domingo, 11 de dezembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 24 - Será o fim?

Vanessa ouvia à tudo que Bill dizia, era uma história por demais triste e emocionante, era o que ela pensava. O romantismo que Bill aparentava ter, era o que ela sempre procurou em um homem, porém nunca encontrou. Felipe não era e nunca foi o “garoto de seus sonhos”, mas Bill parecia ser alguém muito especial, alguém que apesar do rosto bonito e de toda sua simpatia, já havia sofrido muito na vida, e ao que tudo indicava continuava sofrendo.

– Mas se você não é doido como diz, os médicos já deveriam ter percebido isso!
– Você sabe quantas vezes eu já fui examinado desde que cheguei aqui?! Nenhuma!
– Como assim?! Você deveria estar tendo algum tipo de acompanhamento médico, com psicólogos...
– Ninguém aqui  é examinado direito! Se um médico de verdade me examinasse diria com total certeza que eu não tenho problema algum!
– Se eu consigo perceber isso, que dirá um médico!
– Pois é! Mas se eu continuar aqui, nunca vou conseguir provar que eu não quis me matar e que eu estou bem!
– Acho que sim...
– Então se você pudesse me ajudar a fugir...
– Te ajudar?! Não, não.... Eu não posso, não tenho como... É arriscado demais!
– Calma, você não vai sair prejudicada em nada. Diz Bill segurando as mãos de Vanessa.
– Como não?! Se pegarem nós dois eu é que vou ser a mais prejudicada!
– Não, pense bem...
– Eu estou pensando bem! Por isso digo isso, se pegarem você o máximo que fazem é te internar de novo. Mas e eu?
– Por favor me ajude, eu prometo assumir todas as responsabilidades!
– Assumir responsabilidades? E quem confiaria em um maluco?!
– Você sabe que eu não sou maluco! – diz Bill enraivecido.
– Ta, agora eu sei... e os outros? Eu nem te conheço cara...
– Eu também não te conheço mas te ajudei! Duas vezes!
– Mas não foi nada que se compare ao que você está me propondo...
– Você tem razão....

Bill então senta-se em um banco em frente a sala, e desesperado chora, essa era a única oportunidade que possuía para sair daquele local tão terrível, e parecia estar perdida. Vanessa mostrava-se irredutível, e ele sabia  que nada poderia fazer para convencê-la.

Vanessa  sente-se mal ao ver Bill naquele estado, ela não gostava de ver ninguém chorar, e muito menos um homem tão lindo como aquele, e que fora tão gentil com ela.

– Calma, eu queria poder te ajudar .... mas não posso! Me entenda por favor!
– Cara eu tenho uma filha me esperando... você não sabe o que é isso! Ela já não tem a mãe.... e agora está sem o pai!
– Eu lamento muito por isso..
– Eu não preciso da sua pena! Preciso da sua ajuda!
– Eu tenho medo....
– Eu também tenho! Mas a minha filha... ela é tudo pra mim!

Bill ao lembrar-se da filha, chora compulsivamente, já não conseguia imaginar a vida sem Gerthe, a saudade que sentia era maior do que sua tristeza, do que sua raiva, do que sua dor...
Vanessa vendo Bill chorar pela falta da filha,lembra-se de seu pai. Queria que ele também sentisse sua falta, que fizesse o possível para reencontrá-la, que a amasse tanto quanto Bill parecia amar a filha.
Ela sabia que crescer sem um pai não era nada fácil, o que diria então sem pai ou uma mãe?
Mesmo que se arrependesse mais tarde, ela não poderia deixar que uma criança tivesse o mesmo destino que o dela, passasse pelas mesmas coisas que ela. Então tomando coragem, diz à Bill:

– Ok, eu te ajudo. Pela sua filha...

Bill mal pôde acreditar no que ouvia, finalmente ele talvez poderia se ver livre daquele local horrendo, e rever sua filha,seus amigos, e até mesmo Tom. Emocionado ele levanta-se do banco e abraça Vanessa, dando-lhe um beijo no rosto.
O que eles não sabiam era que Felipe os observava no momento, e não fazia uma interpretação adequada da inocente cena que via.

– O que você pensa que está fazendo Vanessa? – pergunta Felipe em tom de reprovação.

Vanessa e Bill se afastam um do outro assustados pela chegada de Felipe.

– Eu não estou fazendo nada. – diz Vanessa calmamente.
– Como não? Você estava se agarrando com ele!
– O que foi? Está com ciúmes? -ela pergunta,
– Mas é claro que não! Acontece que ele é um paciente! E você sabe que vai totalmente contra as regras da enfermagem, contra a moral... contra tudo!
– E quem é você pra vir me falar de moral? Não aconteceu nada demais aqui, foi apenas um abraço.- diz Vanessa mostrando nervosismo.
– Apenas um abraço? Será que a Jucélia também vai pensar que foi apenas um abraço? – pergunta Felipe com um brilho maléfico no olhar.
– Você não vai fazer isso! Vai ser a minha palavra contra a sua! – se defende Vanessa.
– Mas é claro que não... É só eu chamar a Marcela, ela está ali dentro, né?! – diz ele entrando na sala.

Bill olhava para Vanessa,parecendo não entender o que estava acontecendo, ela ainda que nervosa, tenta lhe explicar rapidamente o que se passava.

– O Felipe é um rolo aí que eu tenho... se ele contar pra Jucélia e ela interpretar de forma errada, eu estou ferrada!
– Me desculpe... eu não sabia...

Nesse momento Felipe sai da sala acompanhado de Marcela, e lhe explica o que viu.

