terça-feira, 26 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 26 - Vésperas

Eu adorava manhãs. Elas eram frias, claras e tinham um cheirinho fresco. Mas aquela manhã parecia tão diferente das outras. Era um frio mórbido, um clareamento tão forçado e um cheiro de... bom, de mágoa. Se é que magoa tinha cheiro.
Levantei cedo e, após me trocar, encontrei Biara na cozinha. Ela estava com a cabeça baixa e as mãos esticadas no balcão, no meio delas uma caneca com café. Eu abri a boca para falar, antes de perceber que algumas gotas caíam no café. Eram... lágrimas.
– Ei amor. – Sorri anunciando minha chegada. – Tá tudo bem?
– Bill. – Ela deu uma risada fraca limpando rápido os olhos. – Não te vi aí.
– Você não está bem, não é? – Sentei ao seu lado e acariciei os cabelos dela.
– Estou aguentando. – Murmurou olhando fixamente para o café.
– Biara, o Tom é assim... Egoísta e não suporta não conseguir o que quer.
– Mas isso não é uma questão tão simples assim. É algo que eu quero e esperava que ele entendesse. Ele... é importante. – Tremeu a voz.
– Biara eu... eu posso não ser o Tom e posso não ter seus sentimentos como desejaria mas... eu vou estar aqui ao seu lado quando precisar. – Ela me olhou afetuosa - Para o que precisar.
– Pode... Pode me fazer um favor? – Murmurou fracamente. Seu nariz vermelho e os olhos inchados. Devia ter chorado a noite toda.
– Se estiver ao meu alcance...
– Eu adoraria te ter lá para me ver dançar, mas... – Baixou a cabeça tristemente. – Eu também queria muito que o Tom fosse. É algo importante para mim e queria que ele estivesse lá.
Sorri e acariciei seus cabelos castanhos. Aproveitei e limpei uma lágrima que caía.
– Tudo por você.
Entrei no quarto do Tom e o encontrei deitado na cama e, quando me viu, virou-se de costas e enfiou a cabeça nos travesseiros. Passou a mão no rosto quando sentei na ponta da cama, ao seu lado.
– Tom, eu sei que você está chateado comigo, mas não adianta fingir que não está acontecendo nada. – Falei encarando as costas dele.
– Não está acontecendo nada. – Ele disse rouco.
– Tom, não adianta. Eu sei que você se importa. – Murmurei.
– EU NÃO ME IMPORTO! – Gritou dando um soco no travesseiro.
– Não adianta fingir, eu te conheço melhor que ninguém.
– Eu não quero mais me importar. – Disse virando-se para mim com os olhos vermelhos e, diferente do que costumava fazer quando chorava, aconchegou-se no meu colo.
– Tommy, é normal você se importar tanto. Cara, você tá apaixonado. Isso não é maravilhoso? – Falei empolgado acariciando suas tranças.
– Não, não é Bill. – Falou desanimado. – Isso dói. Aperta o peito...
– Sabe de uma coisa, eu não vou ficar te mimando aqui. – Parei de passar a mão em seus cabelos entrançados. – Você sabe como eu penso, eu tô aqui com você, mas continuo pensando do mesmo jeito. Continuo achando que você está sendo egoísta.
– Você nunca vai me entender. Você não está apaixonado por uma garota que vai te abandonar. – Virou-se mais uma vez, me ignorando.
– Não, eu ainda não passei por isso. Mas já gostei de alguém que não gosta de mim e isso é bem pior. É muito pior, saber que você realmente gosta de alguém e ter a certeza de que essa pessoa está perdidamente apaixonada pelo seu irmão gêmeo, por mais que ela negue isso. – Ele virou-se arrependido para mim e sentou-se a minha frente.
– Bill, eu... eu não sabia. - Murmurou.
– É, você é muito egoísta para perceber o que acontece ao seu redor. E sabe de uma coisa? Eu acho que a Bi tá certa em ir embora. Você não a merece. Você sequer lutou para ficar com ela. – O encarei.
– Você não sabe o tamanho do esforço que eu fiz só para confessar que eu estou apaixonado. Você não sabe como foi difícil engolir todo o meu orgulho. Eu fiz tudo isso por ela e você ainda me chama de egoísta? – Finalmente assumiu uma expressão de raiva.
– Eu entendo o porquê de todo esse rancor. Você não sabe ser contrariado, não sabe receber um não. Desde que ela disse que não iria ficar com você, você se tornou outra pessoa. Mudou completamente, fica o tempo todo calado num canto. Você sequer se interessa em saber o que está acontecendo com a gente, com os nossos amigos. – Me levantei ficando de costas por um momento e, logo em seguida, voltando a encará-lo. – Sabia que hoje eu conheci uma garota? E que ela mexeu de verdade comigo? Ah, espera aí... Claro que não, né? Você estava ocupado demais aqui trancado sofrendo com a sua falta de maturidade!
