quarta-feira, 20 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 3 - Habituação às diferenças

O quarto era perfeito. Claro, consideravelmente arrumado, mas nunca pensei que existisse aquele tipo de lugar na vida real. Uma cama gigantesca estática no meio do quarto, com lençóis pretos e brancos. Um enorme espelho encobria uma das paredes e uma televisão estava em outra parede. Adentrei meio receosa em tocar em qualquer coisa. Nem todo o dinheiro que usei na minha vida pagava aquilo tudo.
- Nossa. – Cuspi involuntariamente minha exaltação.
- Gostou? – Ele sorriu e tocou meu ombro. Afastei-me dele. – Você ainda não viu nada.
Nada? Eu vi tudo. Tudo que eu necessito para morar naquele quarto todo o resto da minha vida e mais um pouco. Olhei perplexa para ele, enquanto pegava um controle remoto. Por um momento pensei que ele ia ligar a TV, mas no outro, vi o enorme espelho dividir-se em dois e revelar um gigante closet. Fiquei boquiaberta.
É meio ofensivo saber que um homem se veste e se maquia dez bilhões de vezes melhor que você. Naquele momento, lembrei do curativo que havia na minha cabeça e que eu teria de trocá-lo.
- Onde é o banheiro, por favor. – Murmurei timidamente.
- No fim do corredor. – Sorriu.
Fui em direção à porta do quarto, e virei-me curiosamente para ver Bill. É, no fim, ele parecia ser um cara bem legal. Voltei-me para sair, e acabei esbarrando em algo, ou alguém.
- Olha por onde anda, nanica! – Tom bradou passando a mão pela camiseta. Algo molhado havia caído em nós dois. – Muito bem, derrubou minha coca-cola.
- Foi sem querer... – Falei. - ...querendo.
- Você é muito metida para alguém que acabou de chegar aqui. – Ele falou me encarando.
- E você é muito estressado para alguém que parece com o Buda. – Apontei para as roupas largas dele.
- Olha aqui sua... – Ele apontou o dedo para mim e eu o encarei.
- Opa. – Bill apareceu na porta. – Vamos parar de brigar? Bi, o banheiro é naquela porta.
Ele apontou para uma porta de madeira no fim do corredor, estava razoavelmente mal iluminado e então eu segui para lá.
- Espero que se afogue na privada. – Tom disse num sussurro bem audível. Dei uma risadinha de deboche.
Parei frente ao espelho e me encarei. Será mesmo que eu sou o que Tom disse? Feia? Bom, isso não importa. Meus pais estão mortos, nada importa. Talvez eu fique aqui por uns dois meses e só, não preciso mais que isso para arrumar um local para ficar quando completar meus dezoito anos. E isso é daqui a dois meses.
Separei parte do cabelo para o lado e tirei o curativo. Foi doloroso. Dei um curto gritinho, mas foi o bastante para Bill perguntar se estava tudo bem e Tom murmurar algo sobre eu estar me masturbando. Aquele garoto é muito idiota, e só fiquei com ele por trinta minutos.
Abri minha bolsa e peguei outro curativo, coloquei no local machucado e voltei a arrumar meus cabelos. Eles pareciam mais castanho-claros que antes. Encarei meu reflexo por alguns segundos e depois joguei os papeis da embalagem do curativo no lixo.
Abri a porta e dei de cara com três caras na porta. Um deles era Bill, o outro era um homem aparentemente jovem, mas tinha certeza que era mais velho que todos nós, e um outro de cabelos extremamente lisos e claros.
- Ah, Bi. – Bill urrou. – Que bom que você saiu, já estava começando a ficar preocupado.
- Foram só três minutos. – Disse num tom de sarcasmo.
- Bom, quero te apresentar nosso empresário, David. – Ele disse empurrando o homem mais velho.
Ele era alto e tinha cabelos curtos e escuros. Sorriu e apertou minha mão, o olhei confusa e depois fitei Bill.
- Ah, e esse é o Georg, o baixista da banda. – Disse apontando para o cara de chapinha.
- Oi. – Ele deu um curto sorriso.
- Vem, vamos para a sala, Tom e Gustav estão nos esperando lá. – Falou Bill me puxando em direção as escadas.
- Bill, eu realmente prefiro ficar um tempo sozinha. – Falei soltando a mão dele.
- Ah... – Ele murmurou decepcionado. – Tudo bem...então.
- Desculpe. Acho que estou cansada da viagem...
- É verdade Bill, talvez ela deva descansar mesmo, pois mais tarde teremos de ir para uma festa onde a banda tem de estar. – Murmurou o tal de David.
- Ok. – Bill afirmou indicando o quarto dele.
Fechei a porta e, por costume, a tranquei. Afoguei-me na cama e senti todos os meus músculos relaxarem, o que, por um curto momento, me causou dor. Claro que há alguns poucos dias, eu estava com um gesso na perna. Dançar. Talvez isso nunca mais aconteça. Fui pensando aos poucos, e rezando, para que tivesse ao menos uma tarde em que eu a dormisse inteira.

Postado por: Grasiele

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