sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Wenn Nichts Mehr Geht 2 - Capítulo 46 - O outro lado da história

Enquanto se dirigiam ao apartamento Camila pensa se havia agido corretamente não contando à Bill que uma escolha mal feita custaria a sua permanência na Terra. Mas então ela se lembra do último festival em que os Tokio Hotel se apresentaram, dia em que ela havia decidido contar aos irmãos Kaulitz sobre a verdadeira paternidade de Gerthe, mas que mesmo sem sua intenção acabou por ser o começo de uma série de problemas. Com este concerto seria diferente, ela não poderia mesmo que sem intenção, mais uma vez acabar com os sonhos da banda. E com um suspiro profundo, ela fecha os olhos torcendo para que tudo desse certo.
No meio do caminho, ao olhar através da janela do carro para uma pequena loja de brinquedos, Bill encosta o carro dizendo à Camila:
– Faz tempo que eu não compro nada para a minha princesinha... O que você acha daquele ursinho da vitrine?
– Qual? Aquele grandão que tem o dobro do tamanho da Gerthe?
– Bem... era. - diz ele sorrindo constrangido.
– Compra um menorzinho, amor. Ela não vai conseguir brincar com esse.
– Vou comprar os dois, então. - diz Bill saindo do carro.

Bill na companhia de Camila chega sorridente ao apartamento com os ursos nas mãos. Porém sua alegria logo tem fim ao ver Cézar sentado sozinho no sofá assistindo televisão.

– Eu não consigo entender uma palavra do que eles dizem. - diz Cézar ao notar a presença de Bill.

Mas este sem mostrar muito interesse no que o amigo dizia, procura Gerthe nos quartos ainda com os ursos nas mãos.

– Ela está com o  seu irmão. - diz Cézar enquanto Bill a procurava.
– Com o Tom? Por quê? - diz Bill colocando os ursos no sofá.
– Ele disse que queria dar uma volta com ela... daí pegou a menina do meu colo e saiu.
– E porquê você não me ligou?
– Bem... ele é seu irmão..
– Mais um motivo pra você ter me ligado! - diz Bill andando pensativo de um lado para o outro.
– Desculpa Bill, eu realmente não sabia que você ficaria assim. Se soubesse não teria deixado..
– E você sabe para onde eles foram?
– Não. - diz Cézar aflito.

Bill então atira-se no sofá, e respira profundamente, quando se dá conta de algo.
– É a primeira vez que ele faz isso, não é? - pergunta Bill à Cézar.

Cézar temendo pelo pior abaixa a cabeça e timidamente o responde:
– Não. Desde que chegamos aqui ele faz isso.

Aquelas palavras ardiam no coração de Bill, ele imediatamente se levanta e revira as gavetas do armário localizado na sala.

– O que você está procurando, Bill? - diz Camila aproximando-se lentamente.
– Eu preciso fumar... - ainda procurando pelo cigarro.
– Você não pode ficar assim toda vez que o Tom ficar com a Gerthe...
– Por quê? Porque ele é o pai dela? - diz Bill olhando com lágrimas nos olhos para Camila.
– Porque ele é o tio dela. E tios fazem essas coisas.

Cézar sem entender o que Bill dizia, apenas o ajudava desesperado a encontrar o cigarro, ele temia mais do que tudo perder a amizade de Bill e ter que novamente voltar para uma clinica psiquiátrica. Enquanto Cézar procurava o cigarro, Bill normalmente conversava com Camila.

– Pra que tanto medo, hein Bill? Ela não está com você? - diz Camila alisando os ombros de Bill, tentando acalmá-lo.
– Mas por quanto tempo? Quanto tempo vai demorar pra ele chegar em mim e dizer que quer a filha dele de volta?
– O Tom não vai fazer isso.
– "O Tom não vai fazer isso... O Tom não vai fazer isso". Você está na cabeça dele por acaso? Lê pensamentos? Prevê o futuro? - grita Bill furioso.
– Não. - diz Camila assustada. Bill nunca gritava com ela.
– Então pronto. - diz Bill sentando-se novamente no sofá. Ele então inclina seu corpo para trás e em silêncio cobre o rosto com as mãos.

Cézar que havia encontrado um cigarro no quarto de Tom, volta para sala o trazendo junto com um isqueiro.
– Aqui, Bill. Achei o cigarro. - diz ele sorrindo nervosamente.
– Eu não quero mais. - diz Bill ainda com as mãos sobre o rosto.

Cézar envergonhado por ter provocado tal reação em Bill, sentasse no sofá mais distante do amigo, preferindo não observá-lo com medo de ser expulso por ele.
Camila então sentasse ao lado de Bill, que permanecia imóvel.

