sexta-feira, 8 de julho de 2011

Nós Dois - Capítulo 9

                               Mila sua doida, o que você esta fazendo?

Nessa Sexta, na aula, tive de contar tudo que Tom queria comigo ontem pra Monica. O professor já estava ficando de saco cheio de nós duas, pois toda vez Monica me cutucava o braço perguntando algo.
Monica: Haha. O que? Ele disse isso? Veneno nos seus lábios? Affe ele já te comeu, o que mais ele quer?
Mila: Hahaha, ai Monica, sei la.
Monica: E hoje vocês não vão se encontrar?
Mila: Não. Só amanha.
Monica: U la la. - Eu revirei os olhos.

Quando cheguei em casa com minha tia. Deixei meus deveres pra mais tarde e fui para o quintal molhar o jardim e as flores. O tempo estava começando a ficar ainda mais frio, então sai de casaco.
Escutei alguem me chamando do outro lado, o mesmo assobio do outro dia. Me virei, e Peter me chamava do muro da segunda casa depois da minha.
Peter: Oi. Tudo bem?
Mila: Tudo bem Peter. - Falei me virando novamente.

Eu não o estava ignorando por ele não ser atraente, não era isso, nem lhe dava muita conversa pelo mesmo motivo. Mas é que eu não gostava desses meninos abusados e chatos, daqueles que puxavam o cabelo das meninas no colégio. Ele parecia ser um típico.
Mas não era feio. Tinha um porte físico até interessante, os cabelos loiros dourados, caindo sobre os olhos azuis.

Peter: Posso ir até ai? - Eu me virei levantando a sobrancelha.
Mila: É, pode né.
Ele desceu de alguma coisa la trás que o deixava mais alto, e correu pela rua até o quintal de minha tia entrando pelo pequeno portão de madeira.
Peter: Oi! - Falou sem graça.
Mila: Oi!
Peter: Sua tia ta ai?
Mila: Ta sim, ta la dentro. Quer falar com ela?
Peter: Ha, não não.
Eu continuava molhando as plantas enquanto ele observava.
Peter: Você disse que veio do Brasil né? - Eu concordei balançando a cabeça. - É eu..eu achei você diferente, tipo...bonita..ééé, tem uma beleza diferente das meninas daqui.
Mila: Huum, isso foi um elogio.
Peter: Claro, você é mesmo bonita.
Mila: Ham, obrigada. - Falei se jeito.

Conversamos um pouco depois disso. Resolvi dar uma chance a ele, tadinho. Ele estava sendo educado e delicado, diferente de algumas pessoas. Não que eu não gostasse dessa tal "indelicadeza", mas.
Peter: Você pode ir la em casa quando estiver sozinha. - Ele engasgou. - Digo, eu sempre vejo você andando por ai sozinha, achei que quisesse um amigo.

Sozinha? Ele me via andando sozinha por ai? O que mais que ele me via fazendo?
Enquanto ele falava, eu vi no final da rua o carro de Tom se aproximando da rua que dava para o estúdio. Eu olhei pra Peter assustada e o puxei para perto da porta da casa onde plantas encobriam a entrada.
Peter: O que foi?
Mila: Nada. É que eu pensei que estava chuviscando.
Peter: Ha não, com esse frio, não vai chover tão cedo, pode começar a nevar mas a chover não.
Mila: Haam, legal.

Quando olhei novamente pra rua o carro dele havia sumido. Devia ter entrado na rua de sempre. Como ele ainda não sabia qual das casas da rua era a minha, eu tinha me safado bem agora.
Depois de me despedir de Peter, parei pra pensar o porque de ter me escondido ou esconder Peter. Não tinha motivo pra isso. Peter era uma amigo, e Tom não era meu namorado. Talvez eu preferiria que ele tivesse feito o mesmo com aquela garota no posto outro dia.
Mas eu pensava agora que havia sido ma ideia ter me aproximado de Peter, ele era meu vizinho, e parecia saber sempre quando eu saia. Ele iria querer me acompanhar quando eu fosse dar as minhas voltas pelo bairro. Tenho certeza disso. Droga.

Como amanha era Sábado, deixei meus deveres para fazer bem mais tarde. E como eu não conseguiria dormir mesmo por causa de amanha. Eu pelo menos distrairia minha cabeça com a matéria.
Já era quase meia noite quando ele me ligou. Eu olhei no visor, depois suspirei fundo e atendi.

- Ta acordada ainda?

Mila: Haha, pra quem acorda as 5 é difícil ficar em pé né? Mas to sim, não to conseguindo dormir.

- Eu to no studio. Ta cheio de gente aqui. Eu até tentei dar uma saída, mas Bill não deixou.

