quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht - Capítulo 28 - Enfrentando o medo

Fomos durante todo percurso até minha casa em silêncio, apenas abraçados. Talvez já não houvesse mais o que dizer, ou talvez o medo de enfrentar tudo o que o destino havia nos reservado fosse tão grande que só o silêncio fosse capaz de acalmar nossos corações.
Pior do que enfrentar todas aquelas novidades sozinhos seria ter os meus pais contra nós.

Chegamos em minha casa, antes de abrir a porta olhei para Bill, ele estava preocupado,já não tinha mais aquela expressão de felicidade na qual eu estava acostumada. Talvez não fosse justo ele vivenciar tudo aquilo, mas não tinha mais volta. Esse será um segredo que eu guardarei por todo minha vida, em alguns momentos poderá me trazer uma certa angústia ou raiva de mim mesma, mas era preciso.
Do mesmo modo que eu consegui esquecer do Gustav eu também conseguiria esquecer Tom, mesmo olhando todos os dias para o nosso filho. Inclusive isso é uma coisa que eu me esforçarei com todas as minhas força para esquecer. Esquecer que um dia conheci Tom, esquecer de tudo que havia passado com ele.
O momento em que eu contar tudo para os meus pais será o divisor de águas da minha vida. A partir de hoje minha vida começa desse exato momento, todas as experiências, todas as pessoas do meu passado ficarão para sempre esquecidas. De hoje em diante a única coisa que realmente me interessa é a família que eu estou prestes a formar.

– Respira fundo, e vê se tenta não chorar Camila. – disse a mim mesma em voz alta.
– Amor, acho que nessa situação é melhor você abrir o berreiro. Quem sabe os velhos não ficam com pena da gente?
– Eu vou chorar até ficar desidratada então!
– Que horror! Mas agora que já estamos menos tensos, vamos acabar logo com isso.

Meu pai estava na sala, sentado no sofá vendo televisão. Bill e eu nos sentamos no sofá ao lado.
Bill então segurou em minha mão e disse:

– Senhor Paulo, eu e a Camila precisamos falar sobre um assunto muito sério com senhor e com a sua esposa.
– Calma, Bill nós nem nos cumprimentamos direito, dá só uma olhadinha no jogão que está passando.
– Pai a gente precisa contar uma coisa!
– Está bem. Vai chamar a sua mãe então. Precisa desligar a TV?

Fui até a cozinha chamar minha mãe, de ínicio ela se recusou dizendo que  estava ocupada e que era pra eu falar apenas com o meu pai. Mas eu insisti, então ela notando que se tratava de algo importante, resolveu me acompanhar até a sala.

– E então o que de tão importante vocês têm para nos dizer? – disse meu pai demonstrando impaciência.
– Pai, mãe... eu estou grávida.

A tranqüilidade que meus pais pareciam estar sentindo até aquele momento, foi destruída por minhas palavras.
Minha mãe apenas levou a mão a boca, seus olhos se arregalaram. Ela não fazia questão nenhuma de parecer estar calma ou então de tentar manter o controle.
Enquanto que meu pai no primeiro momento parecia estar em estado de choque, nada disse, apenas nos olhou seriamente. Sua face foi ficando avermelhada, seus olhos expressavam a raiva que ele estava sentido.
Então em um movimento rápido, ele se levanta com fúria do sofá, e me segura pelos ombros fazendo com que eu me levantasse também.

– Você está doida Camila? Como isso aconteceu? Onde é que você estava com a cabeça? – meu pai gritava e me sacudia com força.
Ele estava transtornado, parecia não querer acreditar no que eu havia dito. Eu nunca havia visto meu pai com tanta raiva em minha vida, ele nunca havia falado comigo naquele tom, nunca havia me olhado daquela maneira. Meus braços doíam pela força na qual meu pai me balançava, mas não era tão forte quanto a dor que eu sentia em minha alma.
A dor era menos intensa que o meu medo, era menos intensa do que o meu arrependimento.

– Desculpa pai, desculpa! – eram as únicas palavras que eu conseguia pronunciar diante da atitude inesperada na qual meu pai havia tomado.
– Solta ela! O senhor está machucando ela! – gritava Bill, tentando fazer com que meu pai me soltasse.

Minha mãe assustada, chorava compulsivamente. Nada fez, nenhum palavra disse, apenas chorava com um ar de decepção e desespero.

