sábado, 15 de outubro de 2011

Tantchen - Capítulo 1 - We Belong Together


“Eu nunca senti o que estou sentindo agora
Que não ouço a sua voz
Não o toco nem o beijo
Porque não tenho escolha
O que eu não daria
Para tê-lo ao meu lado
Bem aqui,
Porque, baby...?”
(Mariah Carey – We Belong Together)


-Lorena, pelo amor de Deus vem almoçar! – gritou Fabrícia na ponta da escada para sua filha.

Lorena tem 14 anos e desde que o pai Bernardo morreu há três anos ela nunca mais foi à mesma. Fabrícia havia engravidado precocemente aos 15 anos. Seu pai não aceitou então Fabrícia teve que ir morar na casa de Bernardo junto com sua sogra. Bernardo tinha 23 anos na época e a assumiu bravamente, depois de cinco anos compraram sua própria casa e foi cuidar da filha única Lorena. Mesmo muito nova Fabrícia sempre fora muito madura e responsável.

-Lorenaaaaaa, filha... Você vai perder a hora! – mais uma vez a mãe a chamou.

Fabrícia era uma mulher bonita nada exagerada uma beleza simples mesmo com os seus 29 anos era mais alegre e mais jovem que a filha. Cabelos castanhos claros de olhos também castanhos ela era muito cobiçada o que fazia sua única filha ter muito ciúme. Mas Fabrícia sempre foi muito fiel a Bernardo, e quando morreu foi ela que ajudou a filha a superar a dor da perda do pai.
Lorena desceu e colocou sua própria comida. Almoçou em dois minutos e pegou sua mochila e partiu para o psicólogo que fazia todos os sábados...
Fabrícia apenas observou a filha, ela almoçou sem abrir a boca e saiu da mesma forma, sempre muda.

-Bernardo, me ajude meu bem onde você estiver me ajude a criá-la. – Fabrícia pediu com lágrimas nos olhos.

Ela almoçou e foi cuidar dos seus afazeres. Como era corretora de imóveis não tinha horário para trabalhar, como trabalha nesse ramo desde os 19 anos tinha um nome forte no mercado se permitindo trabalhar em casa para a sua imobiliária.
Depois dos seus afazeres pegou a chave do carro e foi mostrar mais uma casa para um de seus clientes.  Fechou a casa e foi até o jardim pegar o seu carro.  Fazia muito calor em Stuttgart naquele dia. Ela vestia um vestido azul discreto e tinha os cabelos soltos.

-Georg, quem é essa? – perguntou o rapaz de tranças negras.
-É minha vizinha. - respondeu o rapaz de cabelos loiros lisos.
-Ge, que vizinha é essa?
-Você vai ficar admirado com a quantidade de vizinhas lindas que temos aqui. Você esta aqui apenas há 10 dias. Tem muita gata aqui nesse bairro.
-Se todas forem iguais a essa. Estou feito.
-Rá!  Só que essa não é para o seu bico, ela é mulher. Viúva e tem uma filha de 14 anos.
-Faz mal não! Não ligo!
-Ta babando pela dona ai, Tom? - pergunta o amigo loiro de óculos que acabara de chegar.  – Essa aí todos a cobiçam e ela não dá bola pra ninguém.
-Já avisei para ele Gust, mas você não sabe que Tom se acha a última bolachinha do pacote.

Então avistaram Fabrícia virar o carro, baixar o vidro colocar os óculos escuros acenar para Gust e Georg e virar a esquina.

-Oi gente! – os três amigos que ainda estavam babando pela vizinha nem perceberam que Bill havia chegado. - O que estão fazendo? – perguntou Bill vendo os três amigos parados olhando para o horizonte.
- Nossa Bill de onde você surgiu?  Que susto!
-Bill do céu você não sabe o que eu acabei de ver. Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! – Tom gritou. –Ge você esta louco porque me beliscou?
-Tom, meu amigo essa aqui que esta com o Bill é a Lorena. Ela mora aqui na frente. Sabe? Aqui na frente?

Lorena achou estranho a maneira como Georg falava com o seu novo vizinho. Georg falava como se ele tivesse algum problema de audição.
- Oi Lory, vejo que já conheceu Bill! – exclamou Gust sentindo uma pontinha de ciúmes do novo morador.
- Oi Gust, sim vamos ao mesmo médico de louco. Graças a Deus hoje foi à última consulta. – Lorena disse rindo para os outros amigos.
-Lorena, quero que conheça meu irmão gêmeo Tom! – Bill disse vendo Tom vir dar um beijo em Lorena. Essa ficando roxa de vergonha.
-Prazer! – foi a única palavra pronunciada por ela. –Bom, vou para minha casa preciso falar com a minha mãe sobre o psicólogo.
-Sua mãe acabou de sair, Lory. A vimos sair agora mesmo.
-Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!  – a ficha de Tom caiu nessa hora que quase cometeu um mico gigante. Ge e Gust se olharam e não acreditavam na lerdeza do novo vizinho.
-Bom mesmo assim ela não gosta que eu fique na rua. Vou entrar eu saio a noite para conversarmos, ok?
-Chama a Alexia e a Katy na hora que você sair, ok? – disse Georg com um risinho de tarado no rosto.

