segunda-feira, 18 de julho de 2011

Nós Dois (Continuação) - Capítulo 21



Acho que eu estava perdendo medo de estar com ele. Aquele medo que sempre tive de dizer a coisa errada, de fazer a coisa errada.
Quando entrei fui direto para o quarto. Monica ainda dormia, eu me deitei ao lado dela e esperei ela acordar pelo meus movimentos.
Segundos depois ela resmungou.
Monica: Huum, já chegou?
Mila: Ele acabou de me deixar aqui.
Monica: Perdeu o medo? - Falou ainda de olhos fechados.
Mila: De?
Monica: De falar de algo mais sério com ele.
Mila: Não precisou.
Ela abriu um dos olhos me encarando.
Monica: Não?
Eu me virei de bruços apoiando meus cotovelos no colchão.
Mila: Ele disse que me ama, Monica, ele disse que me ama.
Monica: E dai? Ela já disse isso, na Alemanha.
Mila: Você sabe que quando ele diz isso, não é por dizer, não é?
Monica: Sei.
Mila: Monica, eu..eu estou sem saber o que fazer. Eu não sei se é possível me apaixonar mais por ele.
Monica: Ooo tadinha. - Ela falou rindo.
Mila: A gente se aproximou tanto, fomos ao mercado juntos comprar comida para os cachorros, brincamos com chantilly, eu fiz sanduíche pra ele.
Monica: Hahaha, ta de sacanagem? Então é namoro mesmo?
Mila: Digamos que a gente ta junto, mesmo, de verdade. Entende?
Monica: Ai caramba, por que esse novo status me deixa um pouco mais preocupada?.
Mila: Por que?
Monica: Porque ele já se achava sem dono antes, imagina agora. E a questão fidelidade? Conversaram sobre isso?
Mila: Não, mas acho que não era preciso, ele sabe que todo esse tempo isso foi o que atrapalhou, sabe que agora tem que ser diferente. Mas não, eu ainda não confio totalmente nesse sentido nele.
Monica: Que bom.
Eu me levantei da cama e fui para o meu armário trocar de roupa.
Mila: A única coisa que eu tinha medo era de falar algo que não deveria, entende? As vezes eu acho que o conheço tão bem, e as vezes penso que não sei nada sobre ele.
Monica: Mila, eu espero mesmo que de tudo certo, e digo, não de vocês ficarem juntos, to falando em relação as brigas de vocês e do ciumes doentio que ele tem de você. Ele é muito neurótico em relação a isso.
Mila: Eu sei, e eu gosto. - Falei sorrindo.
Monica: Agora, só toma cuidado com uma coisa. Paparazzis e fãs locas, e evitem, os dois, de darem piti na rua, por favor.
Mila: Ninguem nunca viu nada Monica.
Monica: Ha claro, mas o que viram, aquele lance das stalkers em Hamburgo já foi bem polemico o suficiente.
Mila: Eu sei.
Troquei de roupa vestindo meu short jeans e um top branco. Joguei meu vestido no armário, e só agora lembrava que meu vestido vermelho havia ficado no braço do sofá da varanda, ainda molhado.

Mila: Hum merda, esqueci me vestido lá, e minha calcinha, e meu corpete. Merda, merda. E as meias tambem.
Monica: Hahahaha. Meu Deus, só não esqueceu a cabeça porque ta colada no pescoço. E por que voltou tão cedo?
Mila: Huum, ai meu dedo, droga. Ham? - Quase fechei meu dedo na porta do armário. - Segunda eu tenho prova, ta loca? Tenho que estudar. Disso, pelos menos, não esqueci.
Monica: Haaaaaaaa, esqueci, sua mãe ligou, queria falar com você, parecia urgente.
Mila: Ham? Sério? Minha mãe querendo falar urgente comigo?
Monica: Não, ela não falou que era urgente, mas parecia.
Mila: Ta, vou ligar para ela.
Monica: Ta eu vou tomar banho, depois quero saber detalhes da noite.

Quando peguei o telefone para ligar para minha mãe, logo pensei no que poderia ouvir. E parecia ser certo que alguma coisa não muito boa estava por vir. Como tudo em minha vida, nada ficava bem por muito tempo, não tudo ao mesmo tempo.
Quando comecei a falar com ela ao telefone, ela logo me perguntou dos gastos com a faculdade.
Mila: Mãe, eu tenho trabalhado, já é uma grande ajuda.
- Não é isso, seu padrasto perdeu o emprego e...
Mila: Ham? E como você tem me mandado dinheiro?
- Angela tem mandando tudo.
Mila: Como assim? Ela não tem tanto dinheiro pra me mandar, mãe, eu não posso deixar que ela me sustente aqui.
- Filha, mas era o que você mais queria, e ela quer te apoiar. 
Mila: Mas por que ela não me falou nada? Ela deve estar se matando para me mandar dinheiro, já que o que ela manda é bastante, até desnecessário.