– Como é que você faz isso comigo Camila? Como pode me enganar desse jeito?
– Me  perdoa pai, por favor!
– Isso não tem perdão Camila! Você durante esse tempo todo enganou a todos aqui nessa casa!
– O senhor precisa se acalmar, bater nela só vai piorar as coisas! – dizia Bill, me puxando das mãos de meu pai e me levando para trás de si.
– Você cala a sua boca! Você, seu moleque, acabou com a minha família!
– Eu não sou um moleque! Eu sou um homem! Eu garanto ao senhor que vou cumprir com todos os meus compromissos de pai!
– Você diz isso agora, mas depois vai dar o fora! Não vai nem se lembrar que tem filho!
– Nunca! O senhor e sua esposa podem confiar em mim! Eu assumo tudo o que eu faço!
– Como você pode estragar o seu futuro dessa maneira Camila? Como eu vou dizer isso para os nossos parentes? Com que cara eu vou ficar?
– Pai me desculpa...
– Todos vão pensar que eu não sei educar minhas filhas! Justo eu, que prezo tanto pelos bons costumes agora tenho uma filha que é mãe solteira! E pior, que se perdeu antes do casamento.

Eu estava muito assustada. Eu sabia que a reação do meu pai não seria das melhores, mas não esperava que ele ficasse com tanta raiva.

– Fora da minha casa!
– Pai, por favor não!
– Eu não posso deixar que você acabe com a reputação da nossa família!  Já estou até vendo, as pessoas me apontando na rua, os irmãos da igreja falando de mim pelas costas! Fora Camila! Você não vai trazer más influências para a sua irmã! Não vai!
– A Caroline está te enganando pai! Ela namora o vizinho!
– Você não tem moral para falar da sua irmã! Não queira criar ainda mais confusão! Pegue suas coisas e vá embora!
– Pai eu juro que eu não fiz por mal, juro que foi um acidente!
– Eu não quero saber Camila! Pensasse nisso antes de se deitar com qualquer um!
Se você já é adulta o suficiente para andar solta por aí, é adulta também para criar esse filho sozinha!
– Seu Paulo, tenha paciência, por favor. O senhor está falando isso porque está de cabeça quente! – dizia Bill tentando acalma-lo.
– Eu falo para os vizinhos que você está viajando, digo até que você morreu Camila, só pra não ter que passar por essa vergonha!
– O senhor tem todo o direito de estar com raiva mas não pode ficar falando essas coisas! Acima de tudo o senhor é o pai dela!
– Mãe faça alguma coisa! Por favor não deixe o meu pai me expulsar de casa, por favor!
– Sua mãe também não pode falar nada! Duvido se ela já não sabia disso tudo!
– Eu estou tão surpresa quanto você, Paulo! Não tente me culpar por isso! Não tente me culpar por esse casamento de fachada que nós mantemos durante todos esses anos! Se a Camila está passando por tudo isso a culpa não é só minha! Você também tem a sua parcela de culpa! Ela não vai a lugar nenhum!
– É você que paga as contas dessa casa? É você que põe a comida na mesa? Vai ser você que vai sustentar essa criança? Mas é claro que não, será o trouxa aqui!

Meus pais começaram a discutir seriamente. Minha mãe da maneira que podia tentava convence-lo a mudar de idéia, mas de nada adiantava, ele estava irredutível.

– Bill...
– O que foi Camila?
– Eu não estou me sentindo bem...
– Calma, senta aqui... O que você está sentindo?
– Eu só estou comm um pouco de falta de ar, e meio tonta...
– Você quer que eu te leve para um hospital?
– Não, já está passando. Mas e agora Bill? O que faremos?

Então se agachado a minha frente e me olhando fixamente nos olhos, ele me perguntou:

– Você confia em mim?
– Mas Bill...
– Só me responde isso, você confia em mim?
– Confio Bill, você é a única pessoa em que eu confio totalmente.
– Era só isso que eu precisava saber.

Bill se levantou e foi em direção ao meu quarto. Meus pais ainda discutindo não o notaram.
Algum tempo depois ele voltou com uma mochila cheia, e segurando em minha mão disse:

– Agora vamos!
– Mas pra onde?
– Vamos rumo a nossa felicidade.

Postado Por: Grasiele

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