Lorena assentiu com a cabeça e se afastou indo para sua casa. Entrou em sua casa e correu para o computador e viu que Alexia e Katy estavam on line e foi correndo contar a novidade. Preferiu um “janelão” para informar as duas ao mesmo tempo da situação.

-Meninas, vocês não sabem? Sabe aqueles irmãos gêmeos que mudaram aqui perto da minha casa do lado da casa do Georg e do Gust?
-Sei, sei! – adiantou-se Alexia a mais baixa e mais falante das três. –Mas, não os vi ainda.
-São uns gatos. Meu Deus... São uns Deuses. Um deles o Bill vai ao psicólogo no mesmo consultório que eu. Aí viemos juntos para casa.
-Ai, Lory você já deu o bote? – indagou Katy a mais velha das três e a mais ajuizada também.
-Olha vamos nos reunir no porão da casa do Georg hoje para jogar conversa fora. Apareçam, ok? Olha vou tomar banho e estudar nos encontramos às 19h na casa do Georg ok?
- Estudar? Lory hoje é sábado pelo amor de Deus...
- Eu sei... Mas fiquei para recuperação e prometi para minha mãe que ia me esforçar.
-E vocês já ficaram de bem? – pergunta Alexia.
-Ain, Alexia... Sei lá... Amo minha mãe, ela é batalhadora, linda... Mas, sinto falta do meu pai.
-Eu sei Lory, mas parece que você a culpa pela morte do seu pai, ela o amava e todos sabem disso! – comentou Alexia.
- Eu sei, Alexia! Talvez essas idas ao psicólogo me deixe menos amargurada e agora com o Bill aqui perto quem sabe, né?
- Nossa já esta amando? – perguntou Katy.
-Acho que sim. Bom vou indo e depois vocês olhem para os olhos dele e vejam se não é digno de se apaixonar. Beijos meninas.

Lorena ficou off e foi tomar banho, ao sair estudou por duas horas como havia prometido para sua mãe.  Já eram 18h quando ouviu o carro de sua mãe estacionar na garagem. Ouviu o bip do alarme e a porta da cozinha batendo.

-Lory... Cheguei!
-To aqui em cima, mãe!
-Querida desça, quero conversar com você!

Lorena desceu as escadas correndo e com um sorriso no rosto. Fabrícia achou estranho não via a filha sorrir a muito tempo.
-Fala, mãe!
-Você vai sair, Lory?
-Não vamos ficar na casa do Georg conversando.
-Lory, não preciso dar instruções, né? Esses moços já tem mais de 18 anos. Você é a mais nova de todos ali, Alexia já tem 17 anos e Katy 18 anos são mais velhas então as mães ficam um pouco mais tranqüilas. Cuidado!
-Mãe eu já sei tudo isso, esse monte de bla, bla, bla...– Lorena concluiu a frase e apenas disse. – To com o celular as meninas estarão lá também. Tchau.

Fabrícia apenas observou a filha sair de casa e suspirou tinha medo que a filha cometesse o mesmo erro que ela nessa idade. Se apaixonou por um rapaz bem mais velho e acabou da forma mais complexa possível. Não queria esse destino para sua filha. Foi até a adega que ela tinha no sótão da casa pegou um vinho abriu e lhe serviu uma taça, e foi para a varanda sentar na enorme cadeira que ela havia comprado numa loja de antiguidades. Tirou os sapatos e começou a beber o vinho a noite estava linda.
Começou a pensar na vida. Ela era bem sucedida, tinha uma casa linda. Bernardo morreu e lhe deixou muito bem também. Sentiu saudades de Bernardo e das suas conversas naquela varanda. De como ele era carinhoso, de como ajudava Lorena nas lições e em tudo o que ela fazia.Tinha muita pena da filha, pois perderá um pai maravilhoso. E com essas lembranças que deixou as lágrimas caírem.
Pegou a garrafa ao seu lado e encheu seu copo mais uma vez.

-Lorena, você não vem? Ta fazendo o que aí soz...

Fabrícia com o grito que o rapaz deu assustou-se e deixou a taça de vinho cair em seu vestido.

- Quem é você? Ta louco chegar aqui na minha casa e gritar assim...?

Postado Por: Grasiele

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