segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 3 - Kate!

Olhei para ela durante um longo minuto, procurando palavras que não encontrei, ele continuou sorrindo embora parecesse nervoso. Levantei minha cabeça e o encarei sorrindo de volta.
– Eu esperei por isso durante dias... – Digo finalmente com a voz embargada.
– Eu esperei por isso toda a minha vida. – E ele responde, me fazendo sorrir.
E então diminuímos o espaço que restava entre nós, abraçando-nos enfim. Quebrando aquilo que teimou em nos separar até aquele momento... A espera.
O sol batia em seus olhos cor de mel, obrigando-o a semicerrá-los, Bill fazia uma leve careta para mantê-los abertos, não sei se era por esse motivo, o raios fortes em seus olhos, ou pela sua timidez excessiva que evitava me encarar.
Eu o olhei mais uma vez e depois fixei meu olhar, mais uma vez, na rosa em minha mão, eu era igualmente tímida, monossilábica e estava tão desconcertada quanto ele. Estávamos em silêncio a mais de cinco minutos, ou eu quebrava-o ou...
–Não sou muito bom... Nisso! – ele sorriu tímido, finalmente tomando a iniciativa.
Levei alguns segundos para registrar o que ele tinha dito. Parado à minha frente, ele colocou as mãos nos bolsos da jaqueta vermelha e deu um passo em minha direção. Inspirei todo o seu perfume por segundos e também me aproximei com um leve passo.
–Eu também não sou muito boa nisso... Em diálogos!
Bill começou a andar e eu o acompanhei, ele andou até um banco perto de uma enorme árvore e sentou-se, e eu o acompanhei sentando-me ao seu lado e ele olhou para a rosa em minha mão, ainda desconcertado e sem saber o que dizer.
– Quando a vi, pensei em imediato em você. – ele disse ainda encarando a rosa em minha mão. – Tão delicada e linda!
Levantei meus olhos e com um ar admirado e surpreso ao mesmo tempo. Eu o observei por segundos, nunca em minha vida me senti tão firmemente presa a um olhar, o jeito com que os cílios escuros e longos emolduravam seus olhos sem maquiagem.
–Obrigada...Bill! - Eu levei a rosa até o meu rosto, inalei seu perfume e ainda olhando para ele agradeci sincera.
–Kate, eu não costumo fazer essas estrapolias. Pedir para David intervir e agir por mim, ainda quando o assunto é uma garota. – ele capturou meus olhos e o prendeu fortemente como se quisesse provar que aquilo era verdade. – Mas, eu precisava fazer algo para estar ao seu lado nem que por alguns minutos para provar algo a mim.
Eu o observei atentamente e ele continuou a falar.
– Só queria ter certeza que: Era você!
Bill se calou e me olhou sério, abriu os lábios para falar e logo em seguida os fechou, como se não conseguisse finalizar o seu raciocinio. Eu continuei calada, mesmo que levasse horas para ele se expressar, senti que a espera por suas palavras não seria um grande desperdicio.
Ele inspirou e sorrindo sem jeito continuou:
–Você ja sentiu vontade de tomar uma atitude que sabia que era um erro? Do qual você tivesse medo, mas não pudesse evitar nem em ter medo e muito menos em enfrentar esse temor?
Uma nuvem parecia flutuar dentro da minha cabeça, balancei-a para afastá-la.
– Eu...Por pior que seja o erro ou o medo...Eu sempre os enfrento.
–Eu nem sempre...Não quando o assunto é o meu coração... – Bill tocou de leve meu rosto – Até conhecer você!
Alguém podia parar de respirar e ainda assim continuar viva? Foi a primeira sensação que passou pelas minhas veias, entrando em minhas células, depois saindo por todos meus poros.
– E sei que enfrentar esse medo poderá ter algumas consequencias ruins. – Bill sussurrou, mordendo o canto dos lábios.
– Mas...
–Mas... Eu vou seguir mesmo sabendo que uma vez que você vira determinada esquina, não há lugar para ir, exceto em frente e se por acaso eu tropeçar...
– Eu estarei aqui...caso precise de mim!
Bill sorriu parecendo aliviado em ouvir-me, apertou seus dedos finos entre os meus, então eu sorri, fazendo com que toda a tensão existente, como uma barreira, fosse derrubada. Encostei minha cabeça em seu ombro, e não falamos e nem fizemos nada de imediato.
Mantivemos-nos mais alguns minutos juntos, num imenso silêncio, como se palavras não fossem necessárias, como se pronuncia-las fosse corromper um momento tão sublime entre nós.
Senti Bill suspirar com dificuldade ao mesmo tempo que senti o seu polegar começar a acariciar minha mão. Sentia o calor de seu corpo, absorvia o perfume que ele usava. E me senti tão bem nos braços dele, como nunca havia sentido em nenhum momento da minha vida.
