segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 2 - Início... O Fim da espera!


Eu tinha dezoito anos, morava sozinha em um bom apartamento na Alemanha. Não por escolha, mas por que havia perdido meus pais em um acidente de carro quando tinha apenas dezesseis anos ficando então sob a guarda de uma tia de segundo grau chamada Abby.
Ela tinha cinqüenta anos e não era o que pudéssemos chamar de recatada. Tia Abby era dona de um senso de humor revigorante, e muitas vezes me fez duvidar de sua idade, fazendo-me parecer uma idosa perto da mesma.
Sendo assim quando decidi comunicar a ela sobre minha escolha de morar sozinha quando completei meus dezoitos anos, ela aceitou e apoiou de imediato a minha decisão, dizendo-me que só assim poderia realmente crescer e ter a experiência única de poder andar com minhas próprias pernas, sem que precisasse depender de alguém.
E foi assim que parti em busca de minha liberdade, procurando não ostentar em nada. Encontrei um apartamento pequeno no centro de Hamburgo, nada que saísse dos planos de não mexer na herança que meus pais me deixaram. Como filha única, herdei todos os bens, uma fortuna que poderia sustentar várias gerações, mas para mim ela não importava tanto assim.
Continuei ajudando as mesmas instituições que meu pai adotou antes do acidente, creio que ele iria preferir assim e eu também. A empresa da família continuava sobre o comando dos sócios majoritários e também pelo melhor amigo de meu pai, que assumiu a presidência e todas as suas responsabilidades.
E foi por ele, Andrew, melhor amigo de meu pai que eu conheci David Jost em uma festa no qual a empresa patrocinara algo ligado a música. Havia crianças por toda parte naquele dia, estavam felizes e agradecidas com o investimento da empresa, no qual claro elas seriam as mais privilegiadas.
David foi extremamente simpático ao aceitar posar para fotos ao meu lado na inauguração do centro musical, e no fim da recepção quando todos já estavam deixando o local pudemos conversar um pouco mais. Ele como todos que estavam lá lamentaram a morte de minha família, mas notando que este não era um bom assunto, David logo sorriu amigavelmente para mim, como se estivesse arquitetando um plano em sua mente, um plano no qual eu fizesse parte.
E certamente o fiz.
David me apresentou a Bill em um jantar oferecido em sua casa, no qual apenas Andrew e eu fomos convidados representando a empresa. Um jantar casual, em que pude sentir pela primeira vez em muito tempo completamente confortável com a presença de todos.
E foi naquela noite distante dos olhares de todos que eu me dei conta de que meu coração sempre pertenceu a ele, mesmo sem nunca tê-lo conhecido.
E quando ele pegou em minha mão antes de ir embora, aquela noite, eu pude ter certeza de que meus sentimentos eram correspondidos. Lembro-me de sentir nossos dedos se encaixarem perfeitamente, nossas mãos em uma sintonia única, como se estivessem desde sempre a procura uma da outra.
Não nos olhamos mais àquela noite, por medo ou receio, eu não saberia dizer. Mas aquele toque... Aquele único toque bastou para que toda minha noite se resumisse a ele.
E em uma noite sem sono, perdi as contas de quantas vezes repeti seu nome em meio a risos e esperanças.
Eu estava apaixonada, mas não sabia o que esperar...
Dias se passaram e com eles minhas esperanças iam se esvaindo aos poucos. Minha vida tinha voltado a ser o que era antes daquele jantar. Dividia meu tempo entre procurar um emprego em Hamburgo e acompanhar Andrew em festas para a caridade.
Minha tia vinha quase sempre me visitar e assim passávamos longas tardes em conversas animadas enquanto ela me contava sobre suas amigas e os eventos nos quais nunca faltava.
Ela era a única com quem podia conversar sobre tudo, mesmo antes da morte de meus pais. Havia algo em tia Abby que eu não conseguia explicar, ela não precisava me ouvir para saber o que estava passando comigo, bastava apenas me observar...
– Está silenciosa hoje. – sorriu enquanto servia-me mais uma xícara de chá. – Mais do que de costume!
– Só estou cansada. – respirei levemente. –Cansada de esperar.
