quinta-feira, 22 de março de 2012

Insanity - Capítulo 12

Tom...

Não poderia descrever as longas horas esperando uma noticia e tão pouco mencionar a sensação ruim que tive ao ver meu irmão cruzar a porta daquele quarto de hospital.
Eu podia ver lágrimas correndo por seu rosto e o fato de que ele estivera chorando tão silenciosamente me fez doer, principalmente por que sentia que a culpa de tudo isso era apenas minha.

–Você ouviu... Não foi? – Ele me encarou ao fechar a porta.

– Sim. - Não é algo de que eu possa me orgulhar de dizer, mas sim eu estava ouvindo atrás da porta.

– Sei o que está pensando agora Tom, e embora eu também esteja culpando você, não acho que isto seja totalmente verdade. – Ele faz uma pausa e limpa seu rosto, mas logo volta a me olhar. - A culpa foi minha também.

– Bill... – Tento conversar, mas ele não parecia estar disposto a me ouvir.

– Eu... Vou até a nossa casa, pegar algumas coisas e irei para casa da mamãe.

– Como ela está? – Pergunto e ele apenas solta uma risada triste e então me olha apreencivo.

– Pode levá-la para casa? – Pediu. – Eu sei que ela não pensa em ficar lá, mas eu quero que ela se recupere antes de ir embora. - Tanta me explicar, mas parece estar completamente perdido em suas palavras, e eu tento entender como ele pode estar me pedindo isso, mesmo depois de tudo confiar em mim... Eu não confiaria. – Pode fazer isso Tom?

– Claro. - Eu confirmo – Vou fazer isso, prometo.

– Obrigado.

E então vejo Bill caminhar rapidamente pelo corredor do hospital, até sumir de meu campo de visão.

Viro-me para frente e encaro a porta do quarto de kate, lanço minha mão instintivamente a abrindo sem fazer barulho, tomo fôlego e caminho até sua cama, tentando mentalmente controlar meus sentimentos, mas fica completamente impossível assim que vejo seu rosto.

Sinto meu coração parar e então ela me olha e posso ver que está sorrindo, mesmo depois de tudo ela ainda consegue. Talvez sorrir seja a defesa dela, gosto disso gosto de imaginar que mesmo depois de tudo Kate ainda consiga ser otimista em relação a tudo que está acontecendo em nossas vidas.

Caminho com passos lentos até sua cama e começo a notar todas as marcas da noite anterior, não somente em seu corpo, mas em toda exaustão presente em seu rosto.
Sento-me ao seu lado na cama, e a vejo se endireitar ficando com o rosto na altura do meu, podendo assim me olhar nos olhos.

– Oi. –Falei tentando manter minha respiração normal, o que era praticamente impossível quando estava perto dela.

– Oi. - Ela fala mantendo seu sorriso acolhedor.

– Como está se sentindo? – Pergunto me aproximando dela.

– Estou bem... – Ela responde, obviamente mentindo. - Obrigada.

– Eu ouvi vocês e... Não quero que faça isso, você não precisa...

– Tom... Não vá por ai... – Ela pede sorrindo, e isso me faz sorrir também.

– Desculpa.

– Vem aqui... Vem? –Ela me chama e então me sento ao seu lado.

– Eu não queria isso... – Comecei com a voz embargada. - Não desejei que isso...

Enquanto eu tentava falar, ela me interrompeu pedindo que eu não continuasse.

– Não... Não fala nada não, só fica aqui quietinho. – Kate encosta sua cabeça em meu ombro e fecha os olhos enquanto eu apenas a observo.

Ficamos em silêncio durante um tempo, ambos lutando com nossos próprios pensamentos.

Até ela sussurrar em meu ouvido...

– Eu amo você Tom.

– Eu sei... - Sei exatamente o que ela quer dizer e de que forma quer que eu entenda.

– Não sei o que eu faria sem você do meu lado. – Segura minha mão e encaixa seus dedos nos meus, perfeitamente e por um momento me faz pensar que poderíamos ficar assim para sempre.

– Eu não vou sair do seu lado – Aperto sua mão na minha – Vou estar sempre perto de você... Até você cansar de mim. – Sussurro para ela.

– Eu nunca vou me cansar de você. - Ela ri, fazendo desenhos na palma da minha mão e só agora posso notar a aliança brilhando no dedo esquerdo. Essa visão foi como uma ducha de água fria, um choque de realidade.

