quinta-feira, 27 de outubro de 2011

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 2 - Atrasada!

 (contado pela Kate)

      Cheguei em casa furiosa. Minha mãe estava sentada no sofá se agarrando com seu namorado, deixou a TV ligada só pra dizer que estava assistindo. Fechei a porta com toda força só pra ela notar que eu havia chegado. Ela me fuzilou com o olhar, fiquei sem graça e subi pro quarto.

      Estava olhando o estrago da minha roupa, quando ela bate na porta e entra.

           - E ai, como foi o primeiro dia?
           - Perfeito. – disse.
           - E já conseguiu algum amigo?
           - Mãe, olha pra minha bunda e responda a seguinte pergunta: Acha que conseguiria algum amigo assim?
           - O que houve com sua roupa?
           - Escorreguei e cai de bunda no suco de uva.
           - E quem foi o idiota que derramou suco justamente pra uma desastrada como você cair?
           - Obrigada. Valeu mesmo mãe.
           - Quero dizer... mas você gostou do colégio, não é?
           - É legal, tirando algumas pessoas.
           - E de quem é aquela blusa? – perguntou ela apontando.
           - De um garoto com alma caridosa.
           - Um garoto é? – ela sorriu.
           - É sim, por quê?
           - Nada.
           - É melhor descer e fazer companhia pro seu namorado. Vou tomar um banho e colocar essa roupa pra lavar.

      Assim ela fez. Me deixou sozinha, e antes de entrar pro banheiro pra tomar banho, olhei mais uma vez pra minha bunda.

      Na manhã seguinte...

      Dormia tranquilamente, quando algo no meu inconsciente me alertava: não acha que está atrasada pro colégio? Abri os olhos, e olhei pro relógio. 6h30.

           - Meu Deus! Tô atrasada!

      Saltei da cama e fui direto me arrumar. O ônibus passa exatamente as 6h45, e não espera por ninguém. Me vesti tão rápido que não deu tempo nem de arrumar o cabelo, o jeito foi passar a mão. Desci as escadas saltando os degraus, tropecei e cai.

           - Kate, está tudo bem ai? – pergunta minha mãe lá da cozinha.
           - Acho que sim. – disse me levantando.

      Sai de casa correndo, não tomei nem o café. Cheguei ao ponto, e cadê o ônibus? Já estava dobrando a esquina. Respirei fundo tentando manter a tranqüilidade.

           - Que porra de tranqüilidade que nada! – disse gritando na rua. – Agora vai ter que ir andando. Vai chegar suando igual uma porca!

      Um casal passava pela rua, me viram gritando daquele jeito e passaram pro outro lado. A moça segurou firme na mão do rapaz e começou a andar mais rápido. Além de atrasada, sou louca!

      Comecei a andar. Cheguei ao colégio no final do segundo horário, e a próxima aula era de educação física. Fui direto pro vestuário, me troquei e segui para a quadra. Fiquei sentada na arquibancada admirando os meninos jogar basquete. Meu Deus, que miragem!

           - Passa a bola Tom! – gritou um garoto.
           - Desgraça, não tá vendo que to livre? – gritou outro.
   
      Nunca escutei tanto palavrão em minha vida. A professora chegou e apitou, avisando que o horário deles havia terminado. Os meninos começaram a sair. Havia uma mochila do meu lado, e logo o dono se aproximou. Tom pegou sua mochila e saiu andando tranquilamente. Aposto que se eu fosse uma gostosona, ele teria olhado, mas como não sou...

           - Muito bem meninas, vamos aquecer. – disse a professora.

      Fomos para o meio da quadra e começamos com os exercícios. O esporte que praticaríamos, seria vôlei. E como eu sou ótima – mentira -, as meninas com certeza me escolheriam. Fui a última a ser escolhida.

      Todas estavam em seus devidos lugares, e eu lá boiando sem saber onde ficar.

           - Ô garota, você por acaso é burra ou o quê? Não sabe que deve ficar daquele lado? – disse uma loirinha.

      Se ela tava dizendo que eu tinha que ficar daquele lado, era pra lá que eu iria. Me posicionei, e o jogo começou.

      Meia hora depois...

      Sai da quadra, não muito suada. Fui surpreendida por Bill.

           - Ei, ei, ei. – ele me chamou.
           - Bill, oi.
           - Já está se sentindo melhor?
           - Um pouco.
           - E como foi o segundo dia?
           - Ah, foi maravilhoso.
           - Sério?
           - Não. Acordei atrasada, perdi o ônibus, tive que vir andando, cheguei no final do segundo horário, pratiquei vôlei, recebi dez boladas na cara, e  pra fechar com chave de ouro, marquei sete pontos.
           - Sete pontos? Que legal!
           - Sete pontos para o time adversário. Provavelmente as meninas estão com vontade de me matar.
 
      Ele riu.

           - Você disse que o segundo dia ia ser legal. – disse.
           - Mas não poderia imaginar que com você é diferente. – disse ele rindo. – Vai fazer o quê hoje à noite?
           - Nada.
           - Tá a fim de ir numa festa?
           - Está me convidando pra sair?
           - Estou... eu acho.

      Fiquei sem palavras. Nenhum garoto NUNCA me chamou pra sair. Que emoção!

           - E ai, topa?
           - Ta legal.
           - Passo na sua casa às 7h00.

Postado Por: Grasiele

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