quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht - Capítulo 23 - Sem saída

Se minha irmã contasse aos meus pais o que tinha acabado de ver, eu estava perdida! De nada valeria todo o meu esforço na noite anterior para que meu pai não visse o Bill. Eu não esperava que minha irmã fosse capaz de coisa tão baixa. Eu nunca dei motivo algum para que ela quisesse se vingar de mim.

– Então quer dizer que a garotinha do papai não vai casar virgem?! Mas que vergonha... – disse Caroline com voz de deboche.
– Porque você quer fazer isso comigo? O que foi que eu te fiz – perguntei indignada por aquela situação.
O medo e o desespero tomaram conta de mim e por conseqüência disso me veio o choro. Minha irmã ao perceber minha angústia se aproveitou ainda mais. Bill e eu parecíamos estar sem saída.

– Eu nem vou esperar ele acordar, vou ir lá contar agora mesmo! E se dessa vez ele se separar da mamãe, pode ficar sabendo que a culpa vai ser sua! – disse ela já indo em direção a porta.
– Pára Carol! – eu disse segurando-a pelo braço.

Bill então finalmente despertou e pode notar que algo de errado havia acontecido.

– O que foi Camila? – perguntou ele procurando por suas roupas.
– Bill, ela quer contar tudo para os meus pais! – disse em tom de desespero.

Bill então vestiu suas calças e se levantou da cama vindo em direção a nós duas. Me puxou fazendo com que eu soltasse o braço de minha irmã. Ele ao perceber que eu estava chorando, ficou ainda mais irritado com aquela situação. Então iniciou uma discussão com a minha irmã, enquanto que eu me sentava na cama e com as mãos sobre o rosto, apenas chorava.

– Qual é a sua hein garota? Nós não fizemos um acordo?
– Eu assinei alguma coisa? Então você não tem como provar nada!
– Você é muito filha da puta mesmo, na hora de ir lá pra casa do seu macho você sai correndo, e agora vem com essa palhaçada?
– Olha lá como você fala de mim cara. Agora que eu vou contar mesmo!
– Você conta que eu dormi aqui e a Camila conta que você dormiu na casa do vizinho. Simples.
– Meu pai não vai acreditar nisso, vocês não tem provas contra mim! Já eu...- disse ela apontado para toda a bagunça espalhada pelo quarto.
– Acontece, espertinha, que seu pai esteve aqui ontem e não viu você.
– Eu posso dizer que estava no banheiro, ou qualquer outra coisa. E você como vai se explicar?
– Eu não dormi aqui ontem, não sei da onde você tirou essa idéia. Eu cheguei aqui hoje pela manhã para passear com a Camila.
Por que tão cedo? Porque mais tarde vai estar muito quente, e Camila e eu temos a pele sensível. E esses doces que você está vendo espalhados pelo chão é porque ontem, como o seu pai mesmo viu, a Camila estava com muita dor de cabeça.
– Ele não vai acreditar em vocês! – disse Caroline enfurecida.
– E por que não acreditaria? Ele me viu indo embora, veio aqui ontem durante a noite e conversou com a Camila, que estava dormindo sozinha no quarto. Já você... ninguém viu.
– Eu digo que vocês estão mentindo! Que é tudo armação!
– Se liga garota! Você acha que ele vai acreditar em quem? Na Camila que sempre se comportou bem e em quem ele deu um beijo de boa noite, ou em alguém que ele não viu no quarto às duas da manhã e que ainda por cima aparece com um chupão no pescoço?

Caroline ao ouvir tudo que Bill acabara de dizer parecia estar chocada, ela não tinha mais argumentos. O seu plano de acabar com a minha vida não daria certo. Bill, para o meu orgulho, havia virado o jogo.
Eu respirava aliviada, sabendo que daquela eu tinha me salvado, ou melhor, Bill havia me salvado.

– Ah! Se deu mal cunhadinha! – disse Bill apontando e rindo de minha irmã, que com uma expressão fria, demonstrava que naquele momento a sua vontade era de matar a nós dois, mas principalmente Bill.

Caroline então se deitou em sua cama sem pronunciar sequer mais uma palavra.

– Se veste logo Camila, anda! A gente tem que estar na sala antes que o seu pai acorde.
– Aí o que eu digo?  – perguntei em quanto me vestia rapidamente.
– Você só diz alguma coisa se ele perguntar, senão fica muito suspeito.
– Ta eu digo que nós vamos passear, não é mesmo?
– Isso mesmo. Cara pode me dizer que eu sou seu anjo da guarda. Em uma noite conquistei o seu pai, te salvei da irmãzinha malvada e ainda por cima te arranjei um passeio comigo!
– Você, anjo? De anjo você só tem a cara, Bill, só a cara!
– Como o seu pai mesmo disse “eu sou um bom menino”. - disse rindo
– Meu pai não diria isso se visse... esquece. Melhor eu nem falar nada sabe. – disse olhando para a cama da minha irmã.