Levantei-me rápido de seu lado dando-lhe a desculpa de que iria ligar para Bill, e não esperando sua resposta sai do quarto fechando a porta.


Algumas horas depois, quando mais calmo entrei novamente em seu quarto, ela já estava de pé perto da cama ouvindo algumas recomendações da médica ao seu lado.

– Pronta pra ir? – Perguntei interrompendo a conversa.

– Eu não... – Ela parou dando-se conta de que não estávamos sozinhos.

E enquanto permanecíamos em silencio a médica pareceu se dar conta de que estava sobrando. Despediu-se de Kate e então saiu do quarto sem me olhar.

– Pelo menos por hoje. – Eu voltei a falar. – Ele me pediu para fazer isso.

– Tudo bem. – Diferente do que eu imaginava aceitou rápido, cansada de discussões eu presumo.

O caminho de volta pra casa foi em completo silêncio, nenhum de nós falou... Ou ao menos tentou esboçar alguma expressão. Ela passou o tempo todo olhando pela janela do passageiro com os braços cruzados. Eu poderia ficar preocupado, mas nada em sua expressão denunciava que aquela preocupação tinha a ver comigo, então a deixei sozinha com seus pensamentos.

Quando entramos em casa estava tudo em seu devido lugar novamente, a não ser por tudo que foi quebrado, e eu não estou falando de cacos de vidro.

Kate caminhou até a mesinha a tocando sentindo como se nada daquilo tivesse acontecido, um pesadelo talvez. Eu não sei, mas em certos momentos ela parecia perdida.

– A sala está arrumada. - Ela falou olhando para todos os lados.

– Sim acho que Gert levou um susto hoje de manha. – Ri pensando em Gert nossa empregada, entrando para limpar nosso apartamento – Deve estar achando que eu aprontei. – Conclui.

– Pode apostar. - Sorri com sua resposta. Não pude evitar.

– Então... – Eu comecei tentando tornar o clima mais fácil para ambos.

– Então... Vou pegar algumas coisas e ir, não quero dar mais trabalho a você.

– Não... Não pense assim, e também você não pode ir, eu prometi a ele que a deixaria aqui para se recuperar, não quero desapontá-lo ainda mais. Já bastou tudo que aconteceu ontem.

– Ontem acabou Tom.. – Ela disse - Hoje é diferente.

Olhamos nos olhos um do outro por um momento antes de eu desviar os meus.

– Desculpa, mas não parece diferente pra mim, eu posso ver uma sala maquiada na tentativa de apagar o que aconteceu, meu irmão mal fala comigo, e você... – Caminhei até ela, tocando seu rosto, tocando cada marca e hematoma que ali estavam. – Você Kate... Está assim.

– Logo eles irão sumir... – Sabendo do que eu estava falando ela afastou-se – Assim como eu.

– Não quero que faça isso. – Digo em voz alta.

– Já está feito Tom. - Ela não deu importância.

– Não está você ainda está aqui, é só... Droga Kate. – Fiquei em sua frente obrigando-a a me encarar. - Qual é a pior coisa que pode acontecer se você ficar?

– Vai doer. – Ela diz.

– Já está doendo.

– Então pra que deixar isso ainda maior? – Ela diz baixinho, sem me olhar.

Instantes se passam. O intervalo tem um som, como se algo muito pequeno houvesse se
partido.

Aproximo-me dela e a abraço, afundando meu rosto em seu pescoço, sentindo seu cheiro, sentindo respirar perto de mim.

– Eu amo você. – sussurro com raiva em seu pescoço. – É a pior dor da minha vida, mas é o que eu sinto.

Ouvi minha própria voz sair como se tivesse vontade própria e me dei conta do quanto era difícil manter isso dentro de mim.

– Você não ama porque você não conhece esse tipo de amor. - Ela me empurra e se afasta, posso ver que está chorando e não posso fazer nada quanto a isso.

– Não se atreva a dizer que eu não sinto. - Grito com ela, essa é a primeira vez e meu coração está aos pulos.

– O que você quer que eu faça? - Ela grita também. – O que quer de mim?

– Eu não sei.

