segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht - Capítulo 19 - Troca de Favores

Bill e meu pai pareciam ser velhos conhecidos,eu não entendia como uma pessoa em tão pouco tempo podia ter conquistado meu pai. Chego até pensar que nem eu durante esses 18 anos consegui tal façanha.
Como já era tarde da noite, antes que Bill fosse embora eles fizeram um acordo:

– Seu Paulo se o senhor deixar a Camila sair comigo mais vezes, eu prometo ficar uma semana sem pintar as unhas!
– Isso é pouco para eu deixar minha filinha andando solta por aí.
– Como assim “andando solta”? Ela não é bicho... Apesar de ser uma gata!
– Bill esse trocadilho foi horrível! Não é assim que se conquista uma moça. – disse meu pai.
– Não?! Então o senhor vai ter que me deixar vir aqui mais vezes e também deixar a Camila sair comigo... para que ela e senhor me ensinem o jeito certo.
– A Camila é uma menina muito ajuizada... Quem sabe vocês passando mais tempo juntos ela não consiga colocar um pouco de juízo nessa cabeça?
– É quem sabe... – disse Bill as gargalhadas.
– Mas agora já é era das crianças estarem na cama.
– Caramba, o senhor podia ter sido mais discreto ao meu expulsar!
– Eu não estou te expulsando! Você pode voltar aqui sempre que quiser, mas agora já está tarde e é perigoso você ficar na rua há essa hora.
– Ai que lindo,o senhor já está preocupado comigo!
– É apesar do seu jeito peculiar de ser, devo confessar que gostei de você.

Eu mal pude acreditar no que estava ouvindo, meu pai dizendo que havia gostado de uma pessoa tão diferente como o Bill?! Isso nunca passaria pela minha cabeça. Penso que se a minha relação com o Tom tivesse dado certo, talvez meu pai também se encantaria por ele, e não criaria tantos obstáculos para o nosso amor como eu imaginara. Mas do que eu estava falando, “nosso amor”...que amor? Quem ama não faz o que o Tom havia feito comigo. Ele simplesmente me usou. E assim que conseguiu o que queria, me jogou fora. Mas eu ainda o amava, por mais que tentasse não conseguia esquece-lo. De um modo ou de outro, ele sempre estava nos meus pensamentos, no meu coração, despertando bons e maus sentimentos.
Por mais que Bill fosse uma pessoa adorável, ele jamais conseguiria mecher comigo do mesmo jeito que o Tom.

– Camila se despeça do seu amigo, e já pra cama!

Enquanto meu pai se retirava da sala eu acompanhava Bill até a porta.

– O seu pai não é tão cabeça fechada como você disse. É impressionante como mulher gosta de exagerar!
– Bom... eu tenho que te dar os parabéns por ter conseguido se dar bem com o meu pai. Normalmente ele não é assim.
– “Parabéns”, é só isso que eu ganho por ter domado a fera?

Nesse momento Bill pegou em minha cintura, me aproximou para perto de si e me deu um beijo.
Seu beijo começou de uma forma muito suave, ele acariciava minha nuca e repleto de ternura explorava minha boca com sua língua, na qual havia um pircing que tornava seu beijo mais sedutor, algo diferente. Bill encerrou o beijo com uma leve mordida em meus lábios, e ainda com os olhos fechados se afastou de mim.
Ao abrir os olhos abaixou levemente a cabeça e deu sorriso tímido, como que se tivesse feito algo de errado.

Não sabia o que dizer nem o que pensar. Esse era o meu plano, conquistar Bill. Mas eu não pensei que seria desse jeito, eu nunca poderia imaginar que criaria qualquer tipo de sentimento por ele. Eu não conseguiria ser tão fria ao ponto de usá-lo depois de tudo que passamos juntos até aquele momento. Bill não merecia ser usado daquela forma.
Mas tudo ocorreu de tão forma tão natural, em nenhum momento eu tive que forçar alguma coisa com ele. Nosso encontro não ocorreu de forma planejada, foi apenas uma coincidência do destino. Mas mesmo assim eu me sentia culpada, afinal eu havia ido aquele show com o intuito de me aproximar dele e me vingar do Tom.

