terça-feira, 26 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 22 - Problemas

Alguma coisa naquela garota me deixava arrepiada. Talvez, de alguma forma, ela seja bipolar. Ou devo dizer dramática?


– Não pense que eu sou boba nas minhas avaliações, Biara Schmidt. – Ela sorria assustadoramente, com uma expressão maníaca.
Então soltou uma risada fofa e apertou meu nariz. – Brincadeira bobinha. Estou esperando Carriel chegar para começar a avaliação.


– Nossa, - Suspirei aliviada. – por um segundo você me assustou.


– Me desculpa. – Sorriu docemente – Pantufa também me acha estranha algumas vezes.


– Quem? – Pantufa?


– Vem, vou te levar ao quarto do Marcos. Ele gosta de você. – Levantou-se num salto e me puxou para dentro da casa.


Um ambiente diferente se inseriu diante dos meus olhos. Uma casa que antes era confortável, era dominado por um ar fúnebre e sem vida. A velha, mãe de Marcos, estava numa poltrona, segurando um porta retrato seriamente. Não demorei muito nessa visão e Alice me puxou para dentro de uma cozinha. Diferente da sala, a cozinha era clara e ampla. Alice me empurrou para uma pequena e estreita porta velha que tinha ao lado do armário e, ao abri-la, dei de cara com uma escada torta e apertada que se estendia até uma certa altura, no topo havia uma outra porta, e foi lá onde entramos.


Marcos estava enfiado numa almofada gigante que tinha no chão, comumente chamada de “puf”. Vestia apenas uma calça de moletom e, pela primeira vez, vi seu tronco extremamente marcante a minha frente. Admito que lutei contra meus pensamentos mais revoltantes. Os cabelos azuis pareciam uma coisa computadorizada. Alguns pequenos fios caiam sobre seus olhos, e outras mechas tapavam parte de sua sobrancelha esquerda. Os olhos azuis pareciam concentrados em um livro. Não sei se li bem, mas parecia ser “Let petit prince”.


– Ei, Mark. – Alice pulou ao seu lado, sentando-se e agarrando seu pescoço. – Trouxe uma surpresa que você vai gostar.


– O que? – Ele não desviou os olhos do livro. Nem com o impacto de Alice em seu corpo. Que era lindo por sinal.


– Olha. – Ela disse tocando seu queixo e levantando seu rosto até mim. Pareceu mágica quando os olhos dele bateram em mim e, por um minuto, brilharam. Porque ele tinha que ser gay? Que injusto.


– Bi. – Ele disse meu nome como se ela fosse apenas o expiração que saia da sua boca. No instante seguinte, voltou a baixar o olhar para o livro.


– Qual é Mark. – Alice puxou o livro e jogou a um canto do quarto. – Deixa de ser antipático.


– Sabia que aquele livro era edição de colecionador? – Disse tentando alcançar o livro, mas Alice puxou seu cabelo para trás, fazendo sua cabeça virar para o teto. – Eu o comprei quando fui à França.


– Para de tentar ser quem você não é. – Alice beijou seu queixo e mordeu seu ombro.


– Suas mordidas doem, Alice. – Ele disse como se não se importasse com o fato de estar encarando o teto. Alice puxou sua cabeça, ficando frente a frente com ele.


– Não me chama de Alice, seu chato! – Grunhiu cutucando sua bochecha.


– Mas é seu nome.


– Você sempre me chama de Lili, agora quer dar uma de malvado. – Alice soltou seu cabelo e suspirou. – Olha... Eu sei que a morte do papai foi uma coisa ruim, mas para de fazer essas coisas.


– Alice, você nunca se importou, não é? Você nunca se importou com ele de verdade. Quero dizer... você ganha muito dinheiro, mas só manda uma pequena parte para mim. O resto você gasta com besteiras e com o Pantufa. Papai estava doente, e você sabia, mas não veio visitá-lo. Porque? Eu sei que você também é doente, mas você já fez vários tratamentos. Eles gastaram tudo o que tinham com você. E você o renega desta forma?


Doente? Alice é doente? De que?


– Marcos... Porque está fazendo isso. Para. Por favor. – Vi os olhos dela se encherem de lágrimas e o sorriso desaparecer completamente. Parecia que ela nunca havia sorrido na vida. – Você sabe como eu me dou com a dor e com os problemas. Por que está me dizendo essas coisas horríveis?


