sábado, 25 de fevereiro de 2012

Glamourous - Capítulo 37 - Renaissance...

Hospital Central de New York...

Narrado por Tom...


Eu sempre ouvi dizer que quando você morre a primeira coisa que você vê é a grande luz branca, bem eu não sei se tinha morrido, mas eu estava em um lugar totalmente diferente desse mundo, eu estava em uma grande sala branca e era tão clara que eu mal conseguia manter meus olhos abertos. Era tudo tão estranho, a sala era completamente vazia, não havia nenhum outro móvel a não ser a cadeira que eu estava sentado.
E o que era mais estranho ainda era a sensação de paz e plenitude que eu sentia, não tinha mais medo, dor ou receio de nada, sentia uma força interior que nunca havia sentido antes...é acho que eu tinha morrido...

__ Filho?! – ao ouvir aquela voz senti um arrepio forte por todo corpo, me virei devagar, levei a mão a boca ao ver quem era...não podia ser...ele caminhou lentamente até mim e depositou sua mão direita em meu ombro, abriu aquele já conhecido e esquecido pelo tempo sorriso...

__ Pai?! – sussurrei mais pra mim do que pra ele, senti meus olhos ficarem quentes... – Pai é você mesmo?! – eu não consegui acreditar, ele sorriu...

__ É claro que sou eu Tom! – as lagrimas quentes desceram por meu rosto...o abracei! Quanto eu pedi para que um dia eu pudesse abraça-lo de novo, sentir ele mais um vez, me passando força, tirando meus medos...era tudo o que eu mais desejei minha vida toda! – Hey, não foi esse menino chorão que eu criei... – ele disse me fazendo rir...

__ Como...? eu morri? – perguntei preocupado, ele sorriu mais um vez...

__ Falaremos sobre isso mais tarde, o motivo da minha “visita” é outro...filho eu tenho lhe acompanhado desde que parti, a você, ao seu irmão, a sua mãe...não sabe como me entristeceu ver o que aconteceu com você e com o Bill, não tirou sua razão de ter ficado chateado, o que ele fez foi terrível, mas vocês perderão tanto tempo...

__ Eu sei pai, mas agora nós estamos bem, eu já esqueci tudo o que aconteceu... – ele esboçou um leve sorriso de canto, ficou um tanto cabisbaixo... – Pai, eu te decepcionei em algum momento?

__ É claro que não meu filho, pelo contrario, você não faz idéia do orgulho que sinto de você... – sorri ao ouvir aquelas palavras da pessoa que mais me fazia falta. – sempre foi tão independente, batalhador, esforçado, forte, corajoso, ah Tom eu só tenho orgulho de você, orgulho de ver o homem que você se tornou...

__ Então por que eu tenho sempre que passar por essas coisas ruins?! Por que é sempre comigo que tudo acontece? – perguntei inconformado, meu pai apenas balançou a cabeça...

__ Você esta sendo egoísta filho... As coisas acontecem porque elas tem que acontecer, cada um de nós tem um destino, não cabe a nós decidi-lo... apenas aceita-lo!

__ Quer dizer que eu morri mesmo?! – meu pai fechou os olhos e assentiu em negativo...

__ Sua hora ainda não chegou filho, você ainda tem muitos outros desafios para enfrentar...e pra falar a verdade, já esta na hora de voltar... – nesse momento a pequena sala em que estávamos foi ficando mais escura, a claridade sumia aos poucos... – Tom, diga ao seu irmão que eu o amo, que sempre estarei junto dele...e diga a sua mãe para ser forte, eu sempre estarei com ela e sempre a amarei... – olhava para os cantos sem entender, a sala já estava praticamente toda escura...

__ Pai o que esta acontecendo?! – gritei para meu pai, que aos poucos desaparecia...

__ Tom, de uma chance pra sua vida de novo, faça tudo o que você não fez e filho...saiba que sempre estarei com você, não importa onde nem quando, eu te amo! – eu apenas escutava a voz longe de meu pai, mas já não o via...cai em escuridão total...


