sexta-feira, 8 de julho de 2011

Nós Dois - Capítulo 2

                               
 "Como um coelho sendo caçado por uma raposa"

Não ousei sair de casa mais ontem, passei o dia ajudando minha tia com tarefas de casa para me distrair. Quando o serviço de casa havia acabado, eu ia para o meu novo quarto arrumar minhas coisas de forma mais organizada ou para estudar alguns livros que eu havia pedido a minha tia, para poder ter alguma ideia do que eu aprenderia a partir da semana que vem. Mas hoje o dia, apesar de um dia de inverno insistia em permanecer bonito. E minha tia insistiu para que eu desce uma volta depois do almoço.

Mila: Huuum, não sei, eu posso ficar aqui mesmo, não queria sair.
Angela: Mas você vai ficar em casa sozinha, eu tenho um curso que eu faço durante as férias hoje, não posso faltar, a escola exige.
Mila: Eu vou ficar bem tia, não se preocupe.

Uma hora depois minha tia havia saído com o carro, um Peugeot 206 preto. Eu não queria fuçar na arrumação da casa enquanto ela não estava, então fiquei no sofá assisistindo tv até onde aguentava. Não aguentei por muito tempo. Decidi pegar os patins e sair para a rua.
Talvez eu tivesse mais sorte e não encontraria o tal carro novamente. Sai já com meus patins calçados e fui mesmo pela calçada, dessa vez na direção contraria a que eu havia andado ontem a tarde. Coloquei novamente meus fones, que dificilmente queriam funcionar, a musica desligava assim que eu dava o play.

Mila: Mas que droga, eu carreguei hoje essa merda, que sac...

Uma freiada brusca me desligou do fone e me fez olhar em choque para frente, o carro preto havia parado a centímetros de mim no meio da rua, eu nem percebi que havia me afastado tanto da calçada.
Tudo que eu conseguia ouvir era o som do meu peito pulando e sentir minhas pernas tremendo. Mas a única coisa que vi foi o reflexo dos meus olhos pequenos arregalados no vidro escuro.
Ele não buzinou, não fez nada. Foi a coisa mais estranha que senti, sendo encarada por um vidro escuro, porque ele concerteza atrás dele olhava pra mim. Um carro logo atrás dele buzinou me assustando também, não tanto quanto a segundos atrás, e ele então buzinou para mim.

Eu corri para calçada indo para trás da árvore e esperei ele se afastar. Mas não consegui tirar os olhos dele agora e não corri para longe. O carro quando chegou no final da rua retornou e começou a voltar.

Mila: Ham? Mas que merda, eu tenho que sair daqui.

Entrei por um beco que ficava entre as casas da rua para tentar sair do outro lado. Eu não fazia ideia por onde ele estava indo, porque concerteza havia me visto correndo. Eu contornei a rua por trás fazendo meus patins voarem.
Por sorte na lateral de quase todas as casas haviam esse pequenos becos cheios de plantas e latas de lixo, consegui chegar em casa mais rápido do que conseguiria vindo pela rua.
Entrei em casa e me joguei no sofá morta de cansaço. Quando dei por mim, estava sorrindo, e sentindo o prazer da perseguição.

Mila: Como um coelho sendo caçado por uma raposa. Será que ele havia retornado o carro por minha causa? Será que lembrava de mim de ontem? Será que é um sequestrador? Meu Deus, será mesmo um homem?

Eu não sabia. Ainda mais curiosa fui até a janela ver se via algo na rua. Foi quando olhei para a esquina e vi o carro vindo la em baixo prestes a dobrar a mesma. Eu não me contive, tinha de ir atrás já que agora eu poderia vê lo melhor e me esconder. Foi o que eu fiz, ainda com os patins nos pés corri para a tal esquina onde o carro havia acabado de dobrar.
Mas eu tinha de correr muito, ele já estava no final quando eu cheguei. Quando fui me aproximando o carro estava parado em um cruzamento onde tinha um certo movimento. Me escondi atrás da árvore até o carro começar a andar novamente.
Ele dobrou novamente uma rua depois do cruzamento, mas logo foi diminuindo a velocidade. Quando percebi isso esperei para ver que direção ele tomaria, então pudi correr atrás. Ele havia entrado em um jardim de alguma casa. Me aproximei, e conforme chegava mais perto, tudo me parecia bem familiar.

Quando finalmente me aproximei de uma parede de tijolos um pouco antes da entrada eu tive um choque e me senti completamente perdida. Aquele lugar era mais do que familiar pra mim, apesar de nunca ter estado la. Mila:Oh meu Deus. - Coloquei a mão na boca querendo tossir de nervoso. É o estúdio, o estúdio do Tokio Hotel. Meu Deus a casa é a duas ruas da minha.
Eu não conseguia parar de tremer, eu tentava acompanhar o carro que ainda contornava o jardim até a entrada mas meu corpo se inclinava para frente querendo cair no chão. Até que ele parou, e a minha respiração parou junto, ele desceu do carro, mas ainda era difícil saber quem era, ele estava completamente diferente do que eu esperava ver.

Mila: Tom?

Havia tirado os dreds do cabelo e agora usava tranças. Estava todo encazacado com uma espécie de gorro - boné e um lenço cinzas na cabeça. Ele só ficou do lado de fora o tempo de parar para acender o cigarro e entrar fechando a porta.

Eu levei um tempo até conseguir sair do transe, olhei a minha volta e descolei finalmente minhas mãos da boca. Vim o caminho todo com minhas pernas tremendo, pensando na possibilidade daquilo ser real. Era absurdo imaginar que ele foi a primeira pessoa depois da minha tia a me "receber" aqui.

Mila: Idiota, sua idiota, Mila é o Cadilac dele, o Cadilac. Não..não, mas isso não é possivel.

Continuava vindo feito uma loca pela rua falando sozinha e gesticulando com as mãos. Eu pensava em tantas coisas ao mesmo tempo, flashs de tantas coisas que eu ja tinha feito por essa banda veio na minha cabeça.
Eu havia começado a gostar da banda em 2005, quando minha tia Angela me mandou CDs daqui la por Brasil. Ela costumava me mandar coisas típicas daqui. Como era professora, ela adorava diversificação cultural, me mandava sempre algo típico da Alemanha, e daquela vez havia me mandado o "Schrei", e disse que era algo que as meninas alemãs gostavam muito. Mas os problemas da minha vida haviam me deixado mais na realidade do que na fantasia, eu fui apaixonada pelo Tom quanto tinha 14, 15 anos, isso não podia entrar na minha vida novamente.

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