segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht - Capítulo 17 - Quem avisa amigo é?

Bill sentou-se ao meu lado na calçada já sem a expressão de alegria em seu rosto, ele parecia triste, preocupado. Talvez ele pensasse que eu estaria me intrometendo muito na sua vida,mas eu tinha que perguntar, afinal ele havia dito que queria desabafar, então talvez não houvesse problema.
– Por que você está com essa cara?
– O seu vômito tem uma aparência estranha, parece a sopa de brócolis que minha mãe fazia pra mim. – disse ele tentando rir, como se quisesse esconder de mim o que realmente estava sentindo.
– Pára de graça, eu estou falando sério.
– E essa aparência estranha do seu vômito não é uma coisa séria? Você precisa procurar um médico!
– Já que você não quer mais desabafar, eu já posso ir embora.
– Tá bom, tá bom. É que eu estou me sentindo tão sozinho, tão triste.
– Sozinho, triste? Cara você deu um show lá naquele palco! Você deve ter um monte de garotas aos seus pés.
– Você pensa igual ao meu irmão.
– Porque você disse isso?
– Porque ele acha que eu tenho que ficar pegando todas as garotas que eu vejo na minha frente. E faz tempo que eu não fico com uma garota, sabe.
– Ah, você é gay. Eu entendo sabe, você ter que esconder do mundo quem você é, ficar se preocupando com o que os outros pensam.
– Ei, eu não sou gay! Tá vendo,você pensa igual a maioria. Eu não fico com um monte de garotas simplesmente porque eu não achei meu pinto no lixo!
–Me desculpa, é que você é diferente...
– Eu sei, é por isso que acham que eu sou gay. Algumas pessoas até me odeiam por isso.
– São todas um bando de ignorantes! Não entendem o diferente.
– E você é uma delas.
– Claro que não! Eu entendo você!

Bill me contou que se sentia incompreendido principalmente pelo Tom, que sempre estava a lhe arranjar uma namorada, pela qual ele não sentia nenhum interesse e que estava cansado de ser chamado de gay em todos os lugares que ia.
Ao ouvir o seu relato, percebi que eu não era a única pessoa com problemas no mundo. Enquanto ele me contava sobre tudo o que passava, todos os seus sentimentos, eu ficava pensando em como eu poderia magoar uma pessoa tão frágil, tão delicada.
Passamos horas ali na calçada, conversando sobre nossas vidas, nossas famílias, nossos medos. Bill se comportou como um verdadeiro amigo, e eu naquele momento também queria ser uma boa amiga para ele. Mas não sabia o que dizer, não sabia como poderia fazer com que se acalmasse. Ele chorava, dizendo que mesmo cercado por muitas pessoas se sentia solitário.
Tudo o que eu pensava em dizer a ele parecia-me tão idiota, então achei que o melhor consolo talvez fosse o meu silêncio e um abraço.
Ele retribuiu ao meu abraço, e nos meus ombros continuou a chorar.

– Olha o que você fez! Minha maquiagem está toda borrada!
– Desculpa por ter te abraçado então.

Docemente ele sorriu e me abraçou novamente.
Mas nesse momento fomos interrompidos. Alguém puxava meu braço com força, era Tom.
Ele me puxando, fez com que eu me levantasse e então rudemente foi me levando para um canto onde Bill não pudesse nos ouvir.
Enquanto ele me arrastava Bill perguntava o porquê dele estar fazendo aquilo, falava para ele me soltar. Mas tudo em vão, Tom parecia estar furioso.

– Qual é a sua, hein?! Deixa meu irmão em paz!
– Do que você está falando Tom? Me solta!
– Não se faça de idiota! Você não vai fazer com ele o mesmo showzinho que fez comigo, não!
– Que showzinho Tom, eu nem sabia que ele era seu irmão!
– Pára com isso garota! Se você acha que vai conseguir me atingir fazendo isso, está muito enganada!
– Me solta Tom! Você está me machucando me solta!
– Eu estou te avisando, deixa meu irmão em paz, sua vadia! Nunca mais chegue perto dele, entendeu?! Eu não vou ser seu por causa disso!