*********


Naquele mesmo instante...

Escutava varias vozes em minha cabeça, vozes que já conhecia...forcei meus olhos, aos poucos a claridade foi invadindo os mesmos, pisquei diversas vezes, os abri vagarosamente, avistei meu quarto...a mesma cortina, a mesma cama, TV, poltrona...não havia ninguém no quarto, as vozes vinham do corredor movimentado do Hospital...o que tinha acontecido? Eu tinha morrido e voltado? Isso era possível? Fiquei com medo e se fosse outra visão, alucinação...me lembrava completamente do meu encontro com meu pai, sorri ao lembrar de seu rosto sereno, de suas palavras...levei as mãos ao meu rosto, não havia tubos ou respiradores...okay, algo bem estranho estava acontecendo...olhei para o lado e eu estava tomando soro, não havia remédio nem nada, só soro! Tentei me sentar e ai sim, senti uma dor profunda nas costas, me deitei novamente...meu Deus o que tinha acontecido?! Fiquei olhando pro teto, vários pensamentos me invadiam...ouvi o barulho da maçaneta girar, olhei para a porta, vi meu médico colocar a cabeça pra dentro, ele sorriu...

__ Sabia que já estaria acordado... – ele entrou anotando algumas coisas em sua prancheta... – você sempre acordou muito cedo...

__ Doutor o que aconteceu? Por que eu não tenho mais nenhuma aparelho, cadê os remédios? E por que minhas costas estão doendo tanto? – ele sorriu, depositou a prancheta em cima da mesa, abriu os braços...

__ Porque você esta curado Tom! – arregalei os olhos, ele estava tirando uma com a minha cara ou o que? – você esta livre da leucemia Tom...é um sobrevivente do câncer! – ri pra mim mesmo, se aquilo era uma piada era de muito mau gosto!

__ Você só pode estar brincando né? Como assim?! – disse com a voz já enbargada, ele riu.

__ Não Tom, eu não estou brincando...você não tem mais nada, esta completamente curado... – olhei bem para o doutor que sorria... – Parabéns Tom! – cai no choro, eu não conseguia acreditar que tinha conseguido, estava livre novamente, a vida...Deus tinha me dado uma nova chance...chorava como nunca havia chorado em toda a minha vida... – acho que algumas pessoas querem compartilhar esse momento com você... – olhei para a porta e Bill, Annie, Georg e Carlla estavam parados me olhando, todos já em prantos, os chamei com a cabeça, todos correrão ate mim e recebi o abraço grupal mais sincero, verdadeiro e especial da minha vida...era uma cena de filme, todos em cima da minha cama, em cima de mim me abraçando, chorando e rindo. A felicidade que eu senti era tão grande, tão forte, era inexplicável.

__ Eu te disse que você ia conseguir...você é um filho da mãe que sempre consegue tudo Tom! – Georg disse me dando um tapa da cabeça.

__ O que eu posso fazer né...alguém lá em cima gosta mesmo de mim!  - olhei para o teto, e mentalmente agradeci... “Obrigado Deus, Obrigado por acreditar em mim...Obrigado Pai”.


Uma semana depois...

Uma semana desde que eu descobri que estava totalmente curado tinha se passado, finalmente hoje, eu sairia do hospital...depois de 7 meses trancado aqui iria poder mais uma vez olhar para a Estatua da Liberdade, caminhar no Central Park...eu cheguei a pensar que nunca mais os veria...
Estava no meu quarto arrumando minhas coisas...

__ Será que eu posso entrar? – a voz de Annie ecoou pelo quarto, me virei e ela apenas estava com a cabeça pra dentro...

__ É claro que pode! – ela sorriu, entrou, caminhou ate mim e recebi um abraço apertado dela.

__ E então, pronto para encarar à agitada New York de novo?

__ Mais do que pronto, eu não vejo à hora de sair daqui logo...sabe, eu cheguei a pensar que não sairia desse hospital vivo... – ela balançou a cabeça...