Era pior do que eu imaginava, na verdade não se era tão inesperado, porque eu tinha em mente voltar para a Alemanha, mas agora por causa do Tom, eu pensava em desistir da ideia. Sim, porque eu ainda considerava isso. Porque alem de não me sentir confortável com muitas outras coisas aqui, fazer minha tia pagar para eu ficar perto do meu namorado era absurdo.
Agora, eu só pensava em como resolver isso, eu pensava na possibilidade de voltar para Hamburgo, mas não tinha planejado isso. E antes se eu voltasse, seria sim uma tentativa de punir Tom, mas agora eu estava morrendo de medo de ficar longe dele.

- Mila, para de ser teimosa, sua tia tem pago seus estudos com prazer, porque ela quer ver você feliz nas suas escolhas.
 
Mila: Ta, mas se eu disser que não fico feliz em ser completamente sustentada por outra pessoa por causa de um capricho meu? Eu não quero isso.

Eu queria explicar o porque de tudo, mas para ela eu não podia. Na verdade o meu objetivo em vir para os Estados Unidos não era realmente estudar, porque eu poderia ter feito uma ótima faculdade na Alemanha, era em primeiro lugar, sair de perto do que me atormentava.
Mila: Eu tenho que falar com a minha tia, depois eu falo com você mãe, deixa eu desligar se não gasto muito.

Monica quando chegou na sala, me encontrou no sofá pensativa, olhando para o chão. Eu queria pensar em algo, apesar de já ter certeza do que deveria fazer.
Monica: Mila? O que foi?
Mila: Eu vou ter de voltar pra Alemanha.
Monica: HAM? Por que?
Mila: Minha tia ta se matando pra me manter aqui, minha mãe não esta mais mandando dinheiro, meu padrasto perdeu o emprego, já a 3 meses.
Monica: E tu decidi assim? Vai voltar pra la de repente, e o Tom?
Mila: Ai meu Deus, parecia tão fácil tomar essa decisão a dias atrás.
Monica: Olha, você sabe que eu volto com você, mas você queria voltar por causa do Tom e...
Mila: E ele tambem mora na Alemanha, ele vive lá.
Monica: Mas não é a mesma coisa, ele mora aqui na verdade, vai sempre lá, mas não é toda semana.
Mila: Merda, merda.
Abaixei minha cabeça em minhas pernas respirando fundo.
Monica: Vai falar com ele?
Mila: Eu não tenho nada pra falar agora, tenho que ligar pra minha tia.

Liguei para minha tia com Monica ao meu lado. Como eu esperava, ela foi o mais compreensiva possível dizendo que eu não tinha de me preocupar com isso, porque se era o que eu queria, ela pagaria sem se preocupar com os gastos.
Mila: Tia, quando eu vim pra cá a gente combinou que eu iria pagar algumas despesas com algum trabalho que eu fazia questão de arrumar, e minha mãe ajudaria, não que você pagaria tudo pra mim, não, não dessa forma, eu não concordo com isso.

- Mas você queria tanto essa faculdade. 

Mila: Ai que ta, eu não sei se é isso que eu quero mesmo, e acho um absurdo ficar aqui por um capricho, eu vou pensar em uma forma de voltar.

Eu desliguei sem deixar ela tentar me convencer de ficar. Na minha cabeça era claro o que eu deveria fazer, mesmo com as dores que isso traria, eu odiava que minhas futilidades dependessem do dinheiro de outras pessoas. Não que a faculdade fosse uma futilidade, mas era apenas um meio que eu encontrei de sair da Alemanha. Somente eu sabia o quanto isso havia sido um erro, e eu ainda envolvi Monica nisso.

Monica: Mila, tem certeza?
Mila: Acho que sim.
Monica: Eu acho que você ta agindo por impulso.
Mila: Como eu fiz quando vim pra cá.
Monica: Agora que ta tudo bem entre vocês dois?
Mila: Monica, chega, eu tenho que fazer alguma coisa, e a única solução agora é voltar.

Um comentário:

  1. olá , eu já sou fã desta história há muito tempo, mas esta historia deixou de estar disponível onde a lia, e demorei a encontrá-la novamente.
    Quero felicitar esta autora,já li muitas fanfics,mas esta sem duvida é a melhor que já li.Não pares de escrever por favor! Se possível continua esta história, obrigada pelos momentos de leitura que me proporcionaste!
    Se tens mais histórias escritas contacta-me por e-mail por favor, ana.rim@hotmail.com , obrigada

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