terça-feira, 26 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 23 - Há males que vem para o bem...

Quando eu tinha por volta de seis anos, subi no telhado da minha casa. Por alguns segundos admirei toda a imensidão daquela terra, o interior de Minnesota. Ainda lembro-me de meus pais assustados lá em baixo, correndo para me pegar. Lembro também que pulei. Naquela época eu achava que podia voar.
Meu resultado foram três noites no hospital Sanford Luverne, no centro de Luverne. Tenho as pequenas cicatrizes que se fixaram quando quebrei meu braço e minha perna direita. E não importam quantas deduções eu pensei para explicar porque eu fiz aquilo, nenhuma se encaixa exatamente de como eu estava me sentindo quando pulei do topo do telhado.
Abri os olhos e encarei um teto branco. Por um minuto, embaçado, pois minha visão demorou para se estabilizar. Procurei alguma coisa que pudesse me localizar naquele lugar e, ao baixar a visão para o quarto muito espaçoso. Tentei me mover e senti algo prendendo minha mão. Era outra mão. Olhei para o lado e encarei um Tom com uma barba rala, dormindo numa poltrona.
- Ei idiota, - Grunhi, minha voz saiu rouca e falha. – acorda e traz algo para mim comer.
Ele se espreguiçou na cadeira e, ainda com a cabeça parada, abriu os olhos. Então baixou o olhar para mim e, ao me ver acordada, deu um pulo da poltrona.
- Biara... – A voz dele saiu rouca como a minha. – Biara, você acordou.
Ele segurou minha mão mais forte e acariciou meu cabelo.
- Cara, você ta horrível. – Sorri.
- Cala boca, sua anã. – Ele disse de um modo amável.Impossível imaginar, não é? – Você não sabe como estou feliz por você acordar, meia sombra.
- Sério? Eu dormi por quantas horas? – Tentei levantar, mas minhas costas doíam.
- Uma semana não basta? – Ele tentou sorrir, mas piscou freneticamente quando algumas lágrimas postaram-se nas pontas das pálpebras. Foi aí que eu percebi, era a primeira vez que eu via Tom chorar. Ou quase. Além de que eu estava com muita fome.
- Uma semana? – Eu engasguei com a própria saliva. – Isso explica minha fome.
- Fome? – Ele me interrompeu. – Biara, você foi atropelada quando estava saindo da casa de Marcos. Porque você fez aquilo?
- Droga, era para eu ter tido, no mínimo, amnésia. – Resmunguei quando Tom arrumou-se na poltrona, mudando a expressão para seriedade.
- Do que está falando, Biara? – Tom me olhou raivoso. – Você está louca? Faz uma semana. Achei que você tinha morrido!
- A máquina do ‘bip’ deu problema? – Sorri cutucando a ponta do nariz dele. – Agora seja um bom menino e vai buscar comida. De preferência, um belo hambúrguer.
- Biara! Para de cena! – Ele levantou-se. – Você... você é... arg!
Ele chutou a poltrona e abriu a porta, olhei para ele e vi Bill parado do lado de fora. Ele lançou um olhar de raiva para Bill e saiu fumaçando. Bill entrou no quarto e imediatamente me abraçou.
- Biara, fico feliz que esteja bem. – Bill sorriu beijando minha bochecha.
- O que deu nele? – Apontei para a porta fechada, a qual Tom havia saído minutos atrás.
- Pega leve com ele... – Bill acariciou meu cabelo. – Ele não saiu dessa poltrona a semana toda.
- O que? – Tom ficou ao meu lado todo esse tempo? Estranho.
- Sim, ele não saia por nada. – Bill continuou sentando na poltrona. – Eu tentei fazer com que ele fosse passar no mínimo uma noite em casa, mas ele apenas ficava calado e voltava a sentar.
- Nossa... – Murmurei.
Tom sempre pareceu não se importar comigo, mas eu já devia ter percebido. Isso ficou claro na noite dos trovões, quando ele me abraçou. Mas de qualquer maneira, não posso aceitar essa realidade. Eu já devia estar fazendo meu teste para a Academia de Londres. Em poucas semanas minha vida vai mudar completamente, não tenho tempo para um romance.