Sento-me no sofá e minhas mãos cobrem meu rosto, de alguma forma sinto-me envergonhado e por várias vezes me pergunto mentalmente porque eu fiz isso, porque contei, eu faria isso de novo? Sou sempre eu, você sabe que acaba com tudo, que estraga tudo.

– Eu não posso dar nada a você Tom. – Ela me olha e respira fundo algumas vezes, tentando se recuperar - Não há nada que possa ser oferecido.


– Por favor, vá descansar – Peço e ela parece se dar conta de que eu precisava desesperadamente de um momento sozinho. - Por favor, Kate, me deixe sozinho.


Em um minuto ela já não estava mais lá e então observando o apartamento vazio, começo a pensar em Bill.

Ele era, e eu comecei a acreditar nisso há muito tempo, um homem muito melhor do que eu jamais serei.

Eu sempre usei mulheres, me permiti ser usado e sempre manti meus sentimentos pra mim mesmo. Não é fácil pra eu admitir certas verdades, e é isso que me faz simplesmente enlouquecer.




Minutos mais tarde quando estou cansado de pensar e refletir levanto-me e caminho em direção ao quarto dela, mas ao invés disso paro em frente ao bar, e este me parece bem convidativo... Começo a pensar novamente, mas desta vez me pergunto se estou perto de virar alcoólatra, espero que não porque não sou a melhor pessoa do mundo quando estou bêbado. Na verdade eu sou a pior pessoa do mundo mesmo estando sóbrio. Nenhum ser humano no mundo pode ser considerado digno quando se está apaixonado pela mulher do irmão. Então posso presumir que sou um idiota que está virando alcoólatra.

Caminho até o bar e sirvo uma dose de Everclear misturada com Absinto. Se Andy estivesse aqui agora com certeza perguntaria se estou tentando cometer suicídio, o que não me parece uma má idéia.

Empino o copo e deixo o liquido escorrer por minha garganta, queimando por onde passa e me dou conta de que realmente eu seria um péssimo barman, minha mistura não funciona, ainda estou vivo.

Que ridículo, pensamentos ridículos, tudo é ridículo, sou um alcoólatra que não serve pra barman, estou apaixonado pela minha cunhada, meu irmão me deixou, aquele estúpido confiou em mim mesmo depois de tudo. E para piorar nem meu cachorro me quer... Definitivamente essa bebida merece fazer efeito, bem talvez ela já esteja não costumo ter pensamentos idiotas durante muito tempo, muito menos sentimentalistas.

Levanto minha cabeça rapidamente do balcão onde estava apoiado e sinto meus olhos ficarem embaçados. Curvo-me mais uma vez tentando enxergar e sinto que ela está me observando quieta... Não sei quanto tempo está ali, mas creio que seja o bastante para estar assustada com meu comportamento.

– O que está acontecendo com a gente? – Ela pergunta afastando meu copo e todas as bebidas para longe.

Puxo seu corpo para frente do meu e a encosto no balcão, não consigo vê-la, mas sei que está apavorada.

Prenso-a junto de mim e a encaro de perto, posso ver seus olhos vermelhos e sei que estava chorando, não me importo muito por estar sofrendo, eu também estou. Bill está. Não é justo, mas nada disso importa agora que ela está ali nos meus braços.

– Eu quero você. – Digo a ela.

– O que está dizendo. - Eu percebo uma mudança no tom da sua voz.

– Você perguntou o que eu quero, e a minha resposta é essa... - Aproximo-me rapidamente de seus lábios sem dar chance a ela de fugir. – Eu quero você kate.

Ela me olha com uma expressão tão séria que imediatamente agarro seu rosto e lhe beijo.

Seus lábios são macios, e ela tem um cheiro bom isso é tudo que consigo pensar enquanto ainda consigo raciocinar como uma pessoa normal.

Tudo havia sumido, não existia mais nada, e eu nem ao menos conseguia me lembrar quem éramos ali, tudo que eu podia pensar era no quanto eu queria aquilo, não só agora, mas sempre.

Eu não sei, talvez estivesse louco demais pra saber em que momento ela cedeu, mas não me lembro de ter sentido qualquer tipo de resistência.

Em nenhum momento no bar, enquanto eu a beijava... E muito menos agora enquanto eu a carrego para meu quarto...

Tarde demais para sentir medo...

Tarde demais para voltar atrás...

Postado por: Grasiele

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