quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht - Capítulo 4 - Em Cima do Muro

Chegamos a minha casa, ele não abriu a porta do carro pra mim como Gustav sempre fazia. Mas me levou até ao portão.

- Está entregue! Viu eu nem fui tão mal assim.
- Claro que não, você me ajudou muito nessa noite! Nem sei como lhe agradecer...
- Eu sei... Mas pelo que te conheci hoje, você não vai aceitar numa boa o meu modo de agradecimento... Então me conformo só com o seu telefone.

Mas afinal de contas, pra que ele queria meu telefone? Pra marcar um encontro comigo com certeza não era, é evidente que eu não faço o tipo dele. A “vadiazinha” do Gustav até que formaria um belo casal com ele, é claro que formaria, aquela mulher é o sonho de consumo de todo homem.
Dei o meu número de telefone pra ele, afinal o máximo que ele poderia fazer é me passar alguns trotes... Assim pelo menos eu faria alguém dar algumas risadas por alguns instantes.

- Okay então tchau, e muito obrigada por tudo. - disse tentando abrir o portão.
- Não comeu feijão hoje não? – disse ele tirando minha mão da maçaneta do portão.
- Será que está trancado? Esse portão é velho e às vezes emperra!
- Não tá emperrado não, trancaram mesmo!
- Ai meu Deus! Minha mãe me trancou do lado de fora! Ela deve estar pensando que eu estou lá dormindo a horas! Por isso ela não me ligou!
- Já são 03h30min, fica aqui fora e espera alguém abrir o portão! O dia já está amanhecendo mesmo...
- Você tá doido? Que desculpa eu iria dar? E além do mais 04h30min da manhã meu pai se levanta pra ir trabalhar e sempre passa na minha cama me dando um beijo de despedida.
- 04h30min da manhã?! Ele trabalha de que? Acordando o galo?
- Pára de brincadeira eu estou falando sério!
- O máximo que eu posso fazer é te ajudar a pular o muro.
- Pular o muro? Não tem como você arrombar o portão não?
- Tá me achando com cara de que? Ladrão de casas?
- Ai tá bom já que não tem outro jeito.
- Eu vou te levantar aí você põe os pés no muro, faz um impulso pra cima, senta no muro e depois pula pro outro lado.
- E se eu cair?
- Vai ser um tombo muito feio! Mas não liga não, no máximo você quebra uma perna, um braço... Nada que depois um médico não dê jeito!
- Isso não tem graça!
- Pra mim tem e muita. Anda logo, eu não tenho o dia todo!

Sem muita dificuldade Tom me levantou e eu consegui subir em cima do muro. O problema foi para descer:

- Aqui de cima parece mais alto ainda!
- Fecha os olhos e pula!
- Você tá brincando né?!
- Ué, então vai na fé!

O mais cuidadosamente possível eu pulei para o outro lado, só tive alguns arranhões mas ao olhar para a porta eu lembrei:

- Tom, você ainda está aí?
- Estou sim, você se machucou?!
- Não tá tudo bem só que eu lembrei de uma coisa.
- O que?!
- Se o portão estava fechado, provavelmente a porta de casa também vai estar!
- iiii caralho! Você já está me dando muita dor de cabeça!
- E agora? Não vai adiantar nada meu pai acordar e me ver no quintal!
- Vê se a janela está aberta!
- Eu vou lá ver, mas, por favor, não vai embora!
- Tá bom eu fico aqui, fazer o que né.
- Promete?
- Prometo, prometo... Agora vai logo.

Fui correndo ver se a janela estava aberta. E pra minha sorte ela estava. Então voltei para lhe agradecer.

- Tá aberta sim. Tom! Obrigada por tudo!
- De nada... Mas da próxima vez eu cobro! Pelo menos o suficiente pra pagar a massagista! Você acabou com as minhas costas!
- Tá me chamando de gorda?
- Osso também pesa, sabia não?
- E além do mais, pensei que você não precisasse pagar para ser massageado, afinal você tem milhares de mulheres caindo aos seus pés, você não disse?
- É, é verdade. Mas eu preciso pagar, por que quando estou com uma mulher a massagem é o de menos.

Fiquei corada e sem o que dizer devido a resposta tão audaciosa. Ainda bem que ele por estar do outro lado do muro não pode notar isso.

- Agora eu tenho que ir antes que me chamem de maluco por ficar aqui conversando com um muro. Tchau e bom dia!
- Bom dia Tom! Tchau!

Assim que entrei no meu quarto fui logo colocando o pijama, bagunçando o cabelo e me joguei na cama. Tudo com o maior cuidado pois eu divido o quarto com a minha irmã de 15 anos, e se ela desconfiar que eu cheguei uma hora dessas em casa não vai nem pensar duas vezes em me dedurar para os nossos pais. Respirei fundo por estar “salva”, mas aí lembrei do cheiro de cerveja em minha boca e fui correndo escovar os dentes.
Logo após ter me deitado novamente, ouço a porta se abrindo. É o meu pai para nos dar um beijo na testa antes de ir trabalhar.

- Minha filhinha trabalha tanto que até dormindo parece estar cansada...

 Meu  pai nunca poderia sequer desconfiar do que aconteceu nas  últimas horas: das bebidas, da hora que eu cheguei em casa e principalmente de eu ter pegado carona com um estranho. Principalmente com um estranho que usa as calças quase abaixo dos joelhos. Meu pai achava que o modo como às pessoas se vestiam dizia muito sobre o caráter delas. O que ele pensaria se visse o Tom então?

Postado Por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog