quinta-feira, 22 de março de 2012

Insanity - Capítulo 14

Tom...

Nossa mãe sorri, disfarçando a cena forçada que acabara de presenciar, ela mais do que ninguém sabia o quanto Bill não gostava de intromissões quando o assunto era seu casamento, e se a própria Kate dissera que estava tudo bem era nisso que ela iria acreditar, mesmo contra sua vontade.

– Então ótimo, ligarei para Gert vir me ajudar e você poderá descansar. – Disse ela.

– Obrigada, mas prefiro ajuda-la. – Kate se afasta rapidamente de Bill como se quisesse livrar-se de sua presença.

– Tudo bem, não se preocupe. – Ela agradece e logo volta sua atenção para mim que apenas observo tudo de longe, ainda não consigo me mexer e também não consigo falar, é como se estivesse assistindo toda a cena de outro lugar sem que ninguém notasse minha presença, sem que pudesse opinar... – Tom?

Eu a olho e ela sabe que estou completamente estranho, mas como explicar se nem eu mesmo tenho certeza de meu estado?
Nunca mais vou misturar bebidas, nunca mais repito mentalmente antes de começar a seguir ela até a cozinha, mas logo me lembro que não posso deixar Kate sozinha com Bill e fico a espreita na porta do corredor, esperando qualquer movimento dele.

Kate continua afastando-se dele passo a passo, não parece querer fugir apenas manter uma distancia segura.

– Espero que não resolva ir embora, no meio do jantar. – Ele a avisa enquanto leva suas mãos ao cabelo dela.

– Na verdade eu estava pensando em ir agora mesmo. – Ela responde, com sua voz um pouco instável.

– Então esqueça. – Ele sussurra, embolando seus cabelos em sua mão e imediatamente ela muda sua expressão.

– Vai me bater se eu tentar ir? – Pergunta em tom vacilante.

– Não.

– Por que está agindo assim? – Ela vira o rosto, procurando por mim e logo que me encontra posso ver sua expressão dolorida – O que está acontecendo com Tom?

– Kate, olhe para mim. – Ele grita puxando seu cabelo.

Lentamente, ela levantou a cabeça e olhou em seus olhos escuros.

– Vá para o banho. – Bill a olha e sei que está com nojo de seus pensamentos. – Tire o cheiro dele do seu corpo e comporte-se na frente de todos. – Ele a avisa... – Não olhe para o Tom, não fale com ele, e principalmente não tente ir embora.

– Você está louco. – Ela sussurra. – Por que está fazendo isso?

– Não me subestime. – Ele grita olhando para os lados.

– Não estou.

– Se tentar fugir. – Aperta os braços dela com suas unhas em forma de aviso do que estava por vir, tento dar um passo em direção a eles, mas isso só acontece em minha mente, meu corpo não anda e como resposta só consigo ouvir novamente aquele maldito bip, que agora sinalizava meus passos como um sensor. - Vou matar você. – Ele diz e em vez de largá-la, aperta-a ainda mais.

Os olhos dela se encheram de lágrimas, e eu pude ver o medo nos mesmos, mas ainda sim ela não estava facilitando nada. Seu rosto embora carregado de lágrimas ainda era totalmente neutro, e eu não fazia idéia sobre o que ela estava pensando.

Tudo que eu pensava era em porque Kate estava mentindo daquela forma, se ele nos viu ela não teria porque mentir, isso não me parecia ser a coisa certa a fazer, mesmo que fosse doloroso para Bill eu falei a verdade então porque ela não conseguia fazer o mesmo?
Quando ele a largou, Kate limpou rapidamente seu rosto e passou apressada por mim indo direto para a cozinha, onde minha mãe estava.

– Posso ajudar? – Ela perguntou tentando manter suas lágrimas para si mesma.

– Você não caiu. – Mamãe se aproximou de Kate, jogando seu cabelo para o lado, tendo assim uma visão maior do corte em seu pescoço. - Não ficaria tão machucada apenas caindo.

– Eu caí sobre a mesa. – Ela disse, era verdade ela realmente havia caído, porem não sozinha.

– Foi ele? – Mamãe perguntou, assustando tanto Kate quanto a mim.

– Quantas pessoas virão hoje? - Kate tentou ignorar sua pergunta virando-se em direção a mesa, começando a contar os pratos e talheres.

– Tudo bem, você não quer contar. – Minha mãe colocou as mãos na cintura, como há muito tempo não fazia, e começou a caminhar em direção a sala. – Não acredito que ele fez isso. – Ela gritou.

– Não, por favor. – Kate a impediu segurando-a pelo braço. – Está tudo bem.

– Sei que está mentindo – Ela olhou para as mãos de kate e logo as segurou aquecendo-as com as suas. - Mas se não está pronta para se abrir, tudo bem. Sei que a alguma coisa errada. – Levou suas mãos até o rosto de kate impedindo que uma lágrima caísse. - Pode, pelo menos, se animar um pouco? Nunca vi você assim.

– Vou ficar bem, Simone. – Kate sorriu e logo voltou a contar os pratos sobre a mesa.

– Eu sei, sempre fica, mas seria ótimo se pudesse ficar mais do que apenas bem desta vez.

Kate sorriu, mas não respondeu e ao longe eu pude ver Bill as espiando, mais do que isso, eu pude ouvi-lo se culpar por tê-la machucado... Imaginando a decepção e a agonia de nossos pais ao saber que tipo de pessoa ele havia se tornado... E imaginando que talvez o odiassem ainda mais depois que tudo isso acabasse.