Mila: Não, não faça isso, não quero que prejudique o trabalho de vocês.

- Não, mas eu estou sendo prejudicado. - O som do riso dele no telefone me fez entender logo o que era.

Mila: Ha, entendi.

- Entendeu, né?

Mila: Aham!

- Amanha você da um jeito em mim?

Eu comecei a ficar intensamente excitada com a conversa. E suspirei no telefone.

- O que foi?

Mila: Você ta me deixando excitada. - Ele riu.

- E eu acabei de ficar, pensando em você molhadinha.

Pronto, era o que eu precisava para não conseguir dormir mais mesmo, a noite inteira. Eu já apertava minha mão entre as pernas delirando, quando minha tia bateu na porta.

Mila: Eu tenho que desligar, minha tia ta batendo aqui.

- Ok, amanha eu te ligo.

Mila: Ta!

Desliguei correndo e fui abrir a porta. Minha tia me chamou para comer pipoca com ela e assistir teve la em baixo.
Mila: Pipoca? Sério? Com manteiga?
Angela: Éééé Mila. No Brasil não tem pipoca com manteiga não?

Haha, espertinha. Eu larguei um pouco meus deveres e desci para comer.

No dia seguinte acordei ajudando minha tia arrumar a casa, a lavar roupas e passar. Minha mãe ligou pela segunda vez depois de duas semanas que eu já estava aqui. Ela insistia com minha tia que queria mandar dinheiro para mim. Mas minha tia dizia que não era preciso, que me daria tudo que eu precisava, e que eu ganhava uma mesada semanal tambem.
Depois que meu pai morreu, tudo que minha tia mais queria era que eu viesse morar com ela. Ela e meu meu pai eram muito unidos. E minha mãe e ela nunca se deram muito bem. Ela me ter aqui, morando com ela, era um prazer, ela repetia sempre.
Falei o básico com minha mãe, da escola, de como estavam as coisas aqui na casa. Ela disse estar com saudade, eu não falei nada. Eu ainda tinha ódio.

A noite vendo minha tia se arrumar conversamos um pouco sobre onde ela iria esta noite. Ela sairia para jantar com o namorado de 2 anos já. Ele era professor de outra escola onde ela já havia dado aulas. Ela ainda era jovem, tinha apenas 35 anos, e era bonita. Tinha cabelos castanhos claros na altura do ombro e olhos azuis acinzentados. Nunca havia se casado ou tido filhos porque preferiu se dedicar a profissão, professora de línguas, Francês, Alemão e Português.

Angela: Mila, eu não sei, mas provavelmente eu não vou dormir em casa. Você tranca as portas depois que eu sair ok. Não vai ter problema mesmo né?

Eu só consegui escutar a parte em que ela dizia "Mila eu provavelmente não vou dormir em casa". WTF? Não podia ser, não podia ser melhor do que ficar a noite sozinha, mas que ficar a madrugada inteira "sozinha".
Mila: Ham? Ha tia, não vai ter problema, não mesmo. Não se preocupa comigo, eu sei me cuidar. Vai se divertir e não se importa com a hora, não precisa acordar cedo no Domingo para voltar pra casa correndo.

Fui convincente? Eu estava quase pulando de felicidade.
As 8 horas ela saiu com o carro. Eu entrei correndo para ligar para Tom, no celular já tinha 3 chamadas perdidas dele. Eu então liguei de volta.

Mila: Minha tia já saiu.

- Eu queria levar você pra casa, mas você disse que não pode ir muito longe, não é?

Mila: Não, nem pensar, ela pode ligar aqui pra casa.

- O problema é que aqui no studio...

Mila: Você já esta no studio?

- Sim estou...huum. O problema é que aqui eu só tenho um sofá, não é muito confortável. Ela volta que horas?

Mila: Huum, então, eu pensei em uma coisa. Ela não vai dormir em casa. Você pode vir pra ca.

Mila sua doida, o que você esta fazendo? Mas ele gostou da ideia. Eu então passei o numero da casa, e ele disse que em 5 minutos estaria aqui.

Mila: Escuta, não vem com o carro, ou então estaciona um pouco longe, você não pode para aqui na frente.

- Ok!

Eu fui pra porta ficar olhando da janela. Deixei a casa toda a meia luz, só com abajours. Menos de 5 minutos depois, como ele havia dito, ele entrou rapidamente pelo portão de madeira, todo de preto, com capuz e um lenço no pescoço. Ele veio andando rápido com as mãos no bolso até a porta, eu sorri e abri. Ele me olhou de cima abaixo enquanto entrava e sorriu. Eu fechei logo e aporta e tranquei.

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