Tom ao dizer isso me soltou com força, e eu desequilibrada acabei caindo no chão.
Bill acabara de chegar e pode ouvir as últimas palavras do Tom.

– Por que você acha que o mundo gira ao seu redor Tom? Deixa a garota em paz! Você nem conhece ela!
– Eu conheço ela sim Bill, é uma vadia que só está te usando para ficar comigo!
– É mentira dele Bill!

Tom se virou para mim com um ódio no olhar e gritou:
– Para de ser ridícula garota! Você quer fuder com a minha vida e por isso está fazendo isso!
– Você que está sendo ridículo. Você só pode estar bêbado!
– Bêbado eu estava no dia que fiquei com você!

Aquelas palavras fizeram com que o sentimento de vingança voltasse com ainda mais intensidade a minha mente. Tom estava me tratando como se eu fosse um lixo, e isso era inaceitável.

– Vamos embora Bill, deixa essa garota aí... Lá na festa tem um monte de gostosas te esperando. Muito melhores que essa aí...
– Para com isso Tom! Por que você acha que pode controlar minha vida! Você é só meu irmão mais velho, não é meu dono!
– Eu sei o que é melhor pra você Bill, vamos!
– Você sempre sabe de tudo! Você não se importa com o que eu penso, com o que eu sinto!
– Claro que eu me importo Bill, é por isso que estou dizendo pra você deixar essa garota aí. Eu sou teu irmão cara, você sabe que eu me preocupo com você!
– Então vai lá, e me deixa aqui. Daqui a pouco eu vou.
– Mas Bill...
– Daqui a pouco eu vou Tom! Eu já disse. Eu preciso tomar um ar.
– Promete então que vai ficar longe dessa garota.
– Tá, tá eu prometo... agora volta pra lá que as garotas já devem estar desesperadas com a sua falta.
– Pior que é verdade... então não demora não tá?!
– Tá, eu não demoro.

Enquanto Tom se afastava, Bill se virou para mim com um ar de preocupação e enquanto me ajudava a levantar perguntou:

– Ele te machucou?
– Não, eu só caí de mau jeito.
– Quando quer o Tom consegue ser um perfeito idiota!
– Você não acreditou no que ele disse, acreditou?
– Se eu acreditei na parte que ele disse que você é uma vadia ou na parte que você estava me usando?
– Nas duas.
– Bom... você não parece ser uma vadia, pelo menos não se veste como uma. Hmmm... e em você estar me usando...eu não sei. Você já teve alguma coisa com ele?
– Sim, tive mais só foi uma vez. Não sei porque ele agiu assim.
– Ele deve achar que você não é mulher pra mim. Típico do Tom.

Ficamos ali conversando por mais algum tempo, mas já era tarde, eu precisava ir para casa.

– Olha Bill você é um cara muito legal, mas eu tenho que ir agora.
– Já?! Ok, então vamos juntos.
– Não, você segue o seu caminho e eu sigo o meu!
– Ué você esfregou tantas vezes na minha cara que era moça de família, super comportada...agora quer ir sozinha para casa? Correndo o risco de algum lobo mal querer te comer?
– Me comer?! Me respeita! Isso é coisa de se dizer para uma moça?
– Eu não disse nada demais, foi uma metáfora... A maldade está na sua cabeça!
– Muito engraçadinho você... Mas tudo bem eu vou com você pra casa. Cadê o seu carro?
– Que carro?! Eu ainda não sei dirigir, pensei que você soubesse. E pra falar a verdade eu esperava que você me desse a carona. É que eu vim no carro do meu irmão. E como nós discutimos...
– E como você diz que vai me levar pra casa se você nem tem carro?
– Eu não disse que ia te dar uma carona. Disse que ia junto com você!
– Pois então vamos de ônibus!
– Ônibus?! Que coisa de pobre.
– Pra quem não tem carro você está reclamando muito.
– Tá bom, mas eu só aceito pra você não ir sozinha, pra te proteger.
– Tá acredito, você não quer é ir pra casa ouvindo sermão do seu irmão!

Postado por: Alessandra

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