Eu levantei minha cabeça do seu ombro, não sabia o que aconteceria conosco, mas eu senti que o andar de uma possivel relação dependia também de mim, então eu o olhei: era minha vez de falar.
– Durante muitos anos senti que havia uma lacuna imensa na minha vida, mas não tinha ideia como fechá-la. – eu confidenciei - Hoje ao colocar os olhos em você percebi...
–Kate... – Bill me olhou sério com um olhar triste, interrompendo-me – Eu quero ser essa pessoa a fechar essa lacuna... – a frase era perfeita, mas por que ele a disse tão sem vida? Quando ele apertou minhas duas mãos, com as deles, eu percebi que ele ainda falava sobre o “medo”.
– Se aceitar ficar ao meu lado, teriamos que por enquanto, nos manter fora das manchetes. David acha que a banda possui um enorme número de fãs do sexo feminino, e como estamos sobrevoando novos horizontes isso poderia atrapalhar ou mesmo desfocar as atenções para notícias desnecessárias. – Bill piscou várias vezes, sem jeito – Isso teria que ser como um...um...
– Um segredo! – Quando percebi o embaraço em Bill, eu terminei a frase em seu lugar.
–Desculpe! – Ele apenas disse, movendo os ombros.
– Entendo! – Eu respondi.
–Mesmo?
–Não! – Eu me corrigi - Na verdade... Não entendo - admiti, triste – Nunca me envolvi com um POP STAR!
Bill abriu um lindo sorriso, talvez o mais lindo entre todos até aquele momento.
– Quer saber como é se envolver com um? – Bill me perguntou, com uma discreta euforia.
Como negar que tudo isso mexia comigo? Como eu poderia jogar para debaixo do tapete, sentimentos tão sinceros, desprentenciosos e que me faziam tão bem, me faziam parecer viva novamente após a morte de meus pais.
–Seria diferente! – Eu gostei do arrepio que senti percorrer minha espinha.
Um barulho vindo dentro da casa nos chamou atenção, era Jost, Tom e Georg com malas nas mãos colocando-as em um enorme carro branco.
– Tenho de pegar um avião para a Suíça daqui duas horas! – Bill informou-me ainda olhando para as malas que eram colocadas dentro do enorme carro.
— Já? — eu perguntei, logo em seguida corando. – Quero dizer... Eu.. — Antes mesmo de saber o que dizer, de­dos longos envolveram minhas bochechas, alisando-as devagar, eu fechei meus olhos e apenas o senti.
– Sei que vive só! – Bill disse esboçando um leve sorrindo em seu rosto. – Eu pesquisei um pouco sobre você – ele fez uma pausa e continou - Sei que mora sozinha, que seus pais faleceram, que existe apenas uma tia, que terminou o colegial e que esta se preparando para a faculdade.
–Pesquisou um pouco sobre mim! – Eu ri percebendo que ele sabia quase tudo da minha vida.
–Ok...Pesquisei tudo sobre você! - Bill baixou os olhos, admitindo encabulado - Venha comigo para Suíça! – ele disse em seguida, me fazendo engasgar e segurar na enorme árvore que nos fazia sombra.
–Com você? – arregalei os olhos, espantada. – Não sei...é tudo tão...Não é melhor irmos...
–Devagar! - Bill deu um passo e quase colou seu corpo no meu – Por mais medo que eu tenha de errar, não posso evitar. – Ele enrolou uma mecha de cabelo em dois dedos e encostou sua testa na minha. – Eu esperei demais por você, não posso deixá-la simplesmente partir.
Meu coração bateu descompassado, ele estava na minha garganta pronto para saltar para fora de meu corpo a qualquer momento.
–Se vai se envolver com um pop star... – a boca de Bill se curvou em um sorriso charmoso. – Pode começar...Agora!
Se dis­sesse sim aquela LOUCURA, significaria abandonar uma vida e deixar-me guiar pelo coração. Se seguisse o bom senso, eu diria não e ficaria dias a espera dele, com o peito apertado, desfalecendo de saudades, corroendo-me pela falta dele, a cada minuto.
–Acho que vou arriscar! – Eu disse alto para talvez convencer-me de aquilo seria o certo a fazer.
– Vou pedir para David fazer uma reserva em seu nome. – Bill me segurou firme pelos ombros como se precisasse esclarecer um último detalhe. – Infelizmente, seu voo será separado e dificilmente ficaremos hospedados no mesmo andar.
– Isso faz parte do esquema do nosso segredo! – Eu disse, sorrindo. – Por que sinto que ao mesmo tempo em que coloca o doce em meus lábios, quando vou mordê-lo, você o tira?
–Bem vinda à vida de um Pop Star, Kate! – Bill me disse sem sorrir.
Para mostrar que aquilo, por enquanto, não era problema para mim, me curvei até ele e encostei meus lábios de leve no dele. Senti suas mãos geladas em meu rosto, nos olhamos, Bill se aproximou sem jeito, eu recuei por um impulso engolindo a seco, sorrimos sem graça do nosso despreparo e da nossa evidente timidez para o primeiro beijo.
Bill se aproximou novamente e fechamos os olhos. Assustamo-nos quando ouvimos o grito de Tom chamando pelo irmão mais novo.