– Você nunca vai me perdoar, não é? - ela pergunta tristemente.

Bill com as mãos no rosto tentando evitar o choro, apenas acena negativamente com a cabeça.

– E pra quê dizer que me perdoava, se toda vez que algo do tipo acontecer você me tratar dessa forma?
– Você não entende?! O Tom é divertido, inteligente, alegre, carinhoso, tudo aquilo que você já sabe e o principal, é o pai de verdade dela! Você não acha que ela vai preferir ficar com o meu irmão?

Cézar pensando que Bill estivesse falando com ele, o responde:
– Claro que não Bill. O Tom pode ser tudo isso, mas você também é. Ele pode ser o pai de sangue dela, mas você é o pai de coração. E onde estão todos os nossos sentimentos? No coração ou no sangue? Além do mais crianças são mais espertas do que a gente imagina. Se um dia... mas um dia... ela querer ficar com ele, não é porque te ame menos, mas talvez porque precise de mais pessoas para amar.

Bill descobrindo os olhos chora compulsivamente.

– Por que essas coisas só acontecem comigo? Por quê? Por quê as vezes sinto que preciso carregar o mundo em minhas costas? Nunca as coisas dão certo, quando eu acho que finalmente vou ser feliz alguma coisa vem e me acontece. Quando poderei dizer "Eu sou feliz" sem medo do que me acontecerá em seguida?
– O mundo não conspira contra você, Bill. - diz Cézar, aproximando-se.
– Não? Então o que é isso? Uma maré de azar que nunca passa? Eu pagando por um pegado que não cometi?
– Talvez seja o destino... - dz Cézar.
– Então meu destino é sofrer? Sofrer até eu dizer que não aguento mais?
– Não é possível que em nenhum momento da sua vida você tenha sido feliz.
– Quando eu era sozinho...

Camila ao ouvir aquelas palavras vindas de Bill, não espera a conclusão da frase. Não se sentia no direito de brigar com Bill, afinal ela também pensava o mesmo. Bill antes de conhecê-la realmente devia ter sido mais feliz. Decepcionada, nem tanto com Bill, mais consigo mesmo, confusa olha para os lados procurando uma direção para seguir.

– Não foi isso que eu quis dizer! - grita Bill esticando os braços em busca do corpo de Camila.
– Sim, eu entendo - diz Cézar não sabendo da real situação.

Bill ao se dar conta de que já havia passado dos limites, ao falar tanto sozinho, como pensava Cézar, vai em direção a Camila, empurrando-a com seu corpo em direção ao quarto em que dormia.

– Sai da minha frente Bill! - ela diz enquanto Bill bloqueava a porta do quarto.

– Está tudo bem, Bill? - perguntava Cézar da sala.
– Sim está! - diz Bill empurrando Camila para dentro do quarto, fechando a porta em seguida.

Desesperado ele não mede sua força e acaba por derrubar Camila no chão.

– Você se machucou? - ele pergunta preocupado enquanto secava suas lágrimas.
– Eu estou morta esqueceu? Agora me deixa em paz! - ela grita levantando-se do chão e indo novamente em direção a porta.

Bill rapidamente, pega o controle da televisão ligando-a e aumentando o volume da mesma, para que assim Cézar não o escutasse.
Ao ver Camila prestes a tentar abrir a porta ele lança seu corpo contra o dela pressionando-a contra a porta.

– Pára com isso, Bill! Não banque o ridiculo! Você era muito mais feliz sozinho. Ótimo! Pra ser sincera eu sabia disso. Mas agora que você já confessou, não precisa mais manter a farsa!
– Por que você não deixa eu me explicar antes de me apedrejar? Você não sabe o que eu estava pensando..
– Claro que não sei. Eu não estou na sua cabeça, não prevejo o futuro, não leio pensamentos! Mas eu também não sou surda, Bill.
– Eu ia dizer que quando eu estava sozinho eu não tinha tantos problemas..
– Viu? - grita Camila tentando se esquivar de Bill que a pressionava cada vez mais forte contra a porta.
– Deixa eu terminar, caralho! ... eu não tinha tantos problemas, mas algo me faltava. Você, a Gerthe... me fazem ter força para encarar todos os problemas. Eu estava falando besteira em dizer que nunca fui feliz.
– Eu não sei...
– Camila, acredita em mim! Me entenda por favor, eu estou nervoso... tem muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo... Eu não queria ter gritado com você, não queria nada disso! - diz Bill com as mãos sobre o rosto de Camila.
– Eu sei... não estou com raiva de você..
– E então? - diz ele com um sorriso no canto dos lábios.
– Eu só não quero te perder... Mas também não quero te ver sofrer, não quero ser a chata que impede você de ser feliz.
– E quem te disse isso?
– Ninguém precisa me dizer. Eu vejo. - diz Camila indicando o rosto molhado e vermelho de Bill.
– Mas isso vai acabar... eu vou te escolher, pode ter certeza. Eu prometo. Tudo isso vai acabar, amor. E mesmo que não dê certo, eu continuarei te amando do mesmo jeito, com a mesma intensidade... Você pode até continuar como espirito.. mas para mim não importa. O importante é ter você aqui comigo.
– Então a gente não precisa fazer isso..
– Como assim, Camila? Eu estou dizendo isso só pra você não duvidar do meu amor por você. Mas se nos deram essa chance pra que desperdiçar? Vamos tentar! Hein, o que me diz?
– Certo Bill, vamos tentar.
– Mas por que você não está feliz? Você não está me escondendo alguma coisa, está Camila?
– Não, Bill.. claro que não.
– Então por que...

