quarta-feira, 20 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 4 - Dor das Lembranças

Enquanto tentava dormir vagava por minhas lembranças e pensava como aquele acidente mudou a minha vida de forma trágica e violenta.

Perdi as duas pessoas que eu mais amava e talvez o meu único sonho tivesse sido interrompido. Talvez eu nunca mais pudesse dançar por conta da minha perna, ou pelo fato de eu me sentir culpada por tudo o que estava acontecendo, pela morte dos meus pais.

FLASHBACK ON

Já estava escurecendo quando saímos de casa, naquela noite eu faria uma das apresentações mais importantes da minha vida, pois se eu me saísse bem poderia ganhar uma bolsa numa das melhores Academias de Dança do país.

Estávamos saindo de casa a caminho do teatro, onde iria acontecer a apresentação. Era quase noite e caia uma fraca neblina, eu e meus pais estávamos naquele carro. Eu estava muito nervosa e minha mãe tentava me acalmar.

- Tenha calma meu anjo, vai dar tudo certo. - Falou enquanto virava para trás e me dava um beijo na testa.
- Vamos lá, vou por uma música para te acalmar um pouco. – Meu pai falou e em seguida colocou a tal música.
I close my eyes
(Eu fecho meus olhos)
Only for a moment,
(Apenas por um momento)
And the moment's gone.
(e o momento desaparece)
All my dreams,
(Todos os meus sonhos)
Pass before my eyes, a curiosity.
(Passam pelos meus olhos, uma curiosidade)
Dust in the wind,
(Poeira ao vento)
All they are is dust in the wind.
(Tudo que eles são é poeira ao vento)

Continuamos o caminho, cantando muito empolgados. Não sei como, mas aquilo me tranquilizou. Fiquei olhando pela janela a maior parte do tempo, tentava respirar mais leve, mas só conseguia ficar mais tensa e nervosa.
Já estávamos quase chegando, e repentinamente escuto uma buzina e olho para o lado. Uma luz forte brilhava em minha direção, tão forte que tive de fechar os olhos. De súbito, tudo ficou branco e um som estridente se propagou.
–X-
Depois da batida tudo ao meu redor sumiu, os sons desapareceram, os gritos silenciaram. Já não ouvia nada, já não sentia nada, eu simplesmente apaguei.
Quando acordei estava em uma cama, numa sala com paredes brancas. Aquilo com certeza era um hospital. Olhei em volta e não vi ninguém. Poucos minutos depois uma moça vestida de branco entrou no quarto.

- Olha quem já está acordada. – Falou sorridente. – Oi linda, eu sou a Lola e estou cuidando de você. Está se sentindo melhor?
Remexi-me um pouco na cama atordoada. Olhei mais atentamente para meus lados e depois fitei-a, tentando raciocinar sua pergunta.
- Minha cabeça... está doendo. – Falei pondo a mão na cabeça, ao fazê-lo senti uma pontada e percebi que ali havia um curativo. Devo ter batido a cabeça quando o carro bateu... o carro, o acidente. – Meus pais? Onde eles estão? Eles estão bem?

Naquele momento várias perguntas vinham a minha cabeça, mas todas tinham um mesmo propósito: Meus pais. Onde eles estariam? Naquele momento tudo o que eu precisava era de respostas.
A moça me olhou por um momento, sentou-se ao meu lado e suspirou pesadamente. Aquilo apertou meu coração. Ela segurou minha mão e me olhou afetuosamente. Deu um pequeno e leve sorriso.
- Bom, eu não sei como te contar isso... – Fez uma pausa, que me apertou ainda mais o coração. – Bi, você vai ter que ser forte. – Uma lágrima insistiu em brotar no meu olho. – Seus pais não resistiram, eles morreram.

Quando ouvi aquelas palavras instintivamente a abracei. Estava aos prantos. Como eu seguiria dali em diante? Como viveria sem eles? Sentia a culpa me atingir aos poucos. A ideia de que eles fossem junto a mim para a apresentação foi minha. Mas porque isso aconteceu? Porque comigo?
Depois de um tempo ali abraçada com a Lola, soltei-a fracamente. Ela se levantou para pegar umas coisas que estavam em cima da mesa. Voltou-se para mim e sorriu. Eu estava começando a odiar sorrisos.
- Bem, agora eu preciso trocar o seu curativo.
- Deixa pra depois, não tô afim. – Resmunguei tristemente.
- Olha minha linda, eu sei que está sendo muito difícil pra você, mas você tem que se cuidar. – Falou acariciando o meu rosto. – Me deixa trocar esse curativo. – Apenas concordei com um gesto e ela sorriu.
Quando viu que eu havia percebido que meu tornozelo estava engessado, ela me deu um beijo na testa e se despediu. Como eu iria dançar? Quebrei meu tornozelo, torci, tanto faz! Tudo que eu mais sonhei acabou! O sonho se foi, assim como meus pais.
– Mais tarde venho te ver, agora preciso ir. E o gesso a gente tira daqui a uma semana. – Falou já saindo do quarto.
–X-
Já havia se passado uma semana e eu ainda estava naquele hospital, dessa vez esperando a liberação. Ao recebe-la, me despedi de Lola e agradeci por tudo o que ela havia feito por mim.
Quando cheguei à recepção havia alguém me esperando. Uma senhora de cabelos negros e curtos bagunçados, que usava uma roupa pequena para o seu corpo “avantajado”. Tinha vários papéis nas mãos e uma expressão de poucos amigos.

- É a senhorita Biara Schmidt? Prazer, eu sou a encarregada de te ajudar agora. – Falou me estendendo a mão, que eu apenas observei. – Você terá de ficar com uns parentes até atingir a maior idade e poder receber a herança de seus pais.
Ao ouvir aquelas palavras senti meus olhos marejarem, pois lembrei que quando voltasse para casa não haveria ninguém lá, só o vazio. E foi isso mesmo que aconteceu, quando cheguei em casa só havia o silêncio. Desabei a chorar quando lembrei que nunca mais ouviria suas vozes ou sentiria seus respectivos cheiros.

FLASHBACK OFF

Depois de algum tempo em silêncio com minhas lembranças, abracei um dos travesseiros e dormi pesadamente. Aquilo tudo havia esgotado todas as minhas forças. Eu não sabia como continuar. 

Postado por: Grasiele

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