sexta-feira, 8 de julho de 2011

Nós Dois - Capítulo 4

 Talvez seja um caminho sem volta, você escolhe!

Hoje a tarde minha tia me levou até a escola para conhecer as instalações. A escola comparada a que eu estudei no Brasil, era absurdamente linda e bem cuidada. Eu dei uma volta por la, enquanto ela estava na diretoria. Andei pelo campo, e a quadra de futebol onde havia meninas jogando. Parei na grade que cercava o campo e fiquei olhando. Uma menina que estava jogando e estava perto do meu lado do campo perguntou se eu queria jogar.

Mila: Huum não, obrigada.
Monica: Ok, tudo bem. Huum, você não é daqui é?
Mila: Haam não, eu vim do Brasil.
Monica: Uaal, Brasil, então você deve jogar bem futebol.
Mila: Haha, não, nem um pouco.

As outras meninas gritaram por ela.
Monica: Calmaaaa eu já vou. Qual é o seu nome?
Mila: Mila.
Monica: Prazer, eu sou Monica. Você vai estudar aqui?
Mila: Sim, começo semana que vem.
Monica: Haa legal, a gente se vê então. Tchau.
Mila: Tchau.

Pelos menos as meninas na Alemanha eram mais educadas do que os meninos. Minha tia me gritou do pátio do estacionamento para irmos embora.
Novamente chegando em casa fui correndo entusiasmada até meu quarto pegar os patins e sair andando por ai. Procurei em todos os cantos do quarto e não encontrei. Pensei que tivesse largado aqui perto da cama. Então desci para ver se achava la em baixo.
Mila: Tia, onde estão os patins?
Angela: Ha eu lavei, estavam com as rodas sujas de terra, achei melhor lavar para você.
Mila: Huum ta.

Ok, isso não era problema, eu poderia ir dar uma volta a pé. Coloquei meu casaco de capuz e sai pra rua. Minha tia não se importava mesmo que eu saísse todo dia para ir dar uma volta.
Fui andando apressada por onde ele costumava passar, andei as duas ruas que me levavam até o estúdio. Passei pela frente olhando de rabo de olho para o lugar onde os carros ficavam estacionados, mas o dele não estava la. Andei até um pouco depois da casa, e voltei pelo mesmo caminho, olhando pra todos os lados para ver se via algo.
Antes de virar pra minha rua, parei na esquina e fiquei ali, uns 20 minutos eu acho. Mas ele não apareceu. Eu queria esperar mais, mas estava me achando ridícula ficar parada ali, esperando ele passar. Já eram quase 7 da noite, então decidi voltar pra casa.

Antes de entrar escutei alguém assobiando, como um chamado. Olhei para a casa vizinha e avistei o tal garoto, segundo minha tia, o tal de Peter.

Peter: Hey, tudo bem? Eu me chamo Peter, você é minha nova vizinha?
Mila: Haaam, acho que sim.
Peter: Você esta morando com a professora Angela não é? É sobrinha dela?
Mila: Sim!
Peter: Você veio do Brasil não é?
Mila: Se você sabe tudo sobre mim porque esta perguntando?
Angela: Mila você esta ai fora? - Minha tia gritou da janela.
Mila: Sim tia, já estou entrando.
Angela: Posso te pedir um favor?
Mila: Eu tenho que entrar.
Peter: Ok, espero não ter sido intrometido.
Eu sorri e entrei.

Minha tia queria que eu fosse a um mercadinho para comprar frutas que tinha na outra rua, para fazer uma sobremesa. Fui até o tal mercadinho que não era muito longe e voltei com os morangos.
Eu já estava na esquina que dobrava a minha rua, quando faróis piscaram atrás de mim. Me virei, era ele.

Mila: Ha não, ha não, eu to ficando maluca. Isso não é possível. Não acredito nisso.

