidada! A senhora sabe muito bem disso. – diz elevando um pouco o tom de sua voz.
– Mas agora as coisas mudaram! A sua banda ficou mais séria! Vocês vão para outro país e não para outro bairro!
– Mas eu prometo que assim que eu puder eu venho com a Gerthe,ou então mando o dinheiro para a senhora ir visitar a gente.
– Bill você está louco! Arriscando tudo por uma coisa que pode até não dar certo. Você sabe quantas bandas tem nessas garagens por aí?! Se para bandas famosas já é difícil, que dirá pra vocês!
– Eu acredito no meu sonho! E a única forma de eu descobrir se vale a pena ou não lutar por ele é tentando, é arriscando!
– Você me tirou a minha filha agora está me tirando a neta! – grita D.Lúcia furiosa.
– A senhora não quis dizer isso. Disse por que está nervosa. – diz Bill,mais para si mesmo do que para a sogra.
– Mas é claro que eu quis! Você tirou a Camila de mim, da minha proteção!
– Nem eu, nem a senhora poderíamos evitar o que aconteceu!
– Mas eu queria ter a milha filha aqui... – diz ela escondendo o rosto com as mãos, chorando compulsivamente.
– Eu sei... – diz Bill abraçando-a.

Camila, sem conseguir ficar por mais tempo vendo a mãe chorar por sua morte, sai da casa correndo. Bill pensa em ir também correndo atrás dela, mas entende que não teria como explicar tal atitude à sogra.

Postado Por: Grasiele

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