Mais tarde quando tudo estava pronto, kate voltou para o quarto e a acompanhei como um fantasma capaz de atravessar paredes, não me importava por que tudo que eu pensava era que devia protegê-la dele mesmo estando neste estado medíocre e desconhecido.

Ela entrou e eu a segui, iria falar com ela, seria a hora certa, mas quando ela estava dentro do mesmo a porta se fechou em meu rosto e eu sabia que havia sido ele.
Sabia por que podia ouvir seus batimentos no mesmo compasso que os meus, e principalmente podia ouvir seus pensamentos.

Fiquei a espera que falasse qualquer coisa, mas as palavras continuavam a não fazer sentindo na cabeça dele.
As palmas das minhas mãos estavam ficando suadas e sem me importar com o que podia vir a acontecer empurro a porta e entro fechando-a novamente.
Ele me encara com raiva, ela com pena, mas ambos acabam me ignorando como se eu não estivesse ali.

– Eu nunca quis machucar você. – Bill a agarrou pelo braço. – Não ontem, nem agora.

– Você pode me bater Bill. – Ela o desafiou pela primeira vez. – Nada me machucaria mais do que ver o jeito que me olha, e saber o que pensa de mim.

– Por favor, para de mentir. – Ele grita a atirando sobre a cama.

– Não sei o que Tom disse a você. – Ela fala e eu a olho.

– A verdade. O que você queria que eu tivesse dito? – Grito a olhando na cama, mas nem ela ou Bill parece se importar com minha presença e muito menos com o que acabo de dizer.

– Eu vi vocês dois juntos! – Ele grita enquanto se aproxima da cama.
– Quando chegamos? – Ela tenta levantar da cama, mas ele a impedi ficando por cima de seu corpo. – Quando conversamos? Quando eu disse a ele que não poderia oferecer nada? – kate grita, e eu juro nunca havia visto ficar tão desesperada quanto agora.

– Quando ele desejou você. – Bill começa a tocá-la por cima da roupa - Quando beijou você. – Ele toca seus lábios – Quando ele tocava você enquanto... – Parou de falar, avançando suas mãos ao pescoço dela, onde havia machucado noite anterior.

– Está me machucando. – Ela diz assustada.

– Foda-se, você fez isso! Você fez isso com a gente, você acabou com a nossa família. A culpa é sua Kate. – Ele grita com ela, apertando-a com suas mãos e corpo.

Isso me deixou sem saber o que fazer, já que me mover quando isso acontecia era impossível, toda vez que ele parecia querer machucá-la eu ficava preso como em um pesadelo sem fim.

– Você está me enlouquecendo, porque você não para, não agüento mais ouvi-lo. – Ela chora sufocando embaixo dele. – Não vê o quanto está me machucando? É isso que você quer Bill?

– Você me machuca mais. – Posso ver suas mãos escorregando pelo pescoço de Kate enquanto ele chora. – Não posso dividir você com ele, se é isso que você quer... Não aceito a idéia de que não consiga ser feliz apenas comigo e que precise dormir com meu irmão para se sentir completa.

– Por favor... Para! – Ela pediu a ele empurrando-o para o chão.

– Para de chorar, porque sempre faz que eu grite com você? – Bill levantou rapidamente e prensou contra a parede do quarto. - Como pode?Dormir com meu irmão em minha própria casa? – Ele começa a chorar junto com ela. - Como você pode dormir com ele em nossa cama?

– Eu nunca faria isso com você. – Ela diz, obviamente mentindo, o que me deixa claramente nervoso. – Você está doente, porque insiste nisso?

– Droga... – Ele se afasta e passa por mim. – Eu perdoaria você se me contasse a verdade Kate.

– Eu nunca menti pra você. – Ela se aproxima tocando seu rosto está mentindo e tentando convence-lo de que está louco.

Eu sei, ele sabe... Porque também pode me ouvir, mesmo que não possamos nos comunicar verbalmente.

– Não toque em mim... – Ele a empurra assim que me olha. – Eu odeio você... Eu odeio você. – Diz a ela em tom desesperador – Droga... Eu amo você, porque fez isso, porque você fez isso comigo?

– Por favor, eu amo você, para com isso. – Ela se aproxima dele soluçando.

Porque ela esta fazendo isso comigo? Porque estou assim? Enquanto meu irmão precisa de mim tudo que eu consigo fazer é manipulá-lo através de sua mente.
Porque não consigo me mexer? Porque esse maldito barulho não sai da minha cabeça?

– Por que não, porra! – Eu grito comigo mesmo.

– Eu deveria ter percebido, quando você começou a ficar estranha... – Ele continuou olhando para ela com receio.

– Kate? – Mamãe bateu a porta e eu agradeci mentalmente por isso. – Pode ajudar Gert?

– Sim. – Kate respondeu, alinhando-se novamente.

Acho que nem eu ou Bill neste momento fazíamos idéia de quem era essa pessoa em nossa frente...
E neste momento eu tentei imaginar kate perdendo totalmente a linha, falando a verdade e contanto a todos o que realmente estava acontecendo conosco, mas no fundo eu sabia que ela nunca faria isso, ela sempre seria alheia a tudo isso de alguma forma, mesmo que isso a afetasse.

Postado por: Grasiele

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