Virei pra frente respirando fundo, até ele parar com carro bem do meu lado e abaixar o vidro.
Tom: Quase não te reconheci sem patins.
Mila: Oi!
Tom: Oi! Ta indo pra onde?
Mila: Pra casa.
Tom: Quer carona?
Ok, o que eu diria agora? Ele ficou esperando eu responder com atenção a todas as minhas feições.
Mila: Não sei se devo.
Tom: Entra ai.
Eu olhei para os lados e depois puxei a porta para entrar. Me sentei no banco encolhendo os braços e as pernas esperando ele seguir. Mas ele continuava com uma das mãos no volante e a outra na perna.
Tom: Você ainda não me disse seu nome.
Eu olhei pra ele, engoli seco enquanto ele olhava para minha boca esperando que eu respondesse.
Mila: Mila. - falei baixinho.
Tom: Mila. - Ele fez uma pausa. - Eu me chamo Tom.

Eu levantei as sobrancelhas correspondendo. Ele continuou me encarando como se quisesse analisar minha expressão depois dele se apresentar. Eu poderia dizer que sabia muito bem quem ele era, mas eu não iria dar esse prazer a ele. Preferia trata lo como um ninguém, e que ele soubesse disso.

Ele deu partida no carro. Eu continuei paralisada no banco olhando pro painel luxuoso do Cadilac. Pensei em dizer algo quando passamos direto pela casa da minha tia. Mas fiquei quieta.

Mila: Você não perguntou onde eu moro. Pra onde você esta me levando?
Tom: Você não se importa de dar uma volta, se importa?
Eu fiz com a cabeça que não, mas já imaginei pra onde ele estava me levando.
Tom: Você tem de entregar isso pra alguém? Eu olhei pra sacola que eu havia me esquecido que carregava.
Mila: Haam, são os morangos da minha tia. - Ele sorriu como se eu tivesse dito algo engraçado e voltou a olhar pra frente.
Chegando perto do estudio eu comecei a suar, ele estava me levando pra la. Meus Deus, como ele era loco. Mas eu me controlei, não queria demonstrar estar nervosa e tremendo feito um boneco de posto.

Ele entrou no estúdio segurando a porta pra eu passar. Enquanto ele trancava a porta eu olhei a minha volta e só consegui ver um sofá encostado na parede e uma tv de plasma na outra. Ele se virou e acendeu um abajour. Parecia estar bem mais a vontade do que eu. Depois de ver só aquela luz fraca eu comecei a ficar um pouco desesperada, eu não sabia o que fazer, eu estava com medo.

Mila: Eu não deveria estar aqui. Eu tenho que ir pra casa.
Me virei voltando pra porta, mas ele me segurou pelo braço. Eu me encolhi tanto que dei brecha para ele apertar meus braços ainda mais, e me empurrar contra a porta amassando a cortina.

Tom: Eu não vou fazer nada com você. Porque ta com medo?
Mila: Minha tia esta me esperando!
Ele ainda me apertava contra a porta de vidro, eu não conseguia mexer um centímetro do meu corpo, minha respiração era tão ofegante que eu estava começando a ficar com vergonha disso. Ele se aproximou de meu pescoço, levando uma das mãos que prendiam meu braço até perto da minha orelha.
Tom: Você quer mesmo ir?
Mila: Eu preciso.
Tom: Talvez seja um caminho sem volta, você escolhe.
Mila: Sim, eu escolho.

Eu olhei nos olhos, aqueles olhos ardiam, ardiam pra mim. E eu estava sufocando, sufocando em não poder dar a ele o que ele queria, não agora. Eu deixei que ele sentisse mais um pouco do meu perfume, ele delirava ao fazer isso, a respiração em meu pescoço era quente, quente como todo o meu corpo.
Estavamos em silêncio a quase um minuto, ele queria brincar com o meu corpo, deslizava as mão lentamente pelo meu quadril. Levantei minha mão, que agora já estava livre e toquei seu rosto, ele fechou os olhos e se aproximou da minha boca, eu o empurrei.

Mila: Abre a porta. Por favor.
Ele ficou assustado com minha reação, mas me obedeceu sem dizer nada. Eu fiquei mais assustanda ainda com a minha reação. Sem me olhar nos olhos, ele abriu a porta e esperou que eu passasse. Ela bateu com força atrás de mim e eu então corri pelo gramado tirando os galhos das plantas que batiam no meu rosto, até chegar em casa.

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