– Ta vendo esses dois Marcela? Eu vi eles se agarrando! O cara não tem culpa, é claro, ele é doido. Mas a Vanessa, essa sim tem culpa! – diz Felipe.
– Você está ficando com ele? – pergunta Marcela espantada.
– Não Marcela! É tudo mentira desse idiota! –gritava Vanessa.
– Acredite em mim Marcela, vamos a Jucélia contar tudo o que aconteceu, tudo o que nós vimos! – disse ele ressaltando a palavra nós.

Bill angustiado com toda a discussão e temendo não só por si mesmo mas também por Vanessa resolve intervir na situação.

– Calma aí cara, o que você viu foi só um abraço, muito inocente. Que a propósito, foi eu que dei. – diz Bill tentando manter-se calmo.
– Escuta só, não se mete aqui não, valeu?! – diz Felipe com arrogância.
– Me meto porque é um assunto que me envolve! – diz Bill.
– Ta vendo só, não pode dar confiança.... Se já esta tomando as dores dela, é porque comeu!
– Larga de ser escroto garoto! – dizia Vanessa.
– Você não dá pra mim, pra dar pra um maluco?! Que decadência...

Enquanto isso sem ser percebida por ninguém, além de Bill, Camila se aproxima da briga e antes  que entrasse na sala diz à Bill:

– Bate nele!

Bill apenas franzia as sobrancelhas mostrando que não havia entendido a ordem.

– Bate nele! Empurra ele! – diz Camila já dentro da sala.

Bill apesar de não estar completamente certo de qual seria a finalidade daquilo e temendo as conseqüências que tal atitude poderia trazer, decide confiar em Camila e sem pensar duas vezes, empurra Felipe, que cai sentado no chão, sujando toda a sua roupa branca de  lama.

Ao mesmo tempo dentro da sala onde eram guardadas os materiais de arte, a enfermeira ainda permanecia no local, sentada diante de uma mesa, olhando várias folhas de papel com os desenhos de seus pacientes. Camila rapidamente empurra os papéis fazendo com que assim caíssem no chão, e alguns fossem levados pelo vento.
A enfermeira desesperada se levanta da cadeira, agachando-se para recolher os papéis que voavam,indo para fora da sala, local onde uma briga estava prestes a acontecer.

Felipe furioso se levanta, se aproximando de Bill:

– Você não devia ter feito isso, cara! – grita Felipe com o punho no ar, pronto para dar um soco em Bill.

Camila dentro da sala,já desesperada, ajudava o vento, empurrando os papéis para fora da sala. Enquanto fazia isso, sentia-se  aliviada por não estar acompanhada de Yuri, que certamente a impediria de fazer tal absurdo.

Finalmente a enfermeira sai da sala para recolher os papéis que voaram, e se depara com a cena: Felipe pronto para agredir Bill.
Mas antes que isso acontecesse ela intervêm:

– O que você pensa que está fazendo meu rapaz? – diz ela ficando entre Bill e Felipe.
– Nada... é que...- diz Felipe abaixando rapidamente o punho.
– Como nada! Você ia agredir um paciente! Mas não no meu plantão....
– Eu não ia agredir ninguém! – tenta desesperadamente Felipe se defender.

A enfermeira então vira-se para Bill, e após olhar para o seu crachá de identificação pergunta:

– Ele te machucou Bill?

Bill reclinando a cabeça sobre ombro, com um olhar triste tal como uma criança indefesa, acena positivamente, quase fazendo um “biquinho” de choro.

A enfermeira então novamente volta-se para Felipe e pergunta:

– Você é estagiário não é? Quem é a sua supervisora?
– Por favor, não faça isso... – implora Felipe.
– Quem é a sua supervisora? – pergunta novamente elevando o tom de voz.
– Eu só fiz isso porque os dois estavam se beijando! – diz ele apontando para Bill e Vanessa.
– É mentira! Ele está dizendo isso pra não levar a culpa sozinho! – Vanessa apressou-se em dizer.
– Eu sei, eu sei... ninguém quer levar a culpa sozinho! –diz a enfermeira.
– O nome da nossa supervisora é  Jucélia! – diz Vanessa.
– Ah...  eu conheço, ela vai ficar muito feliz em saber o que um dos estagiários dela anda fazendo...
Me acompanhe rapaz. –diz a mulher para Felipe. E virando-se para Marcela complementa: - Você também, por favor. Preciso que você confirme o que viu.

Assim que os três se afastaram, ficando longe de vista. Vanessa e Bill se abraçam novamente pulando de felicidade.

– Cara você é um ótimo ator! Que cara de sofrido foi aquela?! – diz Vanessa sorrindo.
– É um dos meus talentos – diz Bill também sorrindo.
– Depois dessa, que eu quero mesmo te ajudar a sair daqui!
– Sério? Então vem que eu vou te contar o meu plano... – diz Bill levando-a para o jardim.

Camila ao ver a cena de felicidade dos dois, senta-se no chão e desolada chora.
Bill não havia lhe abraçado em sinal de agradecimento, abraçou a Vanessa, nem ao menos disse-lhe um muito obrigado.
A hipótese de Bill já estar mais forte, mais feliz, a deixava aflita. Era isso o que ela tentava mostrar a Bill, que juntos não poderiam mais ficar, mas no seu íntimo não era isso o que ela queria. Por mais egoísta que pudesse parecer, ela ainda o que queria para si, ainda queria que ele a amasse e a desejasse tanto quanto antes.
Porém ela nada poderia fazer para mudar seu destino, só lhe restava vagar sem rumo, pensando no amor que nunca mais viveria novamente.

Postado Por: Grasiele

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