– Acho que agora eu já posso ir.
– É já está tarde...
– Você não vai me dar nem o seu telefone?
– Você já sabe até onde eu moro, o que me custa dar o telefone também, né.
– Olha só, a gente não pode nem dar confiança que fica logo metida.

Me despedi dele e fui para o meu quarto, pensando em como eu mudaria meu plano, pois eu não podia magoar uma pessoa tão especial como o Bill.
Ao vestir minha camisola, ouvi alguém chamando pelo meu nome em voz baixa no quintal.
Abri a janela para ver quem era, como já suspeitava, esse alguém era o Bill.

– O que você quer agora garoto?
– Como o seu pai mesmo disse, já está tarde e é perigoso eu ficar andando por aí nas ruas.
– Você já é bem grandinho! Sabe se cuidar.
– Mas a culpa é sua, se não tivesse te trago em casa, eu não estaria na rua há uma hora dessas.
– Sei... você pensa que engana quem com essa cara de menino ingênuo?
– Ta bom, ta bom... É que eu não sei que ônibus pegar pra ir pra casa!
– Pega um táxi! Simples...
– Táxi a essa hora? É muito perigoso! Se uma taxista tarada querer me seqüestrar e me fazer de objeto sexual?
– Objeto sexual?
– É um dos riscos que se corre quando se é bonito assim como eu! Agora me deixa entrar logo, porque ta ventando e eu posso pegar um resfriado. – disse ele se preparando para pular a janela e assim entrar no quarto.

– Pode parando... A minha irmã está dormindo, você vai acordar ela!
– Quantos anos ela tem?
– Tem 16. Por quê?
– Ah ... então fala pra ela ir pra sala ver TV até tarde, que você não conta nada para os seus pais.
– E o que ela iria fazer uma hora dessas vendo TV?
– Caramba eu tenho que resolver tudo pra você hein! Dá licença que eu vou entrar.
– Bill, você já aprontou muito com a minha família por hoje!
Talvez por um momento de loucura e por curiosidade em saber o que ele pretendia fazer deixei que entrasse.

– Qual é o nome dela?
– Caroline.
– Carol, Carol acorda – ele disse balançando-a levemente para que assim pudesse despertar.
Quando minha irmã acordou levou um susto ao vê-lo dentro do quarto.

– O que aconteceu?! – disse ela ainda um pouco sonolenta
– Oi meu nome é Bill, eu vou ser bem direto contigo! Pode ser?
– Ta...o que foi?! – disse olhando para mim como se eu soubesse de alguma coisa.
– Eu quero durmir aqui sacas? Então o que você quer em troca pra domir em outro lugar e ficar de boca fechada?

Ao ouvir aquilo os olhos de minha irmã brilharam. Eu não sabia o porquê daquela repentina felicidade, enquanto eu assustada nada disse, só imaginei a cena em que ela corria pela casa gritando para os meus pais o que acabara de presenciar.

– Meu namorado mora na casa aqui ao lado. Então...
– O quê Caroline? Você tem namorado? – perguntei, não acreditando naquilo que havia acabado de ouvir
– Cala boca Camila! Então... Bill, olha só, você fica aqui no meu lugar e eu vou pra casa dele, amanhã de manhã eu troco com você, fechado?
– Fechado!
– Mas você e a Camila também tem que prometer que não vão dizer nada pra ninguém!
– É o nosso segredo, Carol! Pode confiar em mim.
– Então tá, tchau! Você é muito legal cara!

Carol saiu correndo para o banheiro para pentear o cabelo e em um minuto já estava pulando a janela indo em direção a casa do vizinho.

– Como é que você sabia disso? Que ela iria concordar com isso por algo em troca?
– Camila, eu já tive 16 anos... Sei como é.
– Mas mesmo assim... ninguém aqui de casa sabia que ela namora o vizinho!
– Culpa do seu pai que é assim tão controlador... Quanto mais prendem os filhos, mais eles querem ser livres!

Postado por: Alessandra

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