Antes de Bill fazer mais perguntas à Camila, Tom bate fortemente na porta chamando pelo irmão.

– Abre a porta Bill !!!

Bill imediatamente abre a porta e se depara com Tom com Gerthe nos braços e um pouco mais atrás Cézar com uma xícara nas mãos.
Com um olhar de repreensão Bill encara Cézar, que acena negativamente com a cabeça.

– O que foi? - diz ele pegando a filha.
– Você ficou surdo ou está querendo ficar? TV no último volume... - diz ele entrando no quarto e abaixando o volume da televisão.
– Estava relaxando..
– Desse jeito?
– Qual é, hein Tom? Você quer mandar no volume da tv, mandar no estúdio, mandar...
– Eu não vou tirar a pirralinha de você, Bill. - diz Tom enquanto caminhava para a sala.

Bill sem entender o que havia acontecido, fica imóvel diante de Cézar.
– Você contou pra ele?
– Não eu não disse nada... Mas fiz um chá pra você. - diz Cézar carinhosamente.
– Eu não vou te demitir, Cézar! - diz Bill fazendo o mesmo percurso que o irmão.

Tom, deitado despojadamente no tapete da sala comia a pipoca deixada por Cézar, enquanto que com o controle remoto passava os canais de televisão.
– Como asssim você não vai tirar a Gerthe de mim? - diz Bill com a menina no colo.
– "Como assim" o quê? É isso, ué..
– Como é que você chega do nada e diz que não vai tirar ela de mim?
– Você quer que eu tire? - ironiza Tom.
– Você sabe que não é isso... Mas então você pensou em tirar?
– Pensei sim, não vou mentir pra você.
– Mas assim... de repente...
– Eu me dei conta de como o nosso pai foi e ainda é ausente em nossas vidas. Lembrei de como eu me sentia triste em não ter meu pai por perto... em pensar que ele não me amava. Não quero que ela tenha essa impressão de mim.
– Eu não tinha pensando por esse lado... - diz Bill sentando-se no sofá.
– Você só pensou no seu lado, não é? Que para mim tanto faz se ela me ama ou me odeia. Que seria fácil todo dia ver ela crescer e talvez me odiando. Achando que eu fui um covarde.
– Então você se arrepende do que fez? De ter deixado eu criar a Gerthe...
– Não é que eu me arrependa... mas às vezes eu olho para vocês dois, olho para a sua vida E penso que eu é quem deveria estar vivendo isso. E não estou. Você já disse que não vai esconder a verdade dela, então... eu tenho medo de que um dia ela se vire contra mim. Imagina, ter um pai que largou a mãe grávida, morta em uma briga dele, e que ainda por cima te entrega para o tio criar. Me faz parecer um monstro!
– As coisas não aconteceram dessa forma. Ela não vai pensar isso de você Tom..Ela vai te entender... eu vou conversar todo dia com ela. Ela não vai te odiar!
– Um dia a Gerthe vai crescer Bill..  vai perguntar pela mãe..
– Você não teve culpa disso Tom! Você sabe muito bem!
– Eu sei... mas e ela? Ela vai acreditar nisso?
– Vai. Vai porque você vai criá-la junto comigo. Vai, porque já que ela não tem uma mãe terá dois pais!
– Você não vai dar os seus chiliques de ciúmes?
– De vez em quando sim... você sabe como eu sou. Mas nós seremos felizes, sem mágoa ou ódio uns dos outros.

Bill então abraça o irmão, que retribui o carinho.
Camila ao ver cena, sente-se mais segura para a prova pela qual teria que passar. Sentia que apesar de querer muito ficar na Terra, se fosse embora iria sem qualquer peso na consciência.

Postado Por: Grasiele

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