__ Como sempre seu negativismo impera! O importante é que você esta aqui, vivo, com saúde e pronto pra voltar pra sua vida de modelo cafageste! – rimos juntos.

__ Eu não sei se quero aquela vida de novo, sabe Annie eu já realizei meu sonho de ser modelo, acho que agora esta na hora de realizar outros sonhos...eu quero viver minha vida intensamente... – Annie sorriu, pegou em minhas mãos e deu um beijinho nas mesmas.

__ Você esta completamente certo, não importa o que você decidir, eu vou estar sempre torcendo por você!

__ Obrigado Annie...sabe eu acho que não estaria aqui hoje se você não aparecesse na minha vida, você me ajudou em todos os momentos, nunca me abandonou, sempre me deu força e fez com que eu acreditasse em mim, isso não tem preço... – os olhos marejados de Annie mostravam o quanto ela se sentia emocionada...ela me abraçou...

__ Você vai me amar daqui a 100 anos? – ela sussurrou em meu ouvido...fiquei emocionado na hora..olhei para ela, para seus belos olhos azuis dos quais brotavam algumas lagrimas...

__ Pra todo o sempre! – respondi. Dei lhe um beijo demorado na testa e depois um abraço apertado...na verdade o abraço durou longos minutos...minutos que precisávamos!


Naquele mesmo dia...algumas horas mais tarde...

O primeiro lugar que eu decidi visitar após minha saída do hospital foi o Central Park, eu amava aquele lugar, suas belezas naturais me encantavam, as pessoas que por ali passavam...estávamos na primavera o que deixava tudo mais bonito, o verde vivo das arvores, o colorido das flores...é incrível como essas pequenas coisas não fazem a mínima diferença quando você esta aqui todos os dias, mas quando se passa tanto tempo sem ver nada disso, você aprende a dar valor...
Me sentei embaixo de uma mangueira que ali tinha, sempre me sentava ali para meditar...me recostei em seu tronco, fechei os olhos e comecei a “sentir” a natureza.
Senti alguém me dar um tapinha no ombro direito, abri os olhos e Bill estava sentado ao meu lado...sorri para ele, que retribuiu...ficamos em silencio, ambos olhando as pessoas que por ali passavam...

__ Eu falei com o papai! – Bill olhou para mim assustado. – não sei se morri por alguns segundos, ou se ele simplesmente apareceu pra mim de alguma forma, mas falei com ele... - olhei para ele que agora sorria e esperava que eu continuasse. – ...ele disse que sempre esteve conosco, que sempre olhou por nós. Que se sentiu triste por ficarmos tanto tempo brigados... – olhei para Bill que segurava o choro, peguei em suas mãos... – disse que te ama e que vai estar sempre com você! – ele não agüentou, as lagrimas rolaram...o abracei! – ele também disse pra avisar a mamãe que sempre vai estar junto dela e que ele a ama. – Bill se separou do meu abraço e me olhou sorrindo...

__ Tem alguém que quer te ver...Mãe... – não podia acreditar no que meus olhos viam, minha mãe saiu detrás da mangueira, me levantei rápido, ela caminhou ao meu encontro, em prantos...senti meu coração acelerar e minhas pernas tremerem. Ela estava na minha frente, levou suas mãos ao meu rosto, os acariciou, me olhava atentamente...

__ Me perdoa filho! Você não merece uma mãe tão ruim como eu, mas perdoa! – a abracei! Por diversas vezes eu precisei de um abraço da minha mãe, mas ela nunca podia me dar por estar caída de bêbada, ou internada em um hospital por tentativa de suicídio...por diversas vezes eu sonhei com esse abraço caloroso e reconfortante de mãe...e agora eu sabia que o tinha sempre que precisasse, eu sentia.