Ele abriu a boca para protestar, mas antes que ele falasse qualquer coisa, continuei.
– Tom, acorda! Aquela garota te ama e você não se deu ao trabalho de lutar por ela. E ainda fica se lamentando aí. Ela te quer na audição.
Quando percebi que finalmente o deixei sem palavras, me virei furioso. Fui em passos largos e firmes em direção à porta e, quando cheguei no fim, me virei uma última vez.
- Bom, era isso que eu tinha pra dizer... Vai lá, luta por ela. Não deixe algo tão lindo morrer assim... E falando em coisas bonitas, aqui está a sua canção. – Puxei o papel do bolso e o coloquei em cima da cômoda com raiva. - Se você não quer aceitar as coisas como elas são, basta lutar para que elas sejam como você queira.
Olhei no relógio. Oito e vinte. Droga, a apresentação de Biara era em dez minutos. Segundo ela, era no salão de dança no centro da cidade. Parece que a irmã de Marcos havia pedido emprestado para um amigo, para que Biara e Marcos se apresentassem.
Peguei o carro e saí o mais rápido possível. Achei o salão com dificuldade, mas o tempo me deixou muito irritado, faltavam dois minutos. Entrei e, todas as poucas pessoas olharam assustadas com minha entrada barulhenta. Marcos estava segurando numa barra, arrumando as sapatilhas. Um homem de cabelos pretos e muito branco estava sentado ao lado... dela. A garota de cabelos loiros e ondulados, olhos azuis intensos e curiosos estava sorrindo alegremente.
– Bill? – Biara surgiu atrás de mim, sua voz falhou um pouco. Seu rosto branco estava rubro e os olhos com grandes olheiras. – Onde... onde ele está?
– Eu sinto muito. – Murmurei. Ela baixou o olhar e, tristemente, virou-se, seguindo para o centro do salão.
– Oi! – A garota loira me avistou de longe e sorriu, acenando. – Sente-se aqui do meu lado!
– Ahn... – Eu sorri bobamente. Ela era realmente linda. Andei presunçoso atravessando todo o salão e, quando sentei-me, ela me surpreendeu com um abraço.
– Esqueci de falar... – Murmurou me largando do abraço. – Sou Alice. Alice Burkhard.
– Bill Kaulitz. – Sorri.
– A Biara é muito talentosa, não é? – Animou-se dando pulinhos na cadeira.
– Sim. – Eu disse e, antes que pudesse falar qualquer outra coisa o outro homem se anunciou.
– Vamos começar? – Ele ligou o som e Biara, juntamente com Marcos, começou a dançar.
Por alguns minutos vi a perfeição dos movimentos que Biara fazia. A cada rodopio eu via que ela realmente tinha talento para o balé. Eu nunca a vira dançar. Mas, quando de bobeira esgueirei meu olhar para Alice, vi que ela estava mais interessada numa caixa vermelha de bom-bons.
– Não está prestando atenção? – Eu sussurrei rindo.
– E porque deveria? – Falou de boca cheia com um olhar preocupado. – Ela é ótima. Um talento raro.
– Acho que... como avaliadora, deveria se interessar. – Eu sorri.
– Eu me interesso! – Sussurrou cutucando meu nariz. – Então, quer um bom-bom?
– Claro. – ri.
Depois da apresentação de Biara, que por sinal foi maravilhosa, Alice levantou-se e, saltitante, correu para falar com o outro homem. Segundo Biara, o nome dele era Carriel. Ela ainda estava muito abalada com todo o assunto de Tom, mas parecia bem melhor depois de dançar.
– Você foi ótima! – Disse assim que eu e Biara sentamos num banco, fora do salão.
– Você achou? – Sorriu. – Acho que errei algumas coisas... Estava... Ahn, distraída.
– Biara, foi perfeito! – Baguncei seus cabelos. – E... como vai ser agora?
– Vou para Londres amanhã bem cedo.
– Ah... então vai mesmo embora. Até agora nem parecia verdade. – Eu murmurei e ela me abraçou.
– Me desculpe. – Parecia estar contra todos os princípios dela, pois era a primeira vez que pedia desculpas, mesmo não tendo feito nada.
– Não é culpa sua, são seus sonhos lembra? – Acariciei seus cabelos.
– Mas eu... Eu amo tanto ele! Eu amo de um modo que parece que vou explodir. – Começou a chorar. – Porque tem que acabar assim?
– Não existe tortura maior do que tentar encontrar uma razão para aquilo que você não sabe por que aconteceu. – Murmurei e ela me olhou chorosa. – O amor é assim, vem de repente e... bom, você sabe muito bem o que acontece.
– Me pergunto como estaria minha vida se não tivesse conhecido vocês. – Sorriu e voltou a enfiar a cabeça no meu ombro.
 Postado por: Alessandra

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