segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht - Capítulo 18 - Ampliando os horizontes

Enquanto íamos para minha casa Bill não parava de falar. Fazia perguntas sobre mim, falava do filme que ele havia visto na semana passada, do que gostava e não gostava. Parecia ser impossível ficar sem assunto perto dele

– Cara você não fica quieto por nenhum minuto?! Nem pra respirar?!
– E vamos ficar aqui um do lado do outro sem falar nada? Só um olhando pro outro com cara de idiota?
– O silêncio é tão bom... Fica quieto e aproveita essa tranqüilidade.
– Que tranqüilidade? Esse ônibus não pára de balançar, com tanto buraco na rua!
– Fica calado que você nem vai perceber.
– Ai tá bom então...

Bill por alguns segundos calou-se, mas começou com algo ainda mais irritante. Ele balançava a perna compulsivamente e cantarolava uma canção. Em certo momento achei que ele fosse começar a dançar, ali mesmo dentro do ônibus.

– Toda essa sua agitação está me deixando enjoada de novo.
– Não vai vomitar aqui no ônibus não, hein! Finjo que nem tem conheço.
– E até é capaz de olhar pra mim com cara de nojo!
– Claro, e ainda digo: “Credo, que garota nojenta! Vou sentar em outro banco!”.
– Se é pra você ficar se balançando desse jeito, prefiro que continue falando sem parar.
– É que eu sou muito elétrico!
– Percebe-se isso pelo seu cabelo. Tá todo mundo te olhando!
– Inveja... pura inveja. Mas eu só uso esse penteado e essa maquiagem nos shows. No dia-a-dia eu sou um cara normal.
– Bill, fala sério, você um cara normal? Nunca!
– Aposto que o seu pai vai me achar super normal!
– É bem capaz do meu pai te expulsar à vassouradas!
– Que horror! Ele é tão quadrado assim?
– Muito!
– Pois então eu vou fazer ele mudar de idéia...  ampliar os horizontes!
– Você não ta falando sério né?
– Bill Kaulitz nunca brinca em serviço!
– Bill o quê? – disse às gargalhadas.
– Kaulitz. Qual é o problema?
– É o seu sobrenome? Muito estranho!
– Nada em mim é normal! Nada mesmo!

Descemos do ônibus e fomos caminhando até a minha casa. Ao chegar na rua em que eu morava pude ver meu pai no portão, aparentemente me esperando.

– Bill, volta! Volta! Meu pai ta no portão.
– E daí?!
– Como e daí? Eu já não te disse como o meu pai é?!
– Ele é aquele senhor sentado ali, né? Peraí que eu já vou resolver isso.
– Bill volta aqui, você tá maluco?!

Mas já era tarde demais, Bill caminhava em direção ao meu pai, que ao ver tal figura, mal pode disfarçar sua expressão de susto. Parecia que Bill acabara de sair de um filme de terror e meu pai seria a próxima vítima. Eu apenas o acompanhei, rezando para que o vexame não fosse tão grande.

– Oi eu sou o Bill, o senhor se chama Paulo, não é mesmo?
Bill com um largo sorriso estendia sua mão para que meu pai pudesse cumprimenta-lo. Meu pai meio atordoado, parecendo não acreditar naquilo que estava vendo à sua frente o cumprimentou.
Ao notar minha presença ao lado do Bill, ele levantou-se parecendo ter se recuperado do susto.

– Camila da onde você tirou essa criatura?!
– Pai... ele é...

Bill colocando o braço sobre os ombros do meu pai, tal como se fossem grandes amigos, começou a falar. E naquela noite eu já tinha aprendido que quando ele começa a falar pra faze-lo parar é quase impossível.

– Seu Paulo você tem que ser mais liberal...
– “Você”, não meu rapaz, o “senhor”.
– Ai tudo bem... já que o “senhor” quer parecer velho então tá bom.

Meu pai olhou para ele como se fosse dar uma bronca daquelas, mas nada disse. Então Bill continuou com o seu discurso.

– Olha os tempos mudaram... Não é mais como na época do senhor, em que tinham aqueles bichinhos...
– De que bichinhos você está falando, meu jovem?
– Dos dinossauros! Ora essa! – disse ele com a cara mais inocente do mundo.

Nesse momento eu esperava por tudo. Imaginei meu pai o xingando de tudo quanto era nome, me mandando entrar e iniciando uma discussão sem fim. Mas para minha grande surpresa, ele apenas abriu um sorriso, discreto, mas era um sorriso.
Pelo visto Bill Kaulitz com toda sua simpatia já havia conquistado meu pai.

– Hoje em dia nós já temos computador, luz elétrica... E é normal que as pessoas se vistam assim como eu!
– Você acha isso normal?! – disse meu pai olhando-o da cabeça aos pés.
– Super normal! Eu não acho normal é essas roupas que vo... que o senhor usa! Eu vou te emprestar uma calça minha ela é listrada de preto e branco, vai ficar linda no senhor! Não vão nem te reconhecer na rua!
– Claro que não! Vão pensar que eu sou uma zebra!
– Zebra tá na moda!
– Meu filho você já se olhou no espelho hoje?
– Mas é claro que sim! Como o senhor acha que eu retoco minha maquiagem?
– Parece que você acabou de sair de uma festa do dia das bruxas. E esse cabelo meu filho... Já pensou se um belo dia pela manhã você encontra o padeiro com um cabelo desses?
– Eu iria adorar! Aqueles bigodinhos de padeiro são ridículos mesmo!Uma mudança de look seria demais! Não é mesmo Camila?
– Tira o meu nome do meio Bill, não me arranje mais problemas!

– Bill, é assim que você se chama não é mesmo? - disse meu pai.
– Sim, esse belo nome é meu!
– Então, Bill você já pensou em procurar uma igreja?
– O senhor acha que os padres e os crentes também vão querer usar um cabelo desses? Eu não tinha pensado tão alto, seu Paulo, mas até que não é má idéia. Pelo menos iriam prestar mais atenção no padre na missa de Domingo! Tadinho dele. Fica todo mundo lá dormindo sentado, e não dão nem bola pra ele.
– Meu filho, você parece ser um menino bom. Você ainda tem salvação!
– Quem precisa ser salvo é o senhor! Alguém precisa resgatá-lo da década de XX, e traze-lo para o século XXI!

Os dois ainda abraçados um no outro entraram em casa, para que assim melhor pudessem discutir como "salvariam" um ao outro.

Postado por: Alessandra

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