Depois que Bill e eu já estávamos devidamente arrumados fomos até a sala. Meus pais ainda não haviam acordado, por isso talvez não fosse preciso eu mentir para eles sobre Bill e o passeio, ele poderia apenas aproveitar aquele tempo para ir embora.
Mas no momento em que eu abria a porta para que Bill saísse ouço a voz da minha mãe.

– Pra onde você pensa que vai? E quem é esse?

Fechei a porta, e ao olhar para trás vi que meu pai e minha mãe haviam acabado de acordar e juntos esperavam pela minha resposta.

– Eu não estou indo pra lugar nenhum não, mãe. Eu estava fechando a porta para que o Bill pudesse entrar.
– Bill? – perguntou minha mãe, que ainda não o havia conhecido.
– É o rapaz que eu conheci ontem, Lúcia. Não se preocupa não, ele é um bom garoto – disse meu pai se aproximando de nós dois.
– Prazer Bill, perdoa o mal jeito, mas é que ainda está muito cedo sabe. – disse minha mãe preocupada com sua aparência.
– Liga não, D.Lúcia, a senhora está radiante!

Minha mãe como todas as pessoas recém acordadas, estava com o cabelo despenteado, roupa de dormir e com o rosto inchado. Certamente o elogio que ela havia recebido foi feito apenas por educação.

– Bill,meu filho você está tão diferente sem aquela maquiagem e aquele cabelo...Até parece gente!
– Pai! – gritei, o repreendendo por tamanha falta de sutileza.
– Eu não quis lhe ofender... Você entendeu  o que eu quis dizer não entendeu? – disse meu pai olhando carinhosamente para Bill.
– Acho que entendi... O senhor quis dizer que eu assim pareço gente comum, e eu com aquele meu look divino me sobressaio dos demais.
– É foi isso sim que eu quis dizer. – rindo meu pai dava leves tapas nas costas de Bill.

Minha mãe então sai da cozinha pedindo para que eu fosse comprar o pão.
Quando eu ia caminhar até ela para pegar o dinheiro, meu pai diz:

– Vai lá você, Lúcia. A menina vai deixar o amigo dela aqui sozinho? É falta de educação!

Minha mãe não havia gostado muito do que meu pai havia comentado, mas para não parecer mal educada diante da visita, em silêncio foi se trocar.

– Mas me diz Bill, o que lhe trás aqui tão cedo?
– É que eu vim buscar a Camila para dar um passeio. E o senhor sabe que muito Sol faz mal pra saúde,né. Por isso eu vim tão cedo. Mas é claro só iremos se o senhor permitir. – disse ele sorrindo docemente.
– Claro que sim, não vejo problema nenhum. O ruim é que se fosse à noite, tão cedo assim, não há perigo.


Bill, meu pai e eu víamos televisão enquanto que minha mãe preparava o café.

– Camila vem me ajudar a por as coisas na mesa! – gritava minha mãe da cozinha.
– Fica aí Camila, deixa que eu ajudo.- disse ele sorrindo e me dando uma piscadinha de olho.

Bill foi então à cozinha e ajudou minha mãe a trazer as coisas para o café da manhã até a mesa da sala.

– Oh, que amor! Muito obrigada meu querido. – disse minha mãe sorrindo para Bill.

Sentamos na mesa e começamos a tomar o café da manhã. Meu pai comentava sobre as noticias do dia, enquanto os outros a mesa pareciam estar completamente entediados com aquele assunto.
Quando minha mãe abriu o pacote de mortadela, aquele cheiro fez com que eu sentisse uma enorme vontade de vomitar. Então saí correndo até o banheiro, enquanto todos assustados olhavam para mim.

– O que aconteceu com essa menina? – disse o pai.
– Ela está assim desde o show, ela deve ter comido alguma coisa estragada lá.
– Show? Mas que show?

Bill ao perceber que aparentemente tinha dito alguma coisa errada, tentou se corrigir.

– Show é modo de dizer... É que umas bandinhas... gospel sabe, se apresentaram, aí a gente foi ver.
– Gospel? – perguntou a mãe.
– É, D. Lúcia, gospel. Tudo muito direitinho.
– E eles não se assustaram com aquele seu cabelo?
– A Camila, já pensando nisso preferiu que a gente ficasse do lado de fora. Mas nós não demoramos muito lá não. Estava ficando muito tarde, então resolvemos ir embora.
– Viu Lúcia como ele é responsável? Se fosse outro teria levado nossa filha para uma dessas boates que aparecem na TV. O que acontece lá é um horror! Um horror!

Continuaram a tomar o café da manhã, enquanto eu ainda enjoada assistia televisão.

Postado Por: Grasiele

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