Um silêncio se fez. Eles se olhavam, como se tentassem entrar na mente um do outro apenas com o olhar. Eu estava estática na porta, apenas observando. Marcos baixou a cabeça e suspirou. Passou a mão pelos cabelos e voltou a olhar Alice, abraçando-a.


– Me desculpe, Lili. – A voz de Marcos falhou. – Eu... Eu não sei o que deu em mim. Me desculpe, eu não queria falar isso.


– Eba! – Ela sorriu, largando ele e me puxando para o meio e, assim, voltando a abraçar, desta vez, envolvendo nós três. Eu admito que meu coração saltou do peito quando toquei nas costas de Marcos, mas... Eu tinha que esquecê-lo. – Somos nós três, não é?


– Sim, Lili. – Ele riu de leve e, com as nossas cabeças pousadas nas costas de Alice, sorriu e piscou para mim. – Biara, seu teste será quando?


– Ahm, não sei... Alice? – Olhei para Alice na esperança de ter mais tempo. Afinal, eu e Marcos mal ensaiamos.


– Daqui a duas semanas. Carriel virá em três dias. – Alice sentou-se no chão olhando para o teto.


– E como ela é? – Marcos ajeitou-se no puf.


– Ela quem? – Alice começou a cutucar as próprias pernas.


– Carriel. – O irmão persistiu.


– Ah, não é uma mulher. É um homem. – Alice sorriu maliciosamente. – Porque, quer que eu arrume pra você?


– Alice! – Eu e Marcos dissemos na mesma hora. Na verdade, nem sei porque me preocupei com isso. Talvez seja porque ver Marcos sem camisa me deixa com a esperança de que ele se torne heterosexual novamente.


– Na verdade... – Marcos repensou a proposta olhando de esgueira para mim. – Acho que seria legal ter alguém...


– Sim! – Alice bateu palmas de entusiasmo. –Olha só, ele é alto e tem cabelos muito pretos e olhos verdes. E também é bem branquinho! Como você, Mark. – Ela sorria de satisfação.


– Ah... Eu acho que já vou. – Disse antes que Marcos pudesse falar algo. – Ainda não tomei café da manhã e... Sabe, preciso ir.


Saí do quarto e fechei a porta antes que algum deles me impedisse. Quando estava pronta para descer, virei-me para a porta e abri uma brecha. Eles ainda estavam sentados, mas conversando. Sei que é ridículo ouvir atrás da porta, mas eu precisava.


– O que deu nela? – Alice perguntou.


– Ela gosta de mim.


– É claro que gosta, você são amigos. Não?


– Ela gosta mais que amigo. – Marcos ficou com uma expressão triste.


– Melhor amigo? – Alice colocou o dedo na boca num sinal de pensamento.


– Ela é apaixonada por mim, Lili. – Marcos puxou a mão dela, fazendo-a olhar para ele.


– Ah... Que constrangedor. Desculpa, não devia ter dito aquilo. – Alice encostou a cabeça na parede. – Mas achei que você tinha dito a ela que era gay.


– E eu disse, mas eu... – Marcos mudou para uma expressão de arrependimento. – Eu a beijei.


– Você o que? – Alice levantou-se num impulso e apontou o dedo na cara de Marcos. – Porque você fez isso?


– Eu sei lá! – Ele levantou-se também. – Acho que foi no momento!


Momento? Eu não acredito nisso! Quando eu já estava com alguma esperança. Nem sei por que fui ter esperança num cara homossexual.


Saí dali correndo e, quando passei pela sala, a mãe de Marcos não estava lá. Estava cheia de toda essa baboseira de amor, é como uma amiga minha diz “amor é uma flor roxa que nasce no coração dos trouxas”. Atravessei a rua sem ao menos olhar para os lados, sem nem pensar, só almejava chegar àquela casa e talvez, se tiver sorte, sumir do mundo.


Mas antes que eu pudesse chegar do outro lado, senti algo grande me atingir. De relance, me vi jogada em cima de um carro, antes que minha cabeça batesse no chão e, de repente, tudo sumisse.
 Postado por: Alessandra

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