(contado pela Kate)
Cheguei em casa furiosa. Minha mãe estava sentada no sofá se agarrando com seu namorado, deixou a TV ligada só pra dizer que estava assistindo. Fechei a porta com toda força só pra ela notar que eu havia chegado. Ela me fuzilou com o olhar, fiquei sem graça e subi pro quarto.
Estava olhando o estrago da minha roupa, quando ela bate na porta e entra.
- E ai, como foi o primeiro dia?
- Perfeito. – disse.
- E já conseguiu algum amigo?
- Mãe, olha pra minha bunda e responda a seguinte pergunta: Acha que conseguiria algum amigo assim?
- O que houve com sua roupa?
- Escorreguei e cai de bunda no suco de uva.
- E quem foi o idiota que derramou suco justamente pra uma desastrada como você cair?
- Obrigada. Valeu mesmo mãe.
- Quero dizer... mas você gostou do colégio, não é?
- É legal, tirando algumas pessoas.
- E de quem é aquela blusa? – perguntou ela apontando.
- De um garoto com alma caridosa.
- Um garoto é? – ela sorriu.
- É sim, por quê?
- Nada.
- É melhor descer e fazer companhia pro seu namorado. Vou tomar um banho e colocar essa roupa pra lavar.
Assim ela fez. Me deixou sozinha, e antes de entrar pro banheiro pra tomar banho, olhei mais uma vez pra minha bunda.
Na manhã seguinte...
Dormia tranquilamente, quando algo no meu inconsciente me alertava: não acha que está atrasada pro colégio? Abri os olhos, e olhei pro relógio. 6h30.
- Meu Deus! Tô atrasada!
Saltei da cama e fui direto me arrumar. O ônibus passa exatamente as 6h45, e não espera por ninguém. Me vesti tão rápido que não deu tempo nem de arrumar o cabelo, o jeito foi passar a mão. Desci as escadas saltando os degraus, tropecei e cai.
- Kate, está tudo bem ai? – pergunta minha mãe lá da cozinha.
- Acho que sim. – disse me levantando.
Sai de casa correndo, não tomei nem o café. Cheguei ao ponto, e cadê o ônibus? Já estava dobrando a esquina. Respirei fundo tentando manter a tranqüilidade.
- Que porra de tranqüilidade que nada! – disse gritando na rua. – Agora vai ter que ir andando. Vai chegar suando igual uma porca!
Um casal passava pela rua, me viram gritando daquele jeito e passaram pro outro lado. A moça segurou firme na mão do rapaz e começou a andar mais rápido. Além de atrasada, sou louca!
Comecei a andar. Cheguei ao colégio no final do segundo horário, e a próxima aula era de educação física. Fui direto pro vestuário, me troquei e segui para a quadra. Fiquei sentada na arquibancada admirando os meninos jogar basquete. Meu Deus, que miragem!
- Passa a bola Tom! – gritou um garoto.
- Desgraça, não tá vendo que to livre? – gritou outro.
Nunca escutei tanto palavrão em minha vida. A professora chegou e apitou, avisando que o horário deles havia terminado. Os meninos começaram a sair. Havia uma mochila do meu lado, e logo o dono se aproximou. Tom pegou sua mochila e saiu andando tranquilamente. Aposto que se eu fosse uma gostosona, ele teria olhado, mas como não sou...
- Muito bem meninas, vamos aquecer. – disse a professora.
Fomos para o meio da quadra e começamos com os exercícios. O esporte que praticaríamos, seria vôlei. E como eu sou ótima – mentira -, as meninas com certeza me escolheriam. Fui a última a ser escolhida.
Todas estavam em seus devidos lugares, e eu lá boiando sem saber onde ficar.
- Ô garota, você por acaso é burra ou o quê? Não sabe que deve ficar daquele lado? – disse uma loirinha.
Se ela tava dizendo que eu tinha que ficar daquele lado, era pra lá que eu iria. Me posicionei, e o jogo começou.
Meia hora depois...
Sai da quadra, não muito suada. Fui surpreendida por Bill.
- Ei, ei, ei. – ele me chamou.
- Bill, oi.
- Já está se sentindo melhor?
- Um pouco.
- E como foi o segundo dia?
- Ah, foi maravilhoso.
- Sério?
- Não. Acordei atrasada, perdi o ônibus, tive que vir andando, cheguei no final do segundo horário, pratiquei vôlei, recebi dez boladas na cara, e pra fechar com chave de ouro, marquei sete pontos.
- Sete pontos? Que legal!
- Sete pontos para o time adversário. Provavelmente as meninas estão com vontade de me matar.
Ele riu.
- Você disse que o segundo dia ia ser legal. – disse.
- Mas não poderia imaginar que com você é diferente. – disse ele rindo. – Vai fazer o quê hoje à noite?
- Nada.
- Tá a fim de ir numa festa?
- Está me convidando pra sair?
- Estou... eu acho.
Fiquei sem palavras. Nenhum garoto NUNCA me chamou pra sair. Que emoção!
- E ai, topa?
- Ta legal.
- Passo na sua casa às 7h00.
Postado Por: Grasiele
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