- E quanto à audição? – Perguntei passando a mão na cabeça e pressionando os olhos, numa tentativa falha de que os problemas fossem embora. – Aquele jurado já chegou?
- Audição? – Bill riu sarcástico. – Biara você foi atropelada, isso é hora de pensar numa audição?
- Sim Bill! Isso é meu futuro, lembra? De que adiantariam todos aqueles seus conselhos e incentivos se eu ficasse deitada nessa cama até a morte? – Me sentei e o olhei com raiva. – Não importa o que aconteça, nada vai me impedir de conseguir isso.
- Achei que... – Bill baixou a cabeça e desfez o sorriso, levantando logo em seguida. – Achei que nós fossemos importantes para você. Não somos?
Bill me olhou com afeição. Não sei se era para ser uma pergunta retórica, mas ainda assim respondi. Porque era preferível falar com minhas palavras a deixar que o silêncio diga por si só o que Bill não esperava ouvir.
- Desculpe Bill... – Murmurei olhando-o, esperando que ele compreendesse o quão difícil aquelas escolhas estavam sendo para mim. Escolher entre eles ou a Dança acadêmica de Londres.
- Que seja, não importa mais. – Ele levantou-se e saiu.
Antes de baixar a cabeça, vi alguém entrando pela porta. Voltei a olhar e vi Tom. Não como ele era normalmente. Vi um Tom arrasado segurando uma bandeja laranja com um hambúrguer e uma lata de refrigerante. Mais uma vez ele estava tentando não deixar as lágrimas caírem, mas foi uma tentativa frustrada, porque uma delas quebrou todos os seus princípios e suas regras e caiu, mesmo que disfarçada, pelo canto do olho dele. Escorregou até chegar no ponto extremo de sua face.
- Então é isso? – Ele disse com a voz grossa e fria. – Você vai simplesmente nos abandonar?
- Tom... – Senti meu rosto queimar, o que acontecia quando eu começava a chorar. – Não é isso... Eu...
- Não, espera. – Ele colocou a bandeja numa bancada. – Depois de tudo que aconteceu você vai embora?
- Tom, entenda, isso é importante para mim. Você devia saber disso.
- E para mi... para nós? E quanto a mim e ao Bill? George e Gustav?Até mesmo Marcos? – Ele engoliu em seco e, com raiva, passou a mão pela lagrima que havia caído, mas já havia secado e não deixou que mais nenhuma caísse.
- Eu não vou abandonar vocês! Nunca irei. – Expliquei tentando me levantar, mas minha perna doía muito.
- Biara você faz idéia do que você vai fazer?Demora uns cinco anos para você se tornar bailarina profissional, depois disso vai fazer parte de algum grupo de dança e esse tipo de coisa sai em turnê o tempo todo!
- Ah, e vocês não? – Ignorei a dor e levantei.
- Nós não o que? – Ele se irritou me olhando com deboche.
- Vocês são uma banda, Zé mané! – Gritei. – Vocês lançaram um CD e vão sair em tur...
- Nós levaríamos você! Você faz parte agora!
- De que?
- DE TUDO! – Berrou. – Faz parte do quarto do Bill, faz parte das brincadeiras do Georg, faz parte das lutas do Gustav, faz parte da espionagem da janela, faz parte da sala de música, da cozinha e do jardim! Você faz parte da casa e da nossa família! Você faz parte da nossa vida! Você faz parte de... de mim...
Eu realmente não queria dizer aquilo, realmente não queria. Mas aqueles momentos em que não pensamos racionalmente acabam chegando e você simplesmente diz coisas as quais se arrepende depois. O quarto não estava frio, mas eu o deixei congelar com uma simples resposta.
- Não importa. – Me virei e voltei a deitar na cama, sem olhar para Tom.
Por mais que eu fingisse não me importar, eu acabava me importando. Eu não conseguia explicar como fui tão fria ignorando totalmente um sentimento tão forte. A única coisa que eu sabia era que eu estava totalmente, completamente, perdidamente apaixonada por Tom Kaulitz. E eu estava destruindo tudo isso.
 Postado por: Alessandra

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