quinta-feira, 22 de março de 2012

Insanity - Capítulo 13

 

Tom...


E então eu acordei...

Dando-me conta que pela primeira vez sinto medo de estar acordado... Medo de olhar para o lado, e ver que esse novo dia a tenha carregado para longe de mim, medo de um vazio inexistente. Sinto medo de não poder nunca mais tocá-la,... Sinto um grande medo, de não poder ver os mesmos olhos que ontem me guiaram...

E ainda que eu tenha perdido tudo isso, eu consigo ouvir sua respiração, ainda consigo sentir cada traço de seu corpo sobre meus dedos... Ainda lembro de tê-la desenhado em minha memória com cada toque, com cada suspiro que absorvi, com cada gota de suor derramada sobre seu corpo...

“Ergueu a mão e deixou seus cabelos deslizarem de seus dedos devagar, acariciando meu rosto, roçando em meus lábios, flutuando macios e pesados em meu pescoço e ombros, enquanto eu escorregava meus dedos depositando-os como penas em cima dos seus seios...A ponta da minha língua tocando a linha dos lábios de kate, com suaves beijos nos cantos. Ela não se mexia, rígida, a não ser por seus dedos que se curvavam sobre meu peito - Vamos, Kate... Você sabe o que eu quero – sussurrei bem acima dos lábios dela.”

Balancei minha cabeça negativamente, tentando afastar minhas memórias da noite anterior, como se pudesse me sentir menos culpado sem isso, mas era impossível e eu tinha plena certeza disso.

Nunca em minha vida esqueceria um único momento de nossa primeira e última noite juntos, sempre olharei para trás e relembrarei do quanto fazer amor com ela foi arrebatador e guardaria essa lembrança comigo sempre, como uma jóia inestimável, insubstituível, mas que de fato nunca me pertenceu.



Mais tarde quando em fim ganhei um pouco de coragem para olhar para o lado, como imaginava ela não estava mais lá, não havia marcas suas muito menos seu perfume em meu travesseiro... Foi como um sonho apenas, real demais para arcarmos com as conseqüências que ele nos traria.

Levei minhas mãos até meus olhos, tentando acordar realmente, já que tudo ainda parecia bastante nublado pra mim.

Quando sentei em minha cama pude me dar conta de que minhas roupas ainda estavam em meu corpo, estranho, pois não lembrava de tê-las vestido outra vez.

Levanto-me e caminho pelo corredor, segurando as paredes do mesmo, meus olhos fraquejam o tempo todo e eu mal consigo enxergar um palmo a frente dos mesmos.

– Kate? – Eu chamo, sem conseguir enxergar nada.

– Eu confiei em você. – Ouço a voz de Bill ao fundo, mas logo ele se aproxima, e me faz cair sentado no sofá.

Começo a ouvir sua voz alta gritando, mas as palavras que não eram dirigidas a mim não faziam qualquer sentido, Pertenciam à realidade de outra pessoa.

E só quando o pude vê-lo percebi que está quieto esperado minha resposta em silencio, mesmo que pra mim ele estivesse gritando alto.

– Quanto tempo está aqui? – Eu pergunto, levando a mão aos meus olhos tentando limpa-los.

– Eu estava aqui o tempo todo. – O som do choro dele acionou uma reação repentina, como se estivesse guardando aquilo há muito tempo.

– Eu não sei o que eu fiz. – Digo apenas e embora pareça estar mentindo e ainda tenha memórias da última noite eu não sei até onde tudo isso é realmente realidade.

– Você não sabe? – Ele grita e começa a jogar coisas sobre mim, não consigo desviar ou talvez não quisesse fazê-lo... Você sabe... No estado em que eu estava o melhor era que ele me acertasse logo, eu faria se pudesse.

– Bill eu... – Levo as minhas mãos ao meu rosto tentando cobri-lo. – Não estou bem.

Sinto meus olhos fraquejarem mais uma vez, e também começo a ouvi-lo gritar de novo, não é possível que isso seja a porra de historia de gêmeos outra vez, não me lembro de ter avançado tanto ao poder ouvir os pensamentos dele... Embora isso pereça realidade no momento.

– Está se sentindo culpado? – Ele se aproxima. - Quer se desculpar? – Grita em meu ouvido.

– Quer mesmo que eu fale? – Eu grito levantando-me e nos afastamos. – Por que eu ficaria aqui tentando me desculpar se você viu tudo? – Pergunto curioso. Afinal porque ele teria deixado kate sozinha comigo se não confiava em mim? – Você diz que confia em mim, mas na verdade estava me testando.

– E você caiu. – Ele confirma minha suposição. – Os dois caíram!

Eu fecho meus olhos, ciente de que a hora da verdade chegou. Eu limpo a garganta.
Molho os lábios e me detenho por um último instante... Não posso mentir a ele, então ao invés disso, eu fecho meus olhos, pensando que, se ele puder ler minha mente, assim como eu estou lendo a dele, eu não preciso seguir a diante com essa confissão.

– Bill?

