quarta-feira, 20 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 5 - Dança Acadêmica de Londres

Abri lentamente os olhos. Percebi o teto desenhado a cima da minha cabeça e o fitei. Ouvi fortes batidas na porta. Por um momento, pensei ser coisa da minha cabeça, talvez uma simples dor de cabeça, mas logo as batidas entonaram gritos e percebi que tudo realmente estava acontecendo.

Levantei num salto e senti uma tontura atingir-me pela brutalidade a qual me levantei da cama. Olhei no relógio de pulso, já eram SETE DA NOITE!
Corri para a porta e a abri. Bill estava eufórico, quase chorando e Tom tinha uma expressão de raiva extrema e seriedade tão grande, que pensei se era realmente possível ele estar daquele jeito.


- O que você pensa que estava fazendo? – Tom gritou.

- O...o que está aconte...cendo? – Solucei de susto, dei até um pequeno salto para trás por conta do grito de Tom.

- Essa casa não é sua! Você está aqui de intrometida! – Ele tornou a gritar.

- Me...desculpe... – Murmurei.

- Não tranque a porta! Porque o quarto não é seu! – Ele gritou e saiu.

Eu fiquei estática. Parada segurando a porta e olhando para o canto onde antes Tom estava parado. Bill me olhou afetuoso e acariciou meu cabelo, eu apenas me esquivei.

- Olha, - Ele disse. – Não tranque mais a porta, certo?

Assenti com a cabeça e saí de sua frente. Caminhei até o banheiro do corredor e tranquei a porta. Sentei-me no balcão da pia e chorei. Eu tinha prometido a mim mesma não mais chorar, mas depois de tudo isso, não tinha como manter a promessa. Talvez eu prometa manter meu orgulho.

- Bi? – Ouvi a voz de Bill atrás da porta. – Você está aí?

Engoli as lágrimas e passei a mão pelo rosto. Desci do balcão e destranquei a porta, abrindo-a.

- Bi, não se importe com o que Tom falou... – Ele disse segurando minha mão e puxando-me para o quarto dele. - ...é que como você trancou a porta, eu não pude entrar para me arrumar para a festa e por conta disso, estamos atrasados.

- Não tranco mais. – Murmurei. Não iria mais pedir desculpas.

- Gostaria de ir para a festa? – Sorriu.

- Não.

- Ah, bom...Tem um computador no escritório lá em baixo. – Ele olhou-se no espelho uma última vez. – Qualquer coisa, nos ligue.

Deixou um celular em cima da bancada do quarto e saiu. Soltei um forte suspiro. Que merda! Tomei um banho e desci para procurar o tal escritório. Vi uma porta de madeira escura e a abri, liguei a luz e NOSSA! Minha antiga casa caberia dentro desse “escritório”.

Fechei a porta e não tranquei. Sentei-me frente ao computador e fui checar minha caixa de e-mail. Metade da caixa de e-mail estava lotada com mensagens de Jessy Parkson, uma amiga que eu tive. Não éramos muito próximas, mas ela sempre gostou e se preocupou muito comigo.


Bi, onde você está? Soube dos seus pais, sinto muito! Por favor, me ligue!
Beijos, Jessy.



Biara, não te encontrei na sua casa, soube que foi vendida! Jesus, onde você está? Me responda, por favor. Estou muito preocupada.
Beijos, Jessy.



Bi, como assim você se mudou para Hamburgo? Você mal fala alemão! O pouco que você sabe foram seus pais metendo na sua cabeça! Onde você está, Biara? Estou com saudades.
XOXO, Jessy.



Li a maioria das mensagens, mas não respondi nenhuma. Talvez não fosse bom para os meus “parentes” que eu não contasse nada. Estava extasiada de tédio quando baixei mais um pouco a página e vi, para minha surpresa, um e-mail da academia de dança de Londres.


Senhorita Biara Schimdt,
Estamos a par da sua situação, mas ouvimos falar muito bem de seu potencial e gostaríamos que fizesse um teste para a Dança acadêmica de Londres. Procuramos seus responsáveis, mas até agora só conseguimos informações de que está em Hamburgo, Alemanha. Não se preocupe quanto a seu teste, você está praticamente aceita, só precisamos vê-la.
Se quiser a bolsa na academia de Londres responda-nos o mais rápido possível.
Boa sorte,

Diretora Allfa.



Eu fui aceita na Dança acadêmica de Londres? Reli o texto mais cinco vezes, antes de piscar freneticamente para saber se era ou não um sonho. Sim, eu havia sidopraticamente aceita na academia de Londres!

Não. Não posso. Proibi-me de dançar novamente. Por causa da dança meus pais estão mortos. Isso é questão de respeito à eles! Não posso simplesmente esquecer tudo e voltar a dançar. Cada passo que dou em direção a dança sinto-me culpada, sinto a culpa atravessar-me e destroçar-me.

Desliguei o computador e subi para o quarto, precisava de um banho. Abri a mala em busca de uma roupa e acabei achando minhas sapatilhas. É incrível como aqueles pequenos objetos me traziam lembranças, em sua maioria maravilhosas. Ainda me lembro da primeira vez que dancei e de como me sentia quando dançava.

Peguei as sapatilhas e fui ao escritório. Vasculhei uma prateleira cheia de CD’s, nenhum de música clássica. Mas como em toda casa, no fim da prateleira achei um CD de Beethoven. Não era muito apropriado, mas eu podia utilizar por um momento. Segurei o CD e caminhei pelo escritório procurando algum aparelho de som, nada. Saí do escritório e caminhei até a sala, tinha um enorme. Pus o CD e calcei as sapatilhas, queria dançar pela última vez.

Naquele momento, ali dançando, percebi que simplesmente havia me esquecido o que era dançar. Era como flutuar, simplesmente mágico... Balé era o mais próximo que eu tinha de voar. Lembro que quando tinha cinco anos pulei da varanda do primeiro andar da minha casa. Eu gritava para todo o céu que eu podia voar, eu realmente acreditava naquilo e queria mostrar a todos, mas o que mostrei foi que tinha um braço quebrado.

Quando dançava eu me concentrava tanto, que chegava a esquecer do mundo. Esquecia a ponto de passar horas dançando, mas foi um leve pigarro que me trouxe a realidade. Fiquei estática no meio da sala, olhando fixamente para ele.

- Tá dançando... balé? – Tom perguntou surpreso.

- Não, idiota, estou fazendo pastéis. – Respondi revirando os olhos.

- Ah, é que eu não sabia que nanicas dançavam. Achei que bailarinas eram magras e altas.

- Você está me chamando de gorda?

- Se você entendeu assim, fazer o que? – Debochou. – Bom, agora vou pro meu quarto. Quando terminar leva uns pastéis pra mim, eu estou com fome.

Riu e subiu as escadas. Eu senti meu sangue ferver, talvez até borbulhar. Como eu queria enfiar pastéis goela abaixo dele.

Postado por: Grasiele

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