– É muito jovem para isso querida. – segurou minha mão entre as suas e me olhou brevemente – Há coisas nesta vida que não podemos esperar, o amor é uma delas. - Tia Abby sorriu para mim uma última vez antes de me deixar sozinha com meus pensamentos outra vez.
Naquela noite eu não dormi nem por um segundo, decidi que iria procurá-lo no outro dia, eu estava disposta a saber se o que aconteceu aquela noite havia sido perceptível aos seus olhos também. Queria saber como se sentia em relação a mim.
Mas quando o dia amanheceu não precisei ir muito longe para ter em fim uma resposta. Havia duas mensagens em meu celular.
Era Andrew, ligando-me para avisar que havia dado meu número para David, mas que não sabia sobre qual assunto isso estava ligado.
E por fim David pedindo-me para que eu confirmasse meu novo endereço com ele, para que pudéssemos ter outra conversa sobre o centro musical, ele queria me encontrar pessoalmente naquela tarde e pedia que eu o respondesse com certa urgência assim que possível.
E claro eu assim o fiz, mesmo antes de levantar da cama, David já tinha meu endereço em mãos e nosso encontro estava marcado para a tarde e isso me deixou completamente animada, por que eu tinha outra vez a chance de ter Bill perto de mim, e naquele momento eu tinha certeza de que David não me negaria isso.
Quando enfim o horário de nosso encontro chegou, eu não pensava em outra coisa a não ser em como faria para que David me levasse até Bill, ou para que me desse o número de seu telefone. Eu estava completamente nervosa, como jamais estive.
O interfone tocou, e então David perguntou se eu poderia descer para encontrá-lo, pois não poderia subir ao meu prédio. Respondi que sim e logo que desci me pediu para que entrasse em seu carro.
– Não se preocupe, sei que estou parecendo estranho, mas terá de me acompanhar até o centro. – Disse ligando o carro.
– Tudo bem. – respondi nervosa.
– Andrew não lhe contou? – começou a falar novamente.
Eu acenei positivamente com a cabeça, tentando parecer menos nervosa e principalmente mantendo minhas expectativas apenas para mim, já que não fazia idéia do que David estava falando.
David ficou calado o resto do caminho, apenas ria algumas vezes enquanto me olhava.
Eu não me lembrava perfeitamente do caminho que nos levaria ao centro, mas eu sabia que não era aquele e só tive certeza, quando paramos enfrente a sua casa.
– Sei que não estamos no centro, mas, por favor, não fique assustada, eu não consegui pensar em outra maneira de convencê-la a vir aqui se não fosse assim. – diz preocupado.
– Estamos em sua casa? – o olhei. – Por que me trouxe aqui?
– Há alguém. – riu enquanto coçou a cabeça sem graça. -Alguém que quer muito ver você.
Eu pensei em questionar, mas temi ser precipitada.
Ele caminhou para dentro de casa, deixando-me em seu jardim, pelo qual caminho calmamente tentando não criar expectativas, mesmo quando meu coração deu sinais de uma certeza jamais sentida.
Toquei as flores, senti seus cheiros e aromas, elas me acalmaram, olhei ao longo do jardim e vi alguém, um homem, um menino, ele estava de costas, parecia ter algo em suas mãos...
Caminhei para perto dele, e o vi segurando uma rosa... Uma rosa em tons laranja e amarelo, a minha favorita.
Ele virou para frente e então eu o encarei, na verdade nos encaramos.
– Você está aqui. – disse e eu continuei o olhando, ele sorriu.
Estava sem maquiagem, muito diferente daquele que conheci, mas de alguma forma eu prefiro assim.
– Queria que você me visse como sou. – se aproximou e eu me afastei instintivamente. – Isso... Isso é pra você. - aproximou à rosa de minhas mãos e eu a abri para recebê-la.
Olhei para ela durante um longo minuto, procurando palavras que não encontrei, ele continuou sorrindo embora parecesse nervoso. Levantei minha cabeça e o encarei sorrindo de volta.
– Eu esperei por isso durante dias... – Digo finalmente com a voz embargada.
– Eu esperei por isso toda a minha vida. – E ele responde, me fazendo sorrir .
E então diminuímos o espaço que restava entre nós, abraçando-nos enfim. Quebrando aquilo que teimou em nos separar até aquele momento... A espera.

Postado por: Alessandra

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