Viramos em direção a porta do corredor e lá estava ela parada olhando tudo de longe, completamente assustada com o que estava acontecendo, bem ao menos era o que parecia...

– Como você está? – Bill caminha em direção a ela e seus pensamentos não são nada bons – Dormiu bem?

– Sim. - Ela o olha com medo e começa a se afastar instintivamente – Dói um pouco, mas consegui dormir.

– Dor? – Ele cerra os punhos e esforça-se para não perder o controle. – É eu a ouvi gemer durante a noite. – Diz blasfemando enquanto me encara, e em seus pensamentos ele me pergunta o quanto foi bom estar em seu lugar... Quer mesmo saber? Seria ainda melhor se eu não estivesse tão bêbado e pudesse me lembrar agora.

– Você estava aqui? – Ela pergunta calmamente e eu não consigo entender como ela consegue se manter assim, apesar de tudo.

– O tempo todo. – Ele tentou encontrar algum sentido em sua pergunta.

– Parece um pouco triste. - Ela o olhou dentro dos olhos e levantou ambas as sobrancelhas...

– Eu tenho motivos. Não tenho? - Bill olhou para o lado oposto da sala, e seus olhos encontraram os meus.

– Não foi uma boa idéia eu ter vindo para sua casa. – Ela percebe a minha reação e acima de tudo percebe que Bill está da mesma forma que estava quando bateu nela.

– Aonde você vai? – Ele grita quando a vê se afastar.

– Eu vou embora. – Ela caminha em direção ao quarto.

– Não, você não vai. – Ele gritou e seus olhos ficaram ainda mais apertados.

Tento chegar perto dele, impedi-lo de fazer qualquer bobagem, mas involuntariamente meus pés não me obedecem, não consigo andar, nem tão pouco falar... E ao longe tudo que ouço é um sinal tocando pequeno e prolongado... Um bip talvez.

Olho para os lados, tentando encontrar o barulho insuportável, mas não há nada lá, pelo contrario minha cabeça parece querer rodar e enquanto isso acontece, vejo pequenas cenas como se fossem um filme... Imagens que relampejam através de mim.

Cenas em que apenas Bill e Kate estão presentes, cenas em que eu nem ao menos presenciei de longe... Acredite em mim não é como se eu estivesse em um sonho, é mais como um pesadelo.

– Pode me soltar. – Ouço Kate pedir a ele e então estou na sala novamente.

– Por quê? – Bill grita apertando seu braço. – Está com medo que eu sinta o cheiro dele na sua pele?

– O que disse? – Ela pergunta com a voz falha.

– Estou cansado de jogos Kate... Só preciso que me conte a verdade. - Por um instante ela não tinha certeza de ter ouvido direito – O que fez ontem à noite?

– Você estava aqui, não estava? -Ela o forçou a parar e observa-la. – Eu estava dormindo.

– Não foi o que eu vi. - Ele balança a cabeça e leva a mão ao rosto dela, mas para assim que escuta a porta se abrir.


– Bom dia meninos – Mamãe entra batendo a porta atrás de si e noto que scotty voltou com ela pra casa. – Kate.

– Mãe? – Bill sai em direção a ela para ajudá-la com as muitas sacolas que carregava, mas não sem antes me encarar, pedindo mentalmente para que eu pareça normal aos olhos dela. – O que faz aqui?

– Eu e Kate planejamos há dias fazer um jantar está noite. – Ela entrega as sacolas a ele e logo se vira para Kate que está acuada em um canto da sala. – Você esqueceu Kate?

– Sim, me desculpe. – kate diz com os olhos baixos, mas mamãe rapidamente corre até ela, segurando seu rosto entre as mãos.

– O que aconteceu com você? – Ela pergunta e Kate se afasta. – Seu rosto ele...

– Não se preocupe, estou bem. – Ela responde, e logo vai em direção as compras ainda falando, mas tentando de alguma forma mudar o foco do assunto. – Ontem à noite eu acabei caindo e...

– Você já foi ao hospital? – Mamãe pergunta enquanto caminha novamente em direção a Kate.

– Sim, Bill me levou, está tudo bem. – Kate o olha e ele parece rir com a situação. – De verdade. – Sorri, mas ainda sim mamãe não parece conformada com a resposta.

– Se quiser podemos deixar o jantar para outro dia. – Pergunta e Kate segura suas mãos.

– Não... Será hoje, como planejado.

– Tem certeza que kate está bem? – Mamãe pergunta, mas desta vez olha para Bill que caminha em direção a Kate puxando-a pela cintura.

– Ela está ótima. – Ele a beija e os olhos dela se enchem de lágrimas – Não é amor?

– Sim, estou bem. - Sua voz saiu tremida enquanto observava o rosto fechado e irritado de Bill.

Eu olho para ele, absorvendo seus pensamentos e sei que não posso impedi-lo... Só posso encontrar uma maneira de resolver o que eu mesmo comecei.
Encontrando uma forma de não levar a idéia de Bill em matar Kate adiante.

Postado por: Grasiele

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