__ Eu não preciso lhe perdoar de nada, você foi uma ótima mãe...só ficou um pouco desorientada quando o papai se foi, mas você sempre nos amou e eu também sempre mãe, eu sempre te amei e sempre vou te amar! – ela sorriu e outro abraço recebi...percebi que poderia receber esses abraços por dias, anos...fiz um sinal para que Bill se juntasse ao abraço, ele levantou e nos abraçou...talvez quem nos visse ali poderia achar que éramos loucos, mas éramos apenas um família, que antes era totalmente desestruturada e agora era a mais unida e forte possível...

Naquela mesma noite...
Eu tinha agradecido até esse momento diversas pessoas, mas ainda não tinha agradecido a verdadeira culpada por eu ainda estar vivo, quem realmente tinha me salvado da morte...o meu anjo da guarda...parei em frente a porta de seu apartamento, assim que ia bater na mesma ela se abriu, fazendo Carly pular pra trás ao me ver, seus olhos arregalados...olhei para ela que trajava apenas uma regata apertada e um short curterrimo, ri pra mim mesmo...ela não sabia onde enfiava a cara...

__ Acho que não cheguei em boa hora... – ela riu, notei nesse momento o saco de lixo em sua mão...

__ Bom se você quiser me acompanhar até o lixo... – ela disse com uma carinha fofa, apontei para o elevador e dei passagem para ela...chegamos até o latão de lixo que ficava em frente ao prédio, ela colocou o saco no lixo...escutei um forte trovão, olhei para o céu, senti uns pingos na minha cabeça...uma chuva forte de aproximava. - ...mas então, por que veio até aqui? E como descobriu aonde eu morava...

__ Fui até o hospital e vi na sua ficha...e bem acho que eu tenho mais do que motivos pra te procurar não é? – ela riu cabisbaixa, olhou pra mim, respirou fundo e deu de ombros... – você salvou minha vida, se não fosse por você eu não estaria aqui hoje, eu...eu estaria morto! – os pingos engrossarão, a chuva fraca que cai agora era intensa e forte, mas não sei o real motivo, não nos importávamos nem um pouco...ao nosso redor as pessoas corriam apressadas procurando abrigo, mas nós apenas nos olhávamos fixamente...já estava completamente encharcado, sentia minhas roupas largas pesadas...Carly tentava manter os olhos abertos, mas os pingos que caiam em nossos rostos dificultava um contato visual mais profundo...sentia que estávamos muito afastados, dei alguns passos a frente, Carly não se moveu... – sabe eu olho pra você, penso em tudo que fez por mim, tento achar as melhores palavras pra te agradecer, mas não consigo...

__ Eu acho que sei a maneira exata de você me agradecer... – Carly fez algo que não esperava, se aproximou de mim e me beijou! Confesso que no momento não me movi, eu não conseguia ter reação alguma, estava tentando assimilar tudo...algo estranho aconteceu comigo, senti borboletas no estomago, senti uma conexão entre nós dois...correspondi ao beijo...ta certo parecia cena de filme de romance que eu particularmente não consigo assistir por mais de três minutos, mas foi mágico. Nosso beijo tinha uma sincronia incrível, Carly tinha um sabor maravilhoso...bom se ainda não inventaram amor ao primeiro beijo, eu acabei de inventar e vou patentear. Nos separamos apenas por falta de fôlego, olhei para Carly que sorria...

__ Ta legal eu estou meio confuso... – disse rindo, ela segurou meu rosto com as mãos...

__ Fica comigo, vai ser a maior forma de agradecimento que você pode me dar...

__ Acho que não vai ser nenhum sacrifício... – rimos e dessa vez eu a puxei para um beijo...quando meu pai disse para  curtir minha vida, que a mesma estava me dando uma nova chance era isso que ele queria dizer...confesso que ainda pensava em Annie, mas Carly me fazia sentir algo diferente, desde o primeiro momento em que a vi...talvez o amor tenha batido a minha porta mais uma vez, porque não deixa-lo entrar?

Postado por: Grasiele

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