quinta-feira, 27 de outubro de 2011

E Se Fosse Verdade? - Capítulo 1 - Primeiro dia!

(Contado pela Kate)

      Tudo começou quando me mudei para Hamburgo. Minha mãe teve essa incrível idéia graças ao seu trabalho. Ela é estilista, então se adaptaria a qualquer lugar, ao contrário de mim, que nunca fui tão bem aceita pelas pessoas. Não costumo ter muitos amigos, é muito raro quando consigo chegar num colégio novo e já fazer uma amizade. De alguma forma as pessoas me acham... estranha.

       Eu costumava ser uma anônima, um nada, uma ninguém. Era a manhã do meu primeiro dia de aula. Respiro fundo e passo pelas portas, tentando ficar fora do caminho de todos que me olham estranhamente. É meu primeiro ano, e estarei aqui pelos próximos dois – que tristeza -, esperando que alguns daqueles garotos populares pisquem pra mim e digam “sabe que eu nunca tinha visto você por aqui, antes?”.

      Atravessava um corredor, que por todos os lados havia armários. Estava tentando encontrar o meu. Fui seguida pelos olhares até que finalmente encontrei. O abri e comecei a arrumar minhas coisas. Olhei num papel qual seria o próximo horário. Aula de matemática. Peguei o livro, e tudo que precisava. Fechei o armário, e já estava caminhando. Notei que havia deixado algo cair no chão. Me abaixei para pegar. Me levantei, e com quem eu esbarro? Tom Kaulitz, o garoto mais popular.

           - Você por acaso é cega? – perguntou ele. – Da próxima vez, olha por onde anda. – ele continuou andando.

      Alguém ai pode me ajudar a cavar um buraco no chão pra eu poder enfiar o meu rosto dentro? Olhei ao redor, e todos estavam rindo de mim. Que humilhação! Mal cheguei e já pago um mico! Não sabia se recolhia os livros do chão e seguia em frente, ou se pedia desculpas a ele e depois recolheria os livros.

           - Desculpa. – disse gaguejando.

      Ele bem que poderia olhar para trás e dizer que estava tudo bem. Mas não, ele nem se importou. Falei tão baixinho que é bem possivel que só eu tenha escutado. Me ajoelhei no meio do corredor, e comecei a recolher tudo. Após isso, fui direto para a sala.

      Me sentei ao lado de uma garota com cabelos negros. Ela me olhou de cima a baixo antes de prestar atenção no professor. Senti-me como um alienígena que havia acabado de chegar a Terra.

      O sinal toca avisando que era hora do intervalo. Guardei minhas coisas no armário, depois segui para o pátio. Comprei um lanche, e a primeira mesa que avistei, me dirigi para sentar. Estava cheia de garotas. Assim que me sentei, todas se levantaram e saíram. Fiquei mais uma vez sem reação. É melhor eu ficar bem quietinha, assim ninguém irá perceber o que acabou de acontecer. Pensei.

      Enquanto comia, dois garotos passaram por mim e nem se deram o trabalho de olhar. Não liguei. De longe avistei Tom e seus amigos, estavam sentados em outra mesa, um pouco distante. Eles riam, e eu admirava cada sorriso.

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(Contado pela 3º pessoa)

           - Quer dizer que você e a Amanda terminaram mesmo? – pergunta John.
           - Eu terminei com ela. – disse Tom. – Mas estou querendo voltar.
           - E porque não chega nela e diz?
           - Ter que admitir que errei? Nunca!
           - O que pretende fazer?
           - Antes de voltar com ela, arranjarei alguém para colocar ciúmes.

      Neste momento Amanda passa pelo local com sua melhor amiga. As duas estavam vestidas com mini saia branca e blusa cor de rosa. Era a farda das lideres de torcida. Os meninos todos viraram seus pescoços para poderem vê-las.

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(Contado pela Kate)

      Terminei o lanche, então juntei tudo e sai. Carregava em minhas mãos uma bandeja com as coisas. Distraída, acabei não percebendo que alguém havia derramado suco no chão. Pisei bem em cima. Foi o bastante para eu escorregar e cair de bunda no chão. Fiquei imóvel e roxa de vergonha. Agora sim estou acabada. Uma alma caridosa veio me ajudar a levantar, enquanto os outros rachavam de tanto rir. Resultado: fiquei com a bunda suja de suco de uva. Corri feito uma louca pro banheiro.

           - Que ótimo! Não bastasse esbarrar nele, agora cai de bunda no chão. Como você tem sorte! – disse a mim mesma enquanto tentava me limpar.
           - Está falando com alguém ou tem algum tipo de problema?

      Me virei imediatamente. Um garoto estava dentro do banheiro feminino, sentado no chão, lendo um livro.

           - Acho que errou de porta. Esse banheiro é feminino. – disse.
           - Você que é distraída demais. Esse banheiro é masculino.
           - O quê? Mais que droga! Hoje simplesmente não é o meu dia!

      Ele começou a rir então se levantou e chegou mais perto.

           - Relaxa. Este é o feminino.
           - E o que faz aqui? – perguntei.
           - As garotas costumam usar o banheiro do vestuário, e este fica abandonado. Então venho aqui para ler.
           - Não sente vergonha? Quero dizer... este é o feminino!
           - Eu sei. Mas já estou acostumado com as brincadeirinhas.
           - E poderia me dar algumas dicas?
           - Você não precisa disso.
           - Quem disse? Só hoje paguei inúmeros micos.
           - Primeiro dia de aula, certo?
           - Um-hum.
           - É normal cometer algumas loucuras. Mas verá que amanhã tudo estará bem de novo.
           - Tomara.
           - Ah, nem me apresentei. Sou Bill.
           - Kate.
           - Quer ajuda ai atrás?
           - Seria bom.

      Bill abriu sua mochila e pegou sua blusa.

           - Coloca isto. Vai ficar enorme em você, então vai dar para tampar.
           - Mas...
           - Você me devolve amanhã.
           - Não tem medo que eu seja uma maluca e nunca mais apareça com sua blusa?
           - Maluca eu sei que é. Mas sei também que seria incapaz de sumir.

Postado Por: Grasiele

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