–Bill, vamos perder o avião!
Olhamos para Tom juntos, e voltamos o olhar, eu sorri abrindo o enorme portão, saindo da casa de David, andei dois quarteirões, quando dei sinal e entrei em um táxi, não pude deixar de sorrir, depois de muito tempo, eu estava feliz.
Na verdade, além de feliz, sentia-me viva. Eu tinha a certeza que a decisão que havia tomado era a correta. Sim, eu poderia me arrepender algum dia, mais para frente, no futuro, porém pensar num futuro quando ainda nem tinha vivido o presente seria no mínimo, falta de inteligência.
....
Bill entrou na casa e correu os olhos pela ampla sala branca com detalhes pretos e não vendo ninguém, chamou:
– David!
–Na cozinha! – O manager gritou.
Ele se virou e em passos rápidos entrou e olhando para o manager. Estancou na porta e ao receber o olhar de interrogação, como se já soubesse o que lhe seria perguntado, adiantou-se.
–Não, David! – Bill explicou-se – Eu não disse sobre as ameaças, apenas disse o que me orientou sobre fãs e sobre noticias indesejadas sobre a banda.
Vendo que o manager o olhava calado e com o semblante sério e preocupado, perguntou:
–O que houve?
–Não sei como, mas ela sabe que vamos para Suíça! – David estendeu a mão e entregou a carta, a nova ameaça para Bill.
Bill não acreditava naquilo que acabara de ouvir. Como aquela louca tinha conseguido aquela informação? Como ela sabia que a banda seguiria para uma sessão de fotos e entrevistas na Suíça?
– Kate virá conosco na viagem! – Bill apenas conseguiu dizer a David.
– Tomara que saiba o que esteja fazendo, Bill!
David sorriu sem muito esforço passando pelo vocalista deixando-o sozinho na cozinha, que após minutos perdido em seus pensamentos, pegou um copo com café e bebeu um gole do líquido alertando para si mesmo em voz alta:
 Essas cartas estúpidas não passam de uma brincadeira sem graça!
Bill fez uma longa pausa, tentou sorrir, não conseguiu, sentiu que o assunto não era motivo para tal, por que a pergunta de seu subconsciente lhe fez, não foi nada animadora.
“Se é apenas uma brincadeira sem graça por que isso lhe tira o sono e não lhe permite viver esse amor da forma que você esperou sua vida inteira?”
Num silêncio desconfortável e sem resposta, deixou a cozinha em passos largos e seguiu para dentro do carro que lhe levaria para Suíça, sentou no bando traseiro e deitou o corpo para descansar fechando os olhos tentando não pensar nas cartas anônimas, Por um momento, a força da­queles sentimentos o amedrontou, porém resolveu es­pantá-los balançando a cabeça.
Abriu os olhos e depois de uma fração de segundos, uma imagem doce e reconfortante, veio a sua mente, recordou-se dos olhos timidos, quando ele a viu no primeiro dia, na casa de David, recusou-se a cair no equívoco de acreditar que errara ao convidá-la para se juntar a ele na Suíça.
Visualizando-a em sua mente e o cora­ção não sossegava, aflito e acelerado, mal conseguia conter-se, colocando o fone de ouvidos, fechou os olhos novamente, permitindo-se assim manter em sua mente o que lhe fazia realmente feliz, pelo menos naquele momento,Kate!
.......
Cinco meses depois...
Eu preciso ir! – disse baixo beijando meu ombro e depois levantando a cabeça me olhando novamente.
–Sim, eu sei. – o disse também em voz baixa.
Havia momentos e este era um deles, que apesar de breves e raros, faziam eu me sentir muito especial.
Bill passou as costas da mão no meu rosto pálido, andou até a porta e saiu, fui até a ponta da escada e os vi sorrindo, cada um com sua mala nas costas. Quando me viram, Tom, Georg, Gustav disseram em um uníssono:
–Tchau, Kate!
Sorri e respondi:
–Tchau meninos!
Bill olhou para cima e piscou com os dois olhos para mim, repeti o gesto e o vi partindo.
Fiquei por alguns segundos na beirada da escada segurando o corrimão, olhando para porta. No dia seguinte, eles teriam uma entrevista em um programa de talk-show, com certeza não conseguiria vê-lo.
Não conseguiria vê-lo... Essa frase por mais que doía e fazia parte do meu cotidiano, eu nunca conseguia me adaptar a ela, por mais ciente que eu estava não era fácil, eu sei que sou a namorada de Bill e que eu deveria me orgulhar, ser feliz e sorrir.
Mas...
Orgulhar-me sempre. Feliz, talvez, agora sorrir...Nem sempre!

Postado por: Alessandra

2 comentários:

  1. Otima fanfic, to adorando aqui *--* Continua Continua \oo

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    1. Ficamos felizes que tenha gostado, e pode apostar que em breve voltaremos com